Friday, March 30, 2007

 

Jonas Salk

Apesar do que tenta passar a TVI os nerds já não são bem o que eram. Ou, por outra, são exactamente a mesma coisa, mas agora sabem promover a sua imagem. Já não vão só a festivais de cinema de ficção científica, vêem a bola com propriedade, chegam a fazer desporto, frequentam bares da moda, tocam em bandas. Isto é tudo muito evidente mas o nerd, o verdadeiro geek de outros tempos, já é demasiado raro. Um pouco como hippies ou rockabillies. Nada há de triste nisto, sobretudo no caso do desaparecimento dos rockabillies, mas é um fenómeno que merece ser acompanhado.

O aprimoramento da imagem do totó, no entanto, não é coisa de agora. Houve pioneiros com anos de avanço, que no caso português foram sessenta. Os músicos de jazz são os nerds da música. Cada vez que tocam não estão a fazer um conjunto, estão a competir, a entalar-se e sobretudo a provar que são muito mais rebuscados que o tipo que vai tocar a seguir. Desprezam violentamente a música do resto do mundo. São totós da mais fina estirpe. Imaginem o Hot Clube nos anos 40. Ainda sem concertos e com uma dúzia de sócios, a beber um copo na cave e a ouvir discos. Era o jazz a nascer em Lisboa, e é bonito. Mas que faz esta gente, dado que não estão a tocar? Inventam o mais exibicionista dos quizzes e chamam-lhe blindfold test. Adivinhar cada um dos músicos de um tema e o ano de gravação. Existe mesmo a lenda que havia quem adivinhasse o estúdio pelo som do piano. Os músicos de jazz são isto. Nerds tão disfarçados que inventaram o cool.

A grande artimanha foi dar a entender que existe uma utilidade para centenas de escalas e milhares de músicas na cabeça. A jam session é o expoente maior da totozice desta malta. Tenham alguma paciência e espreitem aqui toda a verdade sobre as jams. Ou pelo menos o ponto 2.The Musicians*. Depois tentem uma terça-feira no Hot Clube e só me poderão dar razão.

Estou pronto a combater o rótulo de inutilidade do nosso conhecimento de quiz. Servirá, para já, para provar que somos melhores uns que os outros e fazê-los morder o pó da derrota, e servirá para impressionar miúdas mais desprevenidas (para ganhar concursos de televisão não serve, aparentemente). Mas pretendo ser mais ambicioso e inventar-lhe (ao conhecimento inútil) uma utilidade ainda mais inútil que ele próprio. Tal qual o jazz.

* Como facilmente comprovam, a descrição do baixista não tem nenhuma ligação a pessoas que são baixistas.

Sérgio Gouveia

 

Agenda

Em Frielas, já esta noite, há Quiz de Cascata, versão convívio - Joaquim "Coelho Osvaldo" é o anfitrião, Marta Mendes faz as perguntas. No ambiente bucólico e descontraído do Páteo Saloio. Ainda há lugares.

Em Santos, às segundas, Zé Pedro no Espaço Ágora e às quartas, o Papa na Barraca. Quizzes de Pub, a porta de entrada para o maravilhoso mundo do conhecimento inútil.

Neste blog, e para lá de uma equipa de colunistas que tem superado as melhores expectativas, anda isto pelas rotativas: VídeoQuiz - A batota; Vítor Magueijo, o reforço mineiro, fala da boa época da sua equipa; os Golfinhos, quem são eles?; crise de liderança nos Zbroing - Gonçalo explica, em entrevista, a polémica interna; Humberto Silva faz uma análise da organização dos Fósseis e das perspectivas futuras do colectivo paleocêntrico; Nuno de Oliveira apresenta os Biondi; os concursos televisivos em Portugal; Jorge clarifica as oscilações de forma dos BMV; a Ajuda, freguesia do Quiz - parte III; os quiz-shows na tv; Carlos Santos e a crise de resultados dos NNAPED; a apresentação do Prémio do Blog QdC para a Melhor Organização; e, last but not least, durante este fim de semana tem início a sétima edição do concurso do blog (o mecenas é, comme d'habitude, o Filipe Bravo, e desta vez contamos com a ajuda do Frederico Bastos para o elaborar). Um refresh por hora é capaz de não ser muito.

Labels: , ,


Wednesday, March 28, 2007

 

Hoje, na TV...

...o Sérgio Gouveia dos Zbroing 747 tenta a sorte no Um Contra Todos. E outros distintos Quizzers (dos Mineteiros e dos Cavaleiros, pelo menos), aparecerão em breve no pequeno ecrã. Já sabemos o destino da todos eles (este blog sabe tudo), mas, para já, não o revelaremos. Fiquem para ver se alguém segue as pisadas do Filipe Bravo, que limpou aquilo. Se calhar, poderá mesmo estar para nascer um novo Zé Pedro Borges. Um assunto que voltará a merecer a atenção deste blog.

Labels: ,


 

A inutilidade de saber umas coisas

A abertura deste médium ao opinanço tem menos de uma semana, mas já torna complicada a escolha de um tema: podia reivindicar a minha autoridade científica e as passadas trocas de argumentos pró e contra pós-modernismo para içar a discussão sobre o lugar da ciência aos escaparates quizísticos. E hei-de fazê-lo, hei-de fazê-lo. Mas, conforme a foto abaixo demonstra, estou em recuperação do meu infeliz contacto com o remate fulminante de um rapaz de cento e muitos quilos rotundos, e o única dissertação que me ocorre centra-se na maravilha de engenharia que é um joelho, e no mau jeito que dá não poder usar os dois.

Fugindo isto à cultura generalista, sinto-me sem assunto (o que é raro). Ora isto é, por si só, um tema passível de opinião: a supremacia das questões ambientais e corporais sobre - bem, sobre tudo o resto. É apenas óbvio que a minha putativa cultura geral não me serviu de nada quando o meu joelho decidiu migrar para uns centímetros ao lado: por mais que leia ou aprenda, o meu joelho continua estúpido e casmurro, incapaz de argumentar com os tendões qual a posição mais vantajosa para ambos. O mesmo se aplica a qualquer outra parte do corpo, com ou sem piadas boçais de soslaio. Somos, portanto, forçados a admitir que a grande parte do que nos constitui é irremediavelmente estúpida. E, no entanto, funciona bem durante grande parte da nossa vida, sem questões existenciais sobre os porquês da locomoção, digestão, circulação e demais funções.

O tema é claro: de que nos serve saber? No mesmo artigo do Hugo, este apontava o fim inexorável do Homo Universalis, recipiente de todo o conhecimento da sua era (ou, vá, da sua civilização contemporânea). Mas, opino eu, esta não é uma crítica, apenas uma constatação - e, pior, nostálgica. Pior para nós, que temos como meio de cultura esta panóplia de factos desnecessários. Porque não só é impossível abarcar todo o espectro da cultura actual (fractal, portantos, mas isso era outra crónica), como não é necessário. A humanidade adaptou-se à exponenciação do conhecimento, optando pela especialização; e se, no século quinze, esta distinção separava os artesãos dos sábios, hoje separa os profissionais dos sabichões. A degradação social da coisa é óbvia.

Qual é, então, a vantagem reprodutiva de ser culto, além do mero acompanhamento das parangonas jornalísticas e literatura urbana? Suponho que a resposta típica resida na capacidade de observar melhor o mundo, de reduzir a sua complexidade a categorias abarcáveis, de tomar decisões direccionadas para o fundamental, etc. Mas não será antes o contrário? Não se encontrarão quase tantas justiças como injustiças, vantagens como desvantagens, que qualquer escolha ou ponto de vista fundamentado se torna impossível, e nos devamos contentar com uma bolha social que nos acolha e subtraia ao choque da big picture? Especialmente quando esta nos tem apenas como motivo secundário, alvo de curiosidade estatística, mera cauda da distribuição normal?

Stricto sensu, isto não é uma opinião, mas uma pergunta: serei eu apenas um pessimista, atribuindo à inutilidade da cultura simples desregulações químicas do hipotálamo? Ou, mesmo se numa perspectiva mais ligeira, não teremos todos a consciência de que apostámos no cavalo errado, e que estamos apenas a tentar recuperar, numa escala social muito reduzida, as benesses que são destinadas aos jogadores de futebol, estrelas televisivas e políticos de pacotilha? E, mais directamente: é o quiz apenas um desporto como os demais, escolhido de acordo com os talentos naturais ou adquiridos? Ou terá também a função de "Sabichões Anónimos", embora recusando uma qualquer terapia de doze passos que nos livrem de tanta bagagem sem utilidade?

Eu sei que exagero: citando essa grande autoridade da cultura nacional, todos temos uma vida lá fora, porventura melhor ou pior, mas que foge ao arquétipo do intelectual foragido na barba e cachimbo. Mas, correndo o risco de tentar abarcar o tal "grande quadro", podemos encontrar no existencialismo uma aceitação desta inutilidade do saber - e, no pós-modernismo, estruturalismo e positivismo, uma tentativa de fugir à escolha, desvalorizando os juízos em detrimento dos juízes, da construção frásica ou das analogias inter-culturais. O discurso político moderno assenta na radicalização ou ultra-relativização, revelando uma opção cega ou uma incapacidade de escolha. "Ignorance is bliss" - não será melhor ser estúpido?

Moral da história: dói-me o joelho comó catano!

Labels: , ,


Tuesday, March 27, 2007

 

Boletim Clínico: Jorge Páramos lesionado, Mamedes destacam Alex para a organização

O mamedino Jorge Páramos, organizador da próxima jornada do Campeonato de QdC, entrou na lista de lesões. Segundo a equipa médica dos Mamedes, o prazo de recuperação permitirá a presença do jogador no regresso à competição (da que conta para os pontos), aprazado para o mês de Maio. Em causa poderá estar a organização da jornada de Abril, que os Mamedes haviam delegado, desta vez, no Jorge. Ao que apurou este blog, foi de imediato decidido, para precaver qualquer atraso na recuperação, que Alexandre Gonçalves, inicialmente convocado para alinhar na partida a feijões, será destacado para colaborar com o Jorge na feitura das perguntas. Os Mamedes alinharão assim desfalcados de dois dos seus principais craques no próximo jogo. Segundo índicios recolhidos pelas nossas equipas de reportagem, a lesão foi contraída numa actividade extra-quiz, o que terá deixado desagradados os alto comandos mamedinos. No entanto, não é previsível que venham a recair sanções disciplinares sobre o jogador, visto ser o primeiro incidente deste tipo. Um especialista contactado pelo blog QdC afirmou que «não quero comentar este caso em particular, por que não o conheço, mas poderá ter existido alguma negligência por parte do Jorge. Quem joga quiz para ganhar, não se pode entregar aos delírios dos comuns plebeus - para mais quando falamos de actividades físicas próprias de primatas, como correr e saltar. Esse tipo de desportos, pretextos para exibicionismos de irracionalidade colectiva, é uma forma extrema de imbecilidade, que potencia a vocação tribal, o machismo, a dissolução do eu no amorfo gregário. Um jogo de requintado prazer intelectual, como o Quiz, não é compatível com a redução autista a débil mental de miolos e testículos achatados, pela prática de defender ou marcar golos de empreitada. No Quiz, para lá do risco ser menor, há sempre a segurança adicional de estarem lá por perto os N.N.A.P.E.D.. É sempre possível que se apanhe uma pneunomia, porque está sempre a chover e faz um frio siberiano, ou que se entupam umas artérias, por causa do preço do whisky e das bifanas, mas nada que impeça uma vida civilizada. Quanto muito, um AVC, que é chato para a vida, mas é um inconveniente próprio dos países de 1º mundo, logo civilizado tout court ». Contactado por este blog, Jorge Páramos recusou alarmismos e assegurou que estará presente no próximo jogo, como organizador, prometendo que o empenho total na recuperação lhe permitirá surpreender o auditório com algumas perguntas sobre anatomia e fisioterapia. Recordamos que Jorge Páramos é um dos novos colunistas deste blog, sendo a sua estreia daqui por umas horas.

Labels: , , , ,


 

Quiz ao Jantar - Frielas, noite 5

Sexta-feira é o dia em que não há peixe fresco? O dia em que não há pão? O dia em que não há bolos? Não sabemos. Seguros estamos de uma coisa: é noite de Quiz. Joaquim "Coelho Osvaldo" é, uma vez mais, o anfitrião, no excelente Páteo Saloio em Frielas; as perguntas estão desta vez a cargo de Marta Mendes, a líder das Santas Noites, em parceria com o exilado Zé Vicente - um par cujos jogos nos bares deixaram saudades. Antes da jogatana, sossegam-se os sentidos com a excelente grelhada mista da casa. A não perder, já na próxima sexta.

Sexta-feira, dia 30, 21:30
Restaurante Páteo Saloio
Grelhada Mista
Preço: 15,00 € c/ tudo íncluido

Confirmações para o email
antonio.pascoalinho@clix.pt ou com o Quim Coelho Osvaldo até quinta-feira ou na caixa de comentários deste post. PRÉMIOS SURPRESA!

Labels: ,


Monday, March 26, 2007

 

teoria geral do quiz - os especialistas

Consta que sei tudo sobre banda desenhada.
Leiam a crónica do último jogo, que está lá o insulto. Um insulto mais ou menos subendentido de ser um especialista.
Tudo menos isso, por amor de Deus. Gosto de não saber de tudo um pouco, ou pouco mais ou menos quase nada. Ou, vendo pelo outro lado, de saber alguma coisinha de conhecimento inútil pescado em muitos mares.
Um generalista, portanto. (OK... admito que gosto mesmo muito de banda desenhada, mas tenho aí lacunas graves. Ainda estou na fase de tentar perceber bem o que é o manwha, a bd coreana).
Este abrenúncio ao especialista e encómio rasgado ao generalista serve, também como dica para quem quiser ter uma boa equipa na Cascata.
Nada de especialistas (tipo "o gajo que sabe tudo da bola", o "cinéfilo", o "viajante"). Mas sim cinco eficientes generalistas, que não tenham grandes pontos fracos, nem fortes.
Ou seja, nem um tigre-de-dentes de sabre, mas cinco ratos almiscarados, que esses sim é que vão ganhar a aposta da evolução.
Por exemplo, quereriam este gajo na equipa?
Literatura: zero.
Filosofia: zero.
Astromia: zero.
Política: escassos.
Botânica: variáveis. Conhece a fundo a beladona, o ópio e os venenos em geral. Nada sobre jardinagem e horticultura.
Geologia: práticos, mas limitados (...)
Química: profundos.
Anatomia: Exactos, mas pouco sistemáticos.
Literatura sensacional: imensos (...).
(...)
É habilíssimo em boxe, esgrima e bastão, tem um bom conhecimento prático das leis (...).


Já agora, quem é ele, quem é?

Sunday, March 25, 2007

 

Quiz do Ágora começa amanhã

Como já tínhamos anunciado neste blog, é mesmo desta: a partir de amanhã, segunda-feira, o Espaço Ágora (Santos, ao lado do Tromba Rija), dedicará, semanalmente, uma noite aos quizzes. O organizador é o telegénico José Pedro Reis Borges, decano dos jogos do conhecimento inútil. Falamos com o Zé Pedro, que promete noites plenas de emoção e competitividade, para este pub quiz recomendado pelo blog do QdC. Coisas práticas: início 22:30 (e promete-se que estarão os pontos divulgados a uma hora civilizada), 40 perguntas, temáticos mensais, jackpots semanais, equipas de 5. A Santos então, agora também às segundas.

Zé Pedro, depois de algumas hesitações, parece que desta é que o Quiz do Ágora arranca.
É verdade! Vai arrancar o Quiz do Ágora, após tomada de posse da nova direcção da AAL. Às enciclopédias! As noites de Santos vão duplicar de interesse e os bares não vão chegar para tanto quizista. Vou tentar cumprir os horários anunciados, tanto mais que o Bar tem um horário a cumprir.

Que modelo seguirás na elaboração dos teus jogos?
Os testes seguirão o modelo habitual de variedade temática e diversos graus de dificuldade; como já tinha sido anunciado, vou adoptar a ideia do Miguel, com um "jackpot" que incidirá sobre três perguntas de especial dificuldade. Do saudoso Bar, plagio os temáticos, um por mês, tanto mais que vou actuar num espaço estudantil, frequentado por especialistas em diversas áreas.

E de prémios?
Prémios? Serão os habituais, em consumo, mais todos aqueles que habitualmente consigo recolher, nomeadamente nos temáticos. Se aparecerem patrocínios especiais, serão bem-vindos e os concorrentes agradecem. Outros motivos de atracção são os preços das jolas e das tostas, o espaço para estacionamento, a máquina do maldito tabaco e as salas de estudo onde podem continuar a noite os que quiserem consultar as mais vastas bases de dados, com net á borla.

Leitura complementar: blog do Quiz do Ágora, notícia, entrevista Zé Pedro (1)

Labels: , ,


Friday, March 23, 2007

 

Cultura geral é in, incultura geral é um must

Na minha óptica (que não me dá descontos como a do Artur Agostinho), o mundo divide-se em três tipos de pessoas: os que sabem e os que não sabem. “Então e o terceiro?”, perguntarão as duas pessoas que ainda não desistiram de ler esta verborreia para irem ver os Morangos com Açucar.
Calma meus caros, é exactamente sobre esta terceira via que vou dissertar. A dita cuja descende directamente de um gajo que antes de se entreter a fazer jogging pelo mundo inteiro dando nos seus tempos livres uma de líder da 5a Dimensão a que se convencionou chamar Portugal, já tinha sido internacional pelo escrete canarinho e, em tempos mais antigos, célebre pensador desse Frágil da Antiguidade a que se convencionou chamar Grécia.
De facto, esse Sócrates sabia muito bem o que dizia quando disse “Só sei que nada sei”, uma tirada que ficou para os anais da história, ao passo que outro dos seus bitaites “Rapazinho, queres vir comigo ali para trás do Gymnasium?” ficou-se apenas pela região homónima de algum incauto jovem helénico.
A dica mestra para qualquer artista com aspirações no quiz é essa mesmo: agir como se não se soubesse nada, mas pensar que se sabe tudo, pois ninguém gosta de sabichões, tirando se o mesmo estiver no espelho à nossa frente. Por isso, jogar pelo seguro é algo como ter um despenteado cool, ou seja, ter muito trabalho para parecer que não se teve trabalho nenhum.
Tendo este raciocínio em mente, por exemplo é bom saber quem foi o jogador do União de Tomar que em 78 lascou um dente ao cabecear uma garrafa de VAT69 atirada das bancadas ou saber como se chamava o ferreiro que afiou a espada do Dom Pedro, antes de ele liquidar os tipos que lhe lixaram o arranjinho com a Inês, desde que a coisa pareça sempre uma casualidade, um fait divers que calhou a passar pelo vosso caminho.
Acima de tudo, não caiam do erro de parecer que realmente se importam com aquilo que de mais estranho sabem. É pretensioso, não abona em favor do desportivismo e, nos casos mais graves, pode levar a uma vida inteira de abstinência sexual.
“Making deception reality” é algo que não funciona apenas nos meandros publicitários, no quiz pode salvar muitas vidas. E se, no final de contas, não souberem realmente nada, nada temam, façam o mesmo que este célebre Major, quase ao nível do Valentim. Tentem é dar um twist à história, não sejam apanhados.

 

Parecer n.º 3/2007

Data: 23 de Março de 2007

Do Pedido

Deu entrada em 23 de Março de 2007 um pedido de parecer por parte da equipa Cavaleiros do Apocalipse solicitando parecer do Leal Conselheiro, sobre a seguinte questão:
Considerando que:

- o critério de desempate para as classificações gerais, quer provisórias, quer a final, será o número total de pontos, seguidos de mais pontos nos diferentes nível começando pelo grau de dificuldade mais elevado, ficando como critérios subsidiários o total de pontos na parte escrita e só em último recurso as melhores classificações nos termos em que o eram estabelecidos pelo anterior regulamento;
- o parecer acima referido apenas foi emitido após a realização de duas jornadas;
- de acordo com os regulamentos, as equipas que organizam os jogos não pontuam;
- não sabiam as equipas que organizaram os dois primeiros jogos que o número de pontos recolhidos nessas jornadas viesse a influenciar, de alguma forma, a classificação final;

Sustenta a referida equipa que se a interpretação do Parecer n.º 2/2007 for no sentido de os pontos de todos os jogos contarem para o desempate, sem excepções, ficará ferido o princípio da equidade, bem como o espírito da norma regulamentar que inibe a equipa responsável pela organização de pontuar nesse jogos. Gostaríamos então de saber se na ordenação da classificação geral, e em caso de empate pontual, devem ser contabilizados os pontos que as equipas fizeram nos jogos que organizaram.


Da Decisão

A questão colocada pela equipa deriva exclusivamente de uma falta de clareza do parecer n.º 2/2007, pelo que apenas por uma questão metódica se lavra um parecer, não um mero aditamento ao parecer anterior.

Em tal parecer foi estabelecido que os critérios de desempate, com base naquilo que a Leal Chancelaria entendeu ser o seu entendimento do regulamento e do interesse da competição, seriam os seguintes:

- Pontuação no campeonato;
- Número total de pontos em todas as fases de todos os jogos;
- Número total de pontos em nível difícil;
- Número total de pontos em nível médio;
- Número total de pontos em nível fácil;
- Número total de pontos na parte escrita;
- Número de vitórias em jogos;
- Melhores classificações em todos os jogos;

Este parecer, elaborado com uma celeridade extremamente aceitável em relação à data do pedido apresentado, saiu de facto após a realização das duas primeiras jornadas.

Por esse facto e com respeito ao princípio da equidade, como os requerentes muito bem invocam, nunca as equipas que já organizaram jogos poderiam ser prejudicadas pelo facto de não terem ainda conhecimento deste entendimento da Leal Chancelaria. Poderia dar-se, de facto, o caso de no futuro as equipas organizadoras se esforçarem muito mais para amealhar pontos que dessem vantagem no possível desempate.

Pesadas, contudo, estas considerações parece que a questão nem oferece grande dúvidas, uma vez que nos parece que é um decorrência natural e evidente do regulamento que o impedimento se pontuar para o campeonato no jogo que se organiza se estende claramente aos outros pontos das diferentes fases do jogo. Assim sendo nunca os pontos obtidos no próprio jogo devem servir para beneficiar qualquer equipa.

Um excepção apenas a esta regra é o ponto de participação que tem uma natureza totalmente diferente, premiando a assiduidade e o convívio e não a competitividade.

Os pontos obtidos nos diferentes níveis e o número total de pontos constarão sempre contudo das classificações mensais de cada jogo, uma vez que traduzem o que efectivamente se passou em cada jornada.

Em face do exposto decido, com base na Justiça, na Equidade e no Regulamento que todos os pontos obtidos em todas as fases do jogo que a própria equipa organizou devem ser descontados da classificação geral, definitiva e provisória, não sendo jamais considerados nos diferente modos de eventuais desempates.

O Leal Conselheiro
Luís Tirapicos Nunes

Labels:


 

A cretinice habilidosa

Se há tema que prezo muito é o do general dumbing down dos concursos de quiz. Da televisão, sobretudo, embora ainda não se note tanto por cá. Os EUA (o Reino Unido também) são sempre o melhor exemplo das tendências de televisão. Se nos anos 50 os conteúdos de quizzes de TV andavam perto do impossível, estreiam agora concursos em que pessoas adultas tentam provar que são mais inteligentes do que crianças com dez anos ('quanto é 5 X 2', por exemplo). Sério. É televisão e é um reflexo que não vale a pena exagerar, é certo. Mas também é verdade que nunca se promoveu tanto a estupidez como agora (é muito cool ser idiota), o que não penso ser mais preocupante que divertido. E daqui para o fenómeno do trivia é um pulo. Quase todos os artigos do wikipedia sobre cultura popular têm uma entrada de trivia, a página de trivia de filmes do imdb é um dos primeiros cliques dos utilizadores, a quantidade de sites com listas inúteis de "factos" é inacreditável. E livros. Livros de curiosidades são agora mais populares do que nunca.

De certa maneira acho mal tudo isto. Por estes meios já eu andava há muito, e muito antes de se generalizar esta coisa do conhecimento de rama. Chega mesmo a haver quem ganhe dinheiro a explicar como dissertar sobre livros que nunca se leu. Outra prática muito cá de casa, mas não de agora.

Ser uma fraude bem vista em reuniões sociais é coisa para dar trabalho. Muito trabalho parasita junto dos amigos, dos que gostam de cinema, dos que lêem livros, dos que ouvem a música nova e a velha, dos que (estes são para mim especialmente importantes) não se calam com a História da Arte, etc. Há algum mérito nesta actividade, ainda assim, e a memória é o primeiro deles. Não para recordar todos os factos que se vai ouvindo, que isso fica sempre. Mas saber quem disse e quem ouviu determinada frase, e em que contexto, é fundamental, de modo a poder reproduzi-la na íntegra mais tarde, eventualmente ficar com os louros e ninguém poder associá-la ao seu autor original. É uma corda bamba social por cima de um fosso profundo chamado vergonha de que nunca mais se sai. Mas por outro lado, só é necessário atravessá-la uma vez. A partir de uma grande tirada, de preferência relacionando o Iluminismo escocês com Woody Allen e aproveitar e passar deste para Sidney Bechet, qualquer conversa flui sem necessidade de mais intervenções (convém um mínimo de três pessoas). Atira-se mais uma ou outra atoarda quando o assunto virar para o futebol e vai-se aproveitando as imperiais.

Sem amigos a coisa é mais complicada, mas ainda possível. Sugiro Borges. Primeiro porque se começa por dizer que se leu Borges, um valor na reunião social que vale por si. Segundo, porque é melhor que o melhor conjunto de amigos, e num instante se vai da metáfora na poesia islandesa à análise de paradoxos matemáticos, de histórias de piratas a todos os autores clássicos a fundo. É impagável todo este legado, mas pouco prático dada a quantidade de texto. Por mim, fico-me pelos amigos.

Posto isto, as sessões de pub quiz e do quiz de cascata são potencialmente perigosas. Integrado num grupo, o risco de ser desmascarado dilui-se um pouco, mas é um cutelo sempre presente acima da minha cabeça. Felizmente vão ficando de fora perguntas de jazz, por exemplo (o Pascoalinho ainda me assustou quando se meteu com o BB King, mas ficámo-nos por ali, e ainda bem). O pesadelo de imaginar a minha equipa a olhar para mim confiante vai-me assaltando aqui e ali, e pretendo mantê-lo no estado de sonho até, pelo menos, ao fim do campeonato.

Sérgio Gouveia

p.s. tentarei não voltar a posts tão longos, mas o tema é-me querido.

Thursday, March 22, 2007

 

Outros Quizzes: o Ágora e a regulação governamental do Quiz

Novos Quizzes: Ágora começa segunda-feira

Agora é que é Ágora. Como anunciou este blog há quatro meses atrás (ver aqui), a zona de Santos acolherá um novo quiz semanal. Entretanto vítima de alguns adiamentos, o início do Quiz do Ágora está definitivamente marcado para a próxima segunda-feira, dia 26. O promotor é o bem conhecido Fóssil que dá pelo nome de Zé Pedro. No que lhe toca, ao vastíssimo conhecimento do mundo da sabedoria inútil, adicionamos, sabendo-o por experiência própria, a competência para organizar jogos interessantes e divertidos. Sendo o espaço, que também conhecemos, um sítio que, a priori, parece muito apropriado a terreno de jogo, estão reunidos os ingredientes para que a zona de Santos seja semanalmente brindada com, não uma, mas duas grandes jornadas quizzisticas. As segundas à noite voltam, então, a ser de competição. Podem ler uma entrevista ao Zé Pedro sobre o assunto aqui, mas este blog tentará publicar uma nova entrevista até segunda-feira.

Entretanto, apurou este blog que as obras no MagicCyber Bar, à Avenida de Roma, prosseguem em bom ritmo, e que em breve, provavelmente já durante o próximo mês, poderá começar-se a' praticar a modalidade de Quiz nesse local (actualmente um dos melhores salões de snooker de Lisboa, a merecer visita). Antes do início, publicaremos uma peça sobre o local onde o Papa Júlio terá a sua segunda residência pontificie (mantém-se as quartas na Barraca, onde ontem os BMV reforçados com um Cavaleiro golearam a concorrência). A inauguração dos jogos do MagicCyber representará um marco histórico para o desenvolvimento desta modalidade em Portugal: será o primeiro terreno de jogo do país especialmente concebido para a prática de Quizzes. Depois de uma época recessiva, os pub-quizzes lisboeta demonstram estar em crescimento exponencial.

Nós por cá, temos a Leal Chancelaria, senhores deputados...chega?

Noutro sintoma da crescente importância desta modalidade, em Westminster, os parlamentares da House of Commons, debruçam-se sobre o quiz . Esta notícia do Telegraph explica o que está em causa: um "Quiz impossível", da responsabilidade da ITV, divulgado num concurso telefónico. O desafio ao auditório era este "Add the pence listed: Two pounds, 25p, £1.47p and fifty pence", e a resposta poderia ser dada mediante um telefonema com o custo de £1. A solução é 506p, a explicação é esta, mas, num relance, não a percebi. Testemunhando perante uma comissão parlamentar, um responsável da ITV afirma que «The 506p question - I think we are in danger of losing our sense of humour». Sense of humour? Há quem ande a brincar com coisas sérias...

As coisas na pátria do Quiz prometem pois complicar-se para os organizadores desonestos: «It is the latest in a string of problems with premium rate phone polls and quizzes. The regulator Icstis is investigating six shows after complaints of irregularities and has warned that programme makers could face criminal charges if it unearths evidence of fraud», afiança o Telegraph. Mais: «The heads of ITV, Channel 4 and Five were quizzed by the Department of Culture, Media and Sport select committee yesterday about the row». Fica o alerta para os novos organizadores deste campeonato: o papá-estado estará atento, que nós já estamos na europa civilizada. Conhecendo-se as polémicas e casos que povoam a competição nacional, atento é sinónimo de activo. Julgavam que isto ia ficar por aqui? Eles concorrem, eles regulam.

Parafraseando Ronald Reagan: «Government's view of the Quiz could be summed up in a few short phrases: If it moves, tax it. If it keeps moving, regulate it. And if it stops moving, subsidize it». Mas, se calhar, a ordem é a inversa: nós já temos as Taças... Sejamos sérios: alguma vez poderiam esta modalidade e este campeonato, com todas as polémicas que os povoam, ficarem no domínio da auto-regulação e das instituições que lhes são próprias? Na, alguém tem de tomar conta de nós. Já o tínhamos dito. Um instituto para fazer as perguntas para os Quizzes, senhores governantes, é urgente! Em defesa do consumidor e tal, que não merecemos menos que os que comem carapaus com uma barbatana a menos.

Labels: , , , , , , ,


Wednesday, March 21, 2007

 

Cromos do Quiz (5)


Labels:


 

Novos Colunistas: Blog QdC em mudança (mas burkeana)

No post de abertura deste blog, o Luís Tirapicos Nunes escreveu que o principal objectivo era "… fornecer um informação muito completa sobre o torneio". Durante o último ano essa componente do blog foi-se solidificando, ao ponto desta casa se ter transformado numa ferramenta imprescindível a qualquer quizzer. Foi aqui que se deram as notícias decisivas para o desenrolar dos campeonatos, dos "casos" até às entrevistas aos organizadores, das alterações regulamentares à entrada de novas equipas, passando pelos pareceres do Leal Conselheiro e pelas tabelas de pontuação. Apresentamos factos inesperados, muitas vezes recebidos com cepticismo, algumas até desmentidos - e, no entanto, a realidade foi a melhor prova da credibilidade e fiabilidade da nossa informação. É assim nossa intenção manter, nesse capítulo, as fórmulas que se têm comprovado de sucesso.

Muitos se interrogarão: porquê a mudança no momento em que atingem as mais elevadas audiências de sempre? Afinal, durante a última semana, o número de visitas diárias oscilou entre um mínimo de 156 e um máximo (histórico) de 256 - valores muito superiores ao do número de participantes no campeonato. Pageviews, chegaram às 364. Como resposta, poderíamos utilizar um dos 30 chavões do arquitecto Saraiva sobre a matéria. Diremos simplesmente: a leitura deste blog será ainda mais apetecível. Aos nossos colunistas colocamos apenas uma condição: a matéria publicada deve ser de interesse para os quizzers - entendidos estritamente na perspectiva unidimensional da pessoa que joga quiz. No futuro, entrarão novos colunistas, desejavelmente de outras equipas.

Dois aspectos: - estes convidados não estão aqui em representação das suas equipas (ou, no caso dum deles, do patronato do momento). Este blog é independente de qualquer equipa, e assim se manterá. Foram escolhidos porque escrevem bem e têm opiniões e conhecimentos sobre o jogo. Poderiam ser outros (e serão), mas, para já, a escolha foi esta; - por princípio e doutrina, não simpatizamos com colectivismos anárquicos. Para evitar os primeiros, a direcção e redacção de informação deste blog mantêm-se inalteráveis. Os posts dos colunistas serão assinados e não vinculam o blog. Para contornar os segundos, os nossos colunistas escreverão em dias fixos à partida

Assim, a partir de sexta-feira, poderão ler os contributos de:

- Às segundas, Filipe Bravo e Jorge Azevedo Correia

- Às quartas, Jorge Páramos e Rogério Costa

- Às sextas, Sérgio Costa e Sérgio Gouveia

Não se atrapalharão com o teclado: quase todos escrevem em blogs pessoais (um até mereceu honras de rádio), há quem dê notícias à nação, há quem colabore com revistas. Disto, se quiserem, falarão eles; indisputável é a mestria do sexteto que reunimos. No futuro, seremos um espaço mais pluralista, no estilo e nos conteúdos, mas com a qualidade de sempre.

Labels: , , , , ,


 

Automatismos

Na última jornada, os Lagartixas voltaram aos pódios e assumem o terceiro lugar da tabela classificativa. Por coincidência ou talvez não, no jogo em que, ao fim de quase um ano, conseguiram voltar a apresentar o seu primeiro cinco. Os BMV, segundos classificados na jornada de Fevereiro, são vítimas de uma hecatombe e foram a equipa que menos pontos realizou na sexta-feira - precisamente quando jogaram desfalcados do Artur e do Jorge, reduzidos a 3 elementos da equipa base. Os Ursinho voltam aos pontos: exactamente no jogo em que conseguem, ainda que a tempo parcial, apresentar uma equipa com cinco elementos. Idem para os Laranja Mecânica. E os Santas Noites fazem a sua melhor prestação de sempre, após um jogo paupérrimo em Fevereiro, quando apresentam aquele que será o seu melhor cinco, sem convidados. Os NNAPED foram últimos em Janeiro, com uma equipa desfalcadíssima. Alinhando na última jornada com o cinco base, só não ficaram nos seis finalistas por uma unha negra. Os Fósseis, os Cavaleiros e os Laranja nunca ultrapassaram o nível fácil nos jogos que organizaram. Fizeram-o sempre nas outras ocasiões.

Resumo: a competitividade é maior que nunca. Não há espaço para a gestão do plantel. As lesões pagar-se-ão caro.

Labels: , ,


Tuesday, March 20, 2007

 

Do Inventário de Respostas Bizarras

Qual o primeiro nome de Mascagni, compositor da Cavalleria Rustica?
Ruggero Leoncavallo


O vencedor deste mês é o porta-voz dos Cavaleiros, Rogério Costa, pela revelação ao mundo da fascinante personagem de Ruggero Pietro Leoncavallo Mascagni, insigne compositor italiano, nascido em 1857 e morto em 1945. Ruggero Pietro, popularizado por obras como Cavalleria Rusticana e Pagliaci, cometeu a proeza de se ter desdobrado, entre os anos de 1863 e 1919 em duas personagens, ambas com grande visibilidade pública - um passo à frente de alguns árbitros nas ficções da comunicação social lisboeta. Numa manobra de fazer inveja aos teóricos do brand management do século XXI, Ruggero Pietro foi dois dos mais aclamados compositores de óperas do final do século XIX e princípios do XX, falhando, no entanto, o grande libretto de uma vida: o que seria inspirado na sua própria biografia. O comentador do QdC, o arménio Ruivo Eira Nehri, afirma que "é um achado revolucionário. A descoberta do Rogério não deixo apenas estupefactos os seus colegas de equipa, mas todo o mundo da musicologia." Descartada foi a influência do solipsismo onomástico do Rogério na proeza. O mecenas deste trabalho de investigação, o Famous Grouse, já se congratulou com os resultados.

Esta é dedicada ao meu amigo Jorge dos Ursinho. Qual o antigo nome do Centro Cultural Olga Cadaval em Sintra?
Prof. António de Oliveira Salazar


Menção honrosa para a traição ideológica de que foi vítima Jorge Azevedo Correia. Depois de, numa demonstração de coerência que agradaria ao velho botas, terem respondido "Carlos Manuel" durante dois anos a cerca de 1232 perguntas, acabaram por confirmar o aforístico receio do judeu nova iorquino: quando o Carlos Manuel lhes bateu à porta, eles não estavam em casa. A prova definitiva de que transgressões ao bom caminho pagam-se sempre caro, principalmente quando se tem um sentido de oportunidade capaz de recusar um Plano Marshall ou aceitar um contrato no Sion. Apurou este blog que, doravante, o colectivo dos Ursinho não pactuará com mais tergiversações ao rumo definido e que a pergunta "A terra orbitra em volta de que astro?" terá como resposta o nome de baptismo da Locomotiva do Barreiro.

Quais as dimensões de uma folha A3?
43 por 29,7.
Não, 42 por 29,7.


Ainda no quadro de honra, Sérgio Gouveia e Tiago Serras Rodrigues dos Zbroing, pela extraordinária assistência para a resposta correcta dos Cavaleiros do Apocalipse à pergunta das dimensões de uma página A3. Numa pergunta cuja cascata estava prestes a terminar, o excelente trabalho deste duo permitiu aos Cavaleiros a mais fácil e inesperada finalização de que há memória. Num curto espaço de tempo, conseguiram chegar à resposta correcta, dar a errada e, em jogada de fino recorte técnico, quando tudo parecia perdido, fazerem um passe ao milímetro (literalmente), restando aos Cavaleiros empurrarem a bola para a baliza. Uma maravilha de precisão e sincronização, só ao alcance de grandes executantes, que prova que não só do egoísmo se fazem os grandes momentos do quiz - como comprova este momento que apagará dos anais da história uma inesquecível entente entre Secretário e Acosta numa noite em Alvalade. Um serviço de rara beleza, resumiria o vate.

Foto: Ruggero Pietro, um mestre da ópera, do disfarce e da dupla-vida

Labels:


Monday, March 19, 2007

 

Crónica

Noite de Estreias. É o primeiro ponto a salientar da noite de Quiz do passado dia 16 de Março. Pela primeira vez não houve chuva, pela primeira vez a aparelhagem sonora funcionou em perfeitas condições, pela primeira vez um Quiz de Cascata começou a horas, pela primeira vez enfim... (e corrijam-me se estiver errado) não houve polémicas relevantes com perguntas erradas o que me faz enviar um forte saudação ao António Pascoalinho e ao Humberto Silva pelo bom trabalho com resultados à vista!

Destaque para o João Velhote dos Zbroing 747 a quem foi muito justamente entregue o prémio do VI Concurso deste Blogue por mim e pelo Hugo.

O Quiz começou, contudo, com o pé esquerdo. A parte escrita foi a mais difícil de todos os tempos. Quatro equipas tiveram apenas uma resposta certa e apenas uma passou dos 3 pontos. Todos temeram que aquele fosse um Quiz dos meus... Mas a dúvidas cedo se dissiparam. O Pascoalinho brindou-nos com um Quiz interessante se sem perguntas pretensiosas. Confesso que sou um fã confesso dos Quizzes dele e por isso suspeito nesta crónica. Há qualquer coisa de muito fresco e descontraído na forma como inventa aquelas tiradas de descobrir qual é a marca do reclame ou completar a letra da música.

Quanto às equipas, o campeão começa a fugir da concorrência, o que deverá tornar a próxima jornada ultra competitiva uma vez que os Mamedes estão impedidos de pontuar e desfalcados do capitão Jorge Páramos. Os Lagartixas também participaram na noite de estreias e vão pela primeira vez chegar a Abril gozando um magnífico segundo lugar nesta jornada. Um lugar para aproveitar enquanto dura ou será agora o erguer de uma potência adormecida? Nota muito positiva para os reis do defeso, que com excelentes reforços não só chegam pela primeira vez a uma final na sua história como arrancam logo um excelente quarto lugar. Falamos claro da Laranja Mecânica do saudoso Gerd Muller, agora feudo do Coelho Osvaldo e do Papa. Menção honrosa também para os primeiros 3 pontos dos Ursinho. Aliás, se não fosse a já tradicional malapata de na ronda de nível médio ter sempre 4 perguntas directas que dão a volta à sala (desta vez só não foram 5 porque o Filipe Bravo sabe tudo de BD) teria chegado mais longe. Repare-se que os Ursinhos só safaram desta vez com as cascatas que foram amealhando em tal nível. Pelo sim pelo não e porque estamos quase no mês da espiga vamos mandar benzer a nossa mesa em Abril.

Os Zbroing e os Cavaleiros foram o que se pode chamar as equipas “ratazana sorrateira”... Quero dizer com isto apenas que não é preciso ganhar o jogo para se ir trepando na geral. Importa mesmo é ir pontuando sempre. A pouco e pouco lá podem ir levando a água ao seu moinho.

No lado negativo três equipas Indomáveis S. A. D. e BMV, com hecatombe no primeiro nível, e os Mineteiros, a exibirem-se abaixo do ritmo de pódio a que já chegaram em Janeiro. Os Fósseis jogavam pelo divertimento e pelo ponto de honra por isso nada a dizer.

Olhando para a tabela e para os primeiros três meses de campeonato com o novo regulamento há que fazer uma balanço positivo. Não obstante alguns pequenos “pecados regulamentares” da CO tudo tem corrido bem melhor que em 2006. O novo sistema de pontuação motiva as equipas e beneficia a assiduidade. O facto de as equipas organizadoras não pontuarem é excelente para evitar polémicas e em tudo o resto, salvo a imodéstia, penso que os pareceres tempestivos da Leal Chancelaria têm dado conta do recado...

Vamos abrir em breve a novos cronistas. Novidades nos próximos dias. O futuro do Quiz antecipa-se risonho.

Labels: ,


 

They´ve done it again!


FERNANDOS MAMEDES
VENCEDORES DA 3ª JORNADA

Labels: , ,


 

Classificação Março 2007

Labels: , ,


Friday, March 16, 2007

 

Less is More?

O Pensador de Rodin, reduzido ao tamanho de um glóbulo vermelho (made in Korea). Hoje poderão estar 19 equpas na Academia. Às 16, poderão juntar-se uma equipa da Academia, outra do Patrocinador Oficial Junta de Freguesia da Ajuda e outra do P.C.P. da Ajuda (sim, comunas, lembram-se de termos falado na fractalidade do quiz?). Informações da C.O., por confirmar. Daqui a 7 horas logo saberemos. Mas perspectiva-se mais uma longa noite. Onde anda a ASAE quando é precisa? Só se preocupam com os carapaus aos quais falta uma barbatana e com os isqueiros que são tão perigosos como uma granada? Até lá, inspirem-se na estátua. As horas que faltam são de recolhimento.

Labels: , , , , ,


 

Ontem Cavaleiro, hoje Leporino....amanhã Laranja? Sérgio Costa: liberdade ou infidelidade?

Em Junho do ano passado, no post de apresentação dos Cavaleiros do Apocalipse, um elemento da equipa, designado Sérgio Costa, é descrito desta forma: « Outro ajudense de gema, génio dos chavões publicitários e o homem a quem Alexandre O'Neill roubou o maior número de slogans(...) Na sua última prestação no Quiz de Cascata, logrou, ainda que a espaços, fazer esquecer o Fred. Está na luta por um lugar no cinco inicial.» Já em Fevereiro deste ano, César Manta dá uma entrevista a este blog. A dado passo afirma: «o Sérgio, um mercenário destas lides, que alinhará connosco enquanto lhe conseguirmos arranjar embalagens de Conguitos, algo que nem sempre é fácil». Passados uns dias, eis que no blog se lê isto: «Existe ainda um elemento que para nós é fundamental, que é o Sérgio Costa, que foi nosso suplente na época passada, mas que este ano pediu para não o inscrevermos, de forma a poder ganhar mais minutos de utilização cedendo os seus préstimos a outras equipas. Foi ele um dos responsáveis pela boa prestação dos Leporinos no último jogo.»

Uma personagem sobre o qual o auditório se interroga: mercenário ou free-agent? Cavaleiro ou Leporino? Mais-valia ou fogo-de-vista? Enfim, quem é este homem? Um monstro de coração de pedra ou um romântico incurável, eternamente à procura de um destino? Um capitalista puro e duro ou um agente-duplo com interesses inconfessáveis? Com os cuidados necessários à abordagem de figuras deste tipo, e já sem pachorra para fazer mais dicotomias, tentaremos responder a estas inquietações, numa entrevista particularmente importante - para mais num momento em que o blog QdC apurou que outra equipa do Campeonato está interessada em contar com os préstimos do ajudense. António Alves Cardoso, aka Patolino, terá ficado fortemente impressionado com a prestação do Sérgio num dos Jantares de Frielas onde formaram equipas juntos. Em declarações exclusivas a este blog, o Arquitecto Laranja afirmou que "Com aquele rapaz é que me entendi bem. O que eu não sabia, sabia ele. Se calhar, vou é oferecer-lhe dinheiro ara vir jogar na minha equipa. 25 euros por noite ou assim". Pode estar assim em curso uma contratação surpresa no Campeonato de QdC, possivelmente concluída até à noite de hoje. Escutemos então o Sérgio Costa, em mais uma entrevista com a marca de qualidade do Blog QdC:


Sérgio Costa: "Cavaleiros ou Leporinos? É como escolher entre ser esfaqueado na Brandoa ou atropelado em Valhe de Milhaços."

Sérgio, queres começar por abordar os factos que estão descritos neste intróito?
Gostaria de, antes de mais, avançar com uma confirmação: sou de facto apenas fogo de vista. Contudo, tal acaba por ser uma mais valia, já que em Portugal o fogo de artifício ainda é muito apreciado, arrastando multidões e sendo alvo de destaque em diversos Telejornais que não o da TVI. O que é que isso interessa para o Quizz? Muito possivelmente nada, até começarem a sair perguntas de pirotecnia. Abordando mais a minha posição no Quiz, digamos que o esquema táctico dos Cavaleiros de jogo pesado, piadas de balneário em que só um é que percebe,dietas de vitaminas etílicas e pressão arterial alta deixavam-me algo amarrado, não favorecendo o meu estilo de jogo. Nos Leporinos tenho mais liberdade, posso assumir o papel de criativo, fazendo pagar a peso de ouro o pouco que sei e mentindo valentemente sobre o muito que não sei. Até agora tem resultado e espero que continue.

Chegou hoje ao conhecimento público um acordão do Supremo Tribunal (caso Zé Tó vs. União de Leiria) que promete revolucionar o munda da bola. Sentes que podes estar a ser um percursor, não só do Quiz, mas de todo o desporto mundial?
Basicamente, o que isso pode fazer é desvalorizar o valor das rescisões dos atletas, que passará a ser calculado em função dos salários auferidos ao longo dos anos e não do valor mais abrangente da formação. Havendo uma entidade reguladora no Quiz e um regulamento protector da estabilidade das equipas e do mercado de transferências, creio que a haver alterações só se vão sentir na próxima época. De qualquer forma, meter-me no mesmo saco que um tipo chamado Zé Tó é como ver o João sem bigode: há ali qualquer coisa que não faz sentido.

Este blog sabe que há equipas, nomeadamente os Laranja, que poderão vir a tentar a tua contratação. Senteste bem com a camisola Leporina ou encaras a hipótese de experimentar a tua terceira equipa no espaço de um ano?
Eu sou daqueles que joga pelo amor à camisola, pelo menos até aparecer alguém que me ofereça outra camisola com um valor de mercado substancialmente mais elevado. No entanto, para além da financeira, também procuro a estabilidade emocional, pelo que vejo como difícil a hipótese de alinhar por uma terceira equipa.

Há quem diga que tens medo de compromissos - sendo essa razão para o teu estatuto de free-agent. Julgas que, no fundo, é Freud que pode explicar a tua peculiar situação no panorama quizzistico nacional?
Se tivesse medo de compromissos e relações difíceis, há muito que tinha deixado de ser adepto do Belenenses. Mas, as razões que me levaram a este chamado estatuto de free agent são racionais e conscientes, pelo que podemos dar ao Sigmund o devido descanso.

"Chorei no fim da Floribella, mas jogo com as cartas que me dão"

Mas como entendes o teu estatuto: como o de um mercenário empedernido, que só é fiel ao vil metal, ou de forma mais romântica, como a de um mercenário empedernido de um mau filme? O que te faz correr?
Olha, muita coisa me faz correr, por exemplo: no domingo vai ser a expectativa de uma medalha que vale 50 cêntimos e a maior concentração de fatos de treino numa ponte europeia. Não sou certamente um mercenário empedernido, pois estes não choram como eu chorei no final da Floribella (apesar de ser de alegria), mas sou uma pessoa (no sentido lato da palavra) que joga com as cartas que lhe dão e tira daí o melhor que pode. Se para isso tenho de ser um free agent, então seja.

Nunca um teu colega de equipa colocou em causa a tua lealdade ao colectivo?
Nunca. Creio que muitos deles desconhecem até o conceito lealdade, pelo menos no sentido cavalheiresco que a pergunta parece ter. Desde que eu vá cumprindo ou passe a ideia de que estou a cumprir, será suficiente.

No futuro, achas possível uma ligação contratual mais séria a alguma equipa?
O futuro está sempre em aberto, mas a exclusividade é algo que se paga caro, até no mundo do Quiz, por isso é continuar, sempre com tranquilidade, como diria aquele rapaz do penteado rebelde.

Os Leporinos são uma das poucas equipas a terem marcado presença nas duas fases finais até ao momento. A equopa está satisfeita com a actual perfomance ou pensa poder almejar algo mais?
O principal objectivo da turma Leporina é de facto marcar presença em todas as fases finais, apesar de sabermos que isso é complicado. Depois, a partir daí é ver até onde dá para ir, mas também temos a noção que há sapos maiores no charco em que pululamos.

Gostas mais dos Cavaleiros ou dos Leporinos? Ou dos 5 contos de réis dos Laranja?
Isso é como perguntar se prefiro ser esfaqueado na Brandoa ou ser atropelado em Vale de Milhaços. Se puder, prefiro não ter de escolher, tirando os cinco contos dos Laranja, os quais não me importava de recolher, mesmo sem jogar por eles, tipo uma lembrança de cortesia.
Conheço o Rogério desde tenra idade o que, para além de diversas consultas de psicanálise, também gerou laços de amizade que ainda hoje se mantêm, daí ter mantido a porta aberta em relação ao meu regresso. Em relação aos Leporinos, foi o destino que juntou gente com formações muito distintas, num determinado local e num dado momento. A amizade surgiu e daí aos Leporinos (ocasionalmente também Espertalhos do Carinho no antigo Bar Quiz) foi um pulinho.

Sérgio, podes assegurar, com toda a certeza, que na sexta-feira estarás presente na Ajuda envergando a camisola dos Leporinos?
Parece que desta vez, para além de Conguitos, até jantar me oferecem antes, por isso sem qualquer materialismo latente afirmo: na sexta serei Leporino. Sábado, logo se vê.

Já perdoaste ao Alexandre O'Neill?
Entre publicitários, os bitaites e as turras ocasionais são tão naturais como ter sede. O Alexandre tem o seu passado glorioso e o seu portfólioadquiriu estatuto imortal de relíquia nacional. Já eu terei de continuar a trabalhar no meu, para ver se alcanço a imortalidade ou, em alternativa, um T3 em Massamá. Já agora, se alguma das equipas do campeonato precisar de um refresh de naming, uma campanha promocional, criar um jingle ou uma assinatura imponente, aproveito a oportunidade para referir que também estudo propostas noutros campos para além do Quiz.

Aqui ficam pois as explicações desta personalidade complexa, a quem desejamos os maiores sucessos na sua carreira avant-garde. Onde sabemos que o terá, e sem precisar de se enfiar em poliéster, será neste blog, como colunista convidado - também deste somos leitores noutras paragens. Depois do Jorge Azevedo Correira, o Sérgio é o segundo nome na nossa lista de contratações, que será divulgada, por inteiro, durante o próximo fim de semana.

Labels: , , , , , ,


Thursday, March 15, 2007

 

Jorge Azevedo Correia: "Padecemos do terrível mal de jogar pelo prazer de estarmos juntos, sem a pressão de ganhar"

Como tínhamos prometido, fomos tentar saber mais sobre a crise de resultados que tem afectados os Ursinho Bóbó, bem expressa na última crónica do Luís Nunes, onde era aventada a possibilidade de o colectivo dos Ursinho vir a sofrer, a breve prazo, uma alteração no cinco inicial. O Jorge opta por uma estratégia de controlo de danos, tentando tirar pressão à equipa e apontando alguns motivos exógenos como causa da má perfomance, desde o preço do whisky na Academia à tipologia das perguntas. Veremos se amanhã esta táctica dá resultados. Certo é que os Ursinho estarão, mais que nunca, sob a pressão de terem de apresentar resultados - e que é expectável que não continuem a ser vítimas do azar, como parece ser consensual que tem acontecido. Saliente-se que, depois do Jorge Páramos e de um anónimo que anda aí pelas caixas de comentários, temos mais um quizzer a criticar a pós-modernidade, coisa que parece preocupar as fileiras quizzisticas.

Jorge, os Ursinho têm tido um início de época conturbado, falhando por duas vezes a final. O que têm faltado à equipa?
Na primeira etapa do campeonato deste ano tivemos no nível médio QUATRO perguntas que deram a volta à sala, enquanto que nenhuma das outras equipas teve sequer uma que tenha dado a volta à sala. Eram as socas do índio e mais não sei o quê! É terrivelmente desmotivador quando isto acontece... Assim começamos a jogar frequentemente com quatro elementos (os mais indefectíveis) e o desempenho ressente-se.

Mas estas perfomances mais fracas já se arrastam desde a segunda metade da época anterior. Na crónica do último jogo o Luís Tirapicos Nunes fala numa belenensização dos Ursinho, que têm uma boa equipa mas são incapazes de apresentar resultados. Esta comparação faz sentido? Os Ursinho entraram num processo de decadência inexorável?
Nós padecemos do terrível mal de jogarmos pelo prazer de estarmos juntos. Não temos pressão de ganhar, até porque somos das equipas mais jovens. Apresentamos também o problema de possuirmos uma formação bastante semelhante. Somos todos de Humanidades. Três juristas, um politólogo e uma jornalista têm bastante dificuldade em diferenciar glândulas renais e glândulas supra-renais. Este tipo de preciosismos facilitam a vida a equipas que possuam especialistas em todas as áreas... Equipas construídas para ganhar. Não me passa pela cabeça deixar um amigo de fora de uma noite de Quiz para incluir uma estrela da “cóltura geral” ou alguém com uma formação diferente da nossa.
Em relação ao Belenenses apenas a devoção à Cruz de Cristo nos une.

O LTN também refere que poderão existir mexidas na equipa. Confirmas que assim acontecerá, já para o próximo jogo? Quais vão ser as entradas e as saídas?
Isso só poderá acontecer no caso de alguém não poder ou não querer ir na sexta-feira. Nesse caso temos uma vedeta a apresentar... Alguém que já deu excelente conta de si na anterior edição.

Uma "chicotada psicológica" é aquilo que vos faz falta para regressarem aos tops?
O que precisamos para chegar ao pódio é apenas de alguma sorte nas perguntas. Lembro-me de que há dois anos ficámos em segundo lugar a um ponto dos Fósseis com a actual formação. O problema é que as perguntas parecem afastar-se cada vez mais dos temas que apreciamos. Paciência...

Confirmas que têm existido elementos de quem esperavam algo mais, mas que não se têm apresentado a um nível condizente com as aspirações e o estatuto da equipa?
Penso que tais dificuldades podiam ser superadas com um aumento do preço do whisky na Academia da Ajuda...
Falando a sério, o prolongamento das sessões de Quiz até às tantas da manhã não ajuda nada. A malta está cansada e a meio já está com pouca paciência para pensar. Há alturas em que já não discutimos as respostas. Para não falar das proverbiais sonecas da Rita Costa...

Têm tido algum azar nas perguntas que vos têm calhado em sorte. Achas que poderão estar a ser penalizados por serem a equipa de reaccionários?
A vitimização é algo que não fica bem a pessoas de direita. Contudo parece-me bastante evidente que as perguntas do Quiz se têm vindo a “tecnicalizar”, o que é ilustrativo de uma mundividência pós-moderna e residual-marxista que é bastante bem dissecada por Kuenhelt Leddin, Alasdair Macintyre e Roger Scruton.
Em suma, acho que tem sido azar puro...

Tem sido bastante criticada a existência de poucas perguntas de ciência; mas é certo que outras áreas, como a filosofia, têm uma presença muito mais diminuta e poucos se preocupam com isso. A que achas que se deve este fenómeno?
A inexistência de perguntas de filosofia é apenas um sintoma do que disse anteriormente, que, apesar de não estar relacionado com o nosso azar nas perguntas (acho que as pessoas do Quiz se estão um bocado nas tintas para o nosso pensamento filosófico-político, e fazem muito bem!) demonstra que o conhecimento é confundido com a memória e com a posse de dados. O desprezo pela estruturação desses dados na formação de uma compreensão é reflexo dessa sociedade. Quem não conhece pessoas que têm uma memória prodigiosa e que são autênticos “primatas”, por serem incapazes de conduzir a informação para uma acção válida?

Para o jogo de sexta-feira, que esperam da organização do António Pascoalinho e do Humberto Silva?
Boas perguntas, firmeza no dirimir das habituais disputas, equilíbrio em cada nível de perguntas. Parece-me que esse é o segredo de um bom Quiz... Isso e a existência de perguntas inteligentes (onde a resposta não é óbvia, mas possui vários caminhos), que me parecem ser as mais divertidas. E que o sistema de som funcione, como é evidente.

Finalmente, uma pergunta clássica nas entrevistas à vossa equipa: o que acontecerá primeiro - uma vitória dos Ursinho no Campeonato de QdC ou a Restauração da Monarquia Nacional?
Uma vitória dos Ursinho. Num país onde o herdeiro do Trono defende posições republicanas...

Ao contrário do que acontece no país, neste blog não prescindimos dos princípios constituintes que nos alcandoraram ao sucesso. Como afirmamos no post anterior, é também por isso que, num gigantesco esforço financeiro, asseguramos que poderemos apresentar, a partir da próxima jornada, colunistas convidados, os quais, com liberdade editorial, abordarão assuntos relacionados com este jogo e com o campeonato. É com muita honra que apresentamos um dos Seis Magníficos: precisamente o Jorge "Abba" Azevedo Correia, de quem somos leitores atentos noutras paragens. (não, não vão ser os seis de direita...)

Labels: , ,


Wednesday, March 14, 2007

 

Distopia, Caso Qualifying, Treinos e Novidades

1. O conhecimento humano não tem limites. Veja-se o quadro abaixo (via AdF), que representa o crescimento de artigos na Wikipedia. Grosso modo, é exponencial. O futuro do nosso jogo está assim garantido. Ou talvez não. A cultura geral do futuro pode ser algo tão fractal que a expressão só fará sentido numa lógica de cluster. O quiz dificilmente poderá ser, como é hoje, um encontro de pessoas com experiências, formações, gerações e gostos completamente diferentes. Uma distopia? Talvez, mas já reparam na quantidade de perguntas sobre B.D. que o lobby das cuecas tem imposto? Querem comparar com o número de perguntas sobre, por exemplo, literatura em geral, escultura ou filosofia?
2. As mini-cascatas de acesso previstas para ontem foram adiadas. O chamado "Caso Qualifying" chegou ao fim, numa decisão que terá agradado à generalidade das equipas, após uma precipitada decisão inicial da Comissão Organizadora. O Cavaleiro Fernando Silva, cromo nº 2, afirmou que "deveria ser encontrado outro método porque as mini-cascatas podem ser muito injustas para equipas que nunca falharam um jogo no campeonato e que se poderão ser sucessivamente eliminadas nas qualificações." Filipe Girão, dos BMV, disse a este blog que "uma equipa apresentar-se consecutivamente às mini-cascatas de acesso e nunca conseguir chegar ao jogo é completamente desmotivante". Paulo Martins, dos Mamedes, afirmou que " a decisão de convocar mini-cascatas não deveria ser tomada com tão pouca antecedência". Parece-nos que a solução ideal, e não tendo a C.O. acautelado a situação em Fevereiro, quando pela primeira vez se colocou a existência de um excesso de equipas face ao número previsto no regulamento, é encontrar um compromisso entre a assiduidade e o mérito desportivo.

3. Quando faltam dois dias para o jogo de sexta, é tempo de desentorpecer os músculos. Duas hipóteses: hoje, na Barraca, o Papa Júlio organiza mais um Quiz. Começa às 22:30. Outra, é ficar por casa e, depois de ler este blog, ficar umas horas a testar os conhecimentos num dos inúmeros sites dedicados ao Quiz. Três sugestões: o Sérgio Gouveia, dos Zbroing, enviou-nos esta. O objectivo é identificar capas de albuns e dá uns prémios jeitosos. Está muito bem construído, inspirará um futuro concurso do blog, mas a dificuldade é verdadeiramente aterrorizante. Ideal para quem passa horas a olhar para discos. Também não é fácil, mas é igualmente divertida, esta sugestão do Alexandre dos Mamedes. Relacionar frases com políticos é uma tarefa homérica - principalmente quando foram ditas à distância de um ano. Se quiserem fugir a espartilhos temáticos, têm sempre os clássicos, e muito cá de casa, quizzes do Guardian (agora conhecido como o Público inglês) e, com um interface mais ligeiro e divertido, o Leopardy do Trivia.com. Bons jogos, apliquem-se nos treinos.

4. O VI concurso do Blog chegou ao fim, como poderão verificar na caixa de comentários do post respectivo. As soluções das guilhotinas de imagens eram o Conde de Lippe, Winston Churchill e Outubro. Com um prestação brilhante, o zbroinguiano João Velhote arrecada um filme do Sherlock. Alexandre Gonçalves, vence o prémio de consolação.

5. Brevemente, este blog avançará para grandes inovações. Desde sempre assumimos a nossa missão de facultar a todos os quizzers cada vez mais razões para nos lerem. Uma vez mais, este mês, demonstramos com o "Caso Qualifying" a qualidade e fidelidade da nossa informação - e nem soezes manobras de diversão e intoxicação nos farão desviar um milímetro dessa linha. É por termos um passado e um presente de que nos orgulhamos, que não prescindimos de preparar o futuro. Assim, e sem perder as características que têm definido o sucesso desta casa, nomeadamente a coesão da redacção e da direcção, ambas unipessoais, introduziremos, já a partir do próximo mês, uma inovação: colunistas convidados, que, alternadamente, honrarão este blog com os seus textos. Serão, numa primeira fase, seis magníficos escribas. Brevemente, avançaremos os seus nomes. Um investimento forte a que nos obrigamos, em nomes sonantes e valiosos, mas que certamente valerá a pena. QdC: um blog com uma qualidade que não cresce menos que o número de artigos na Wikipedia.

Labels: , , , , ,


 

Cromos do Quiz (4)


Labels:


 

5 perguntas a... António Pascoalinho

A dois dias da 3ª jornada da edição de 2006 do Campeonato de QdC, fomos falar com um dos organizadores do jogo de sexta-feira, o António Pascoalinho. Este bem conhecido membro da Comissão Organizadora, experiente Quizzer, partilhará a feitura desta jornada com o seu colega de equipa Humberto "O Viajante" Silva. Esperemos que a noite seja menos agitada do que da última vez que o Pascoalinho subiu ao palco. Aqui fica a versão de Março da clássica rubrica 5 perguntas a...

António Pascoalinho: As respostas deste ano foram "checkadas" em mais que uma fonte

António, o último jogo que organizaste ficou marcado por uma intensa polémica, com sérias altercações. À distância de um ano, como revives esses momentos? Desta feita, esperas uma noite mais tranquila?
Pelo menos tive o cuidado de “checkar” as respostas deste ano em mais que uma fonte. Se houver erros, temos pena, mas o critério será sempre o que está no cartão, mais o não aceitar respostas com coisas a mais (se se pede SEAT IBIZA, aceito SEAT mas não SEAT LEON). Quanto a nomes próprios, penso aceitar só o apelido mas não só o nome próprio (EINSTEIN sm, ALBERT não).

Desta vez, a organização é feita em cooperação com o teu colega de equipa Humberto. Como é organizar um jogo a dois? Que método seguiram? Que conselhos darias a futuros organziadores que adoptem o mesmo modelo?
Basta haver amizade a sério e dividir temas. O resto vem naturalmente. Acho que ambos devem inventar perguntas para a “molhada” e depois em conjunto escolherem o nível em que vão encaixar cada uma.

Há um ano surpreendeste com as letras das músicas. Para este jogo, há alguma supresa similar? Podes adiantar algo?
Não há música (tocada), mas apenas uma cascata temática a meio do nível 1. Depois verão!

Existirá uma estrita separação temática? Ou vão haver alguns temas privilegiados?
Não há temas “filhos” nem “enteados”. Nem as perguntas de Cinema nem as de Futebol chegam a 10 de cada. Podem estar descansados quanto à multiplicidade de conhecimento não específico que vos pediremos.

Que mensagem gostarias, a 48 horas do teu jogo, de deixar aos nossos leitores?
Que não esqueçam que isto é um jogo, que dá um trabalhão a fazer, que é feito com carolice e que se EXIGE às equipas eliminadas que mantenham silêncio durante os níveis 2 e 3.

Entretanto, este blog tem já na rotativa uma entrevista ao Cromo nº 1, o "membro dos Abba" e "novo Borges Coutinho" Jorge Azevedo Correia, sobre a crise de resultados que tem afectado os Ursinho. Moneyquotes: «...parece-me bastante evidente que as perguntas do Quiz se têm vindo a “tecnicalizar”, o que é ilustrativo de uma mundividência pós e residual-marxista que é bastante bem dissecada por Kuenhelt Leddin, Alasdair Macintyre e Roger Scruton.»; «Podemos ter uma vedeta a apresentar... Alguém que já deu excelente conta de si na anterior edição.»; «Temos tido um azar terrível. Eram as socas dos índios e mais não sei quê!»

Labels: , ,


Tuesday, March 13, 2007

 

Ajuda, a Casa do Quiz: outras visitas

Há praticamente um mês, este blog anunciou o patrocínio da Junta de Freguesia da Ajuda ao Campeonato de Quiz de Cascata. Na altura, recordamos «a ligação umbilical do Quiz, e em particular, do QdC, ao Bairro da Ajuda - não só é local de origem de alguns históricos jogadores, como a Academia Recreativa da Ajuda, colectividade de grande prestígio, se tem constituído como o terreno de jogo e de convívio dos quizzers - já vem de longe e aprofundou-se durante o último ano, com dezenas de quizzers a visitarem, mensalmente, a freguesia da Ajuda».

Conforme prometemos daremos início a uma série de posts sobre a freguesia da Ajuda. A maioria dos quizzers só se deslocará à Ajuda uma vez por mês (embora, nessa singular excepção, o faça religiosamente). Há motivos para uma maior assiduidade? Não hesitamos em responder que sim. E para o comprovar, comecemos o nosso trajecto por um dos ex-libris da Ajuda, de Lisboa e de Portugal.

O Palácio Nacional da Ajuda (na foto), local onde as Cortes Legítimas aclamaram o Senhor Dom Miguel, Rei de Portugal. Quando, em 1755, o saudoso terramoto de Lisboa destruíu o Palácio Real, o Rei D. José, na altura em Belém, resolve-se pela construção de um Palácio em Madeira no Alto da Ajuda - a pícaresca Real Barraca. Rezam as crónicas que o bom homem, de tão amedrontado pelo abalo telúrico, jurou que jamais voltaria a fechar olho em casa edificada com adobe. Já não estava por lá, quando a madeira demonstrou não ser também ela imune aos elementos naturais: em 1795 ardeu. E foi assim o timorato D. João VI que ordenou a construção do edíficio que actualmente conhecemos - ou deveríamos conhecer. Residência real de D. Luís I, o palácio seria nacionalizado e transformado em Museu, que ainda é hoje. Assim, a troco de uns insignificantes 4 euros, podem visitar este magnífico momumento nacional.

Com uma estética neo-clássica, inspiração dos arquitectos Francisco Xavier Fabri e José da Costa e Silva, bem expressa no belíssimo átrio, são os luxuosos interiores que impressionam: o papel de parede, as porcelanas de Sèvres e os candelabros de cristal. Realçamos a extraordinária Sala Saxe, um presente do rei da Saxónia a Maria Pia, decorada com porcelanas de messien; e o Salão de Banquetes, com um fantástico fresco no tecto. Imperdíveis são igualmente as colecções de tapeçarias e de ourivesaria (a de pintura é fraquinha). E, especialmente, o mobiliário, que reúne o que de melhor a civilização produziu durante o século XIX. Para saberem mais, podem clicar aqui. Mas o ideal é mesmo ir lá.

Mas como há outros prazeres para lá da contemplação, a nossa segunda recomendação do mês é uma descoberta mais ou menos recente. Depois do fecho do Bambino d'Oro, é na Ajuda que se pode encontrar o único restaurante açoriano de Lisboa (disclosure: a gastronomia açoriana é do melhor). Chama-se, prosaicamente e de forma esclarecedora, Espaço Açores, e fica mesmo no Mercado da Ajuda (no novo). Ou seja, a partir da Academia é descer uns 100 metros e virar à esquerda. E vale bem a pena lá ir. Encontra-se uma sala forrada a criptoméria, comme il faut, e uma larga janela envidraça (que deve proporcionar uma óptima vista, mas só lá fomos de noite). Decoração com elementos alusivos às ilhas atlânticas, mas depurada. Um ambiente bonito, de classicismo moderno, mas sem fazer concessões ao trendy. Amesendação impecável, que se ilustra com um couvert onde se inclui um delicioso queijo fresco com a genuína "pimenta da terra".

Mas são as iguarias que transformam este local num sítio de visita obrigatória: uma ementa relativamente vasta (onde, pelo que podemos perceber, as propostas vão variando conforme a sazonilidade e a disponibilidade de matérias primas), onde se encontram os preciosos tesouros da cozinha açoriana. Até ao momento, estão provados e aprovados e incondicionalmente recomendados o Polvo Guisado (que nos fez relembrar o melhor do mundo, servido na sede da Associação Desportiva de Lajes do Pico), a Alcatra, sempre sapiente, um Arroz de Lapas apuradíssimo e um Bife de Atum, acompanhado de batata doce que nos fez chorar - com tantos pecados na vida, não merecíamos aquela graça. Nas sobremesas, a mousse de maracujá e a Barriga de Freira estiveram soberbas. Ah, também já comemos Ovos Pardos, divinos. E, do repertório, também afiançamos a morcela com ananás e lapas grelhadas (estas, enquanto não forem subsidiadas, são um pitéu para ocasiões mesmo muito especiais).

Carta de vinhos suficiente, com poucos preços exagerados. Serviço impecável e profissional. O preço médio por pessoa é de uns 20 euros, com meia garrafa de vinho da casa. A marcação é quase sempre obrigatória (especialmente nos fins-de-semana) - 21 364 08 81. Aos domingos há cozido das furnas e às quintas há um buffet que o João Silva recomenda e que em breve contará com a nossa presença.

Ficam então duas boas razões para ir mais vezes à Ajuda. O Quiz não é o único prazer da vida, apenas o principal.

Adenda: entretanto, indicaram-nos que o Espaço Açores tem um site - http://www.espacoacores.com/

Labels: , , ,


Monday, March 12, 2007

 

VI Concurso do Blog do QdC

Com um ligeiro atraso, tem início mais um concurso do blog. Desta vez adoptamos um formato de perguntas que é do agrado de uma larga maioria de quizzers: a guilhotina. O prémio será um filme, em dvd original e selado, da colecção Sherlock Holmes. Agradecemos, mais uma vez, ao Filipe Bravo o patrocínio desta iniciativa (que, quando se esgotarem os Sherlock Holmes, continuará, graças ao mesmo mecenas, com Hitchcocks).








As cinco imagens acima (e ao lado) constituem a primeira guilhotina de imagens do VI Concurso do Blog QdC. Este mês o desafio é resolver três guilhotinas, das quais esta é a primeira.

As regras são as seguintes: a primeira guilhotina, esta, vale 5 pontos. A segunda, composta pelas quatro imagens abaixo, vale 3.







Finalmente, uma guilhotina valendo dois pontos:







Obviamente, não será suficiente, para a atribuição dos pontos, dar a resposta correcta: é necessário explicar, correctamente, a "ligação" de todas as fotos e imagens. Pistas, a pedido, na caixa de comentários. O jogo termina quando estiver tudo resolvido. Em caso de empate, joga-se morte súbita com uma guilhotina adicional. Boa sorte para todos.

Labels:


 

Concorrência à vista?

Desde há uma semana que o país se agita com a questão da concentração de poder policial na mão do PM ("o país" é, obviamente, um exagero poético). João Gonçalves inicou as hostilidades aqui (moneyquote: «Só falta a marca da cueca e a orientação sexual, mas lá chegaremos»); Francisco José Viegas prosseguiu desta forma «Ah, Todo Poderoso - Eu tinha insistido: está aí o cartão único, depois vem o cruzamento de dados, depois vem a vigilância alimentar, o controle do nosso tabaco, a suspeita sobre a nossa saúde, a inveja dos vizinhos, o controle do peso, os procedimentos administrativos sobre a obesidade e a vida saudável. Que era um exagerado. Que ninguém ia cruzar dados. Que não havia acesso. Pois aqui está demonstrado, pelo João Gonçalves. E não, não é por causa de José Sócrates; não é por causa deste primeiro-ministro. É por causa dele, do Todo Poderoso, do Estado-Todo-Poderoso. E da gente que por lá anda.»

Vasco Pulido Valente, de quem FJV havia recomendado este texto, aborda o assunto no Público de Sábado, em artigo intitulado "O Estado Policial":
«
Não se trata aqui do indivíduo Sócrates, que não abusará dos seus poderes. Mas da própria existência desses poderes, que nada impede um sucessor, ou mesmo um ajudante obscuro, de eventualmente desviar para fins perversos. Só que nessa altura será tarde para desfazer a máquina que hoje com tanta inconsciência e sem protesto público se anda a pôr em pé. Claro que vivemos num mundo perigoso e é preciso coordenar as polícias. Sucede que das várias formas de coordenação o Governo escolheu a pior: a que mais reforça (e compromete) o chefe do Executivo, a que não inclui um droit de regard do Parlamento e a que deixa os portugueses sem defesa perante a prepotência e o arbítrio. O que de resto não espanta. A liberdade nunca foi por aqui muito estimada.»

Rui Cerdeira Branco afirma, perante a versão inglesa da coisa, que
«Pessoalmente o que vejo é que se estão a passar todas as marcas. Mais uma grande vitória para o terror e para todos os amantes do totalitarismo que, na penumbra, esfregam as mãos perante o futuro vindouro que se está a preparar para lhes ser servido de bandeja. Tudo o que vejo é absolutamente desproporcionado e contém em si um outro potencial de receio, de terror que temos a obrigação de conseguir antecipar

O Helder deixa neste post um óptimo resumo do que se foi publicando sobre o assunto. E nos diários de hoje, pelo menos Rui Tavares e Joana Amaral Dias também opinam, em tom crítico, sobre o tema.

Existem razões para isso? Devem os amantes do conhecimento inútil partilhar das preocupações da opinião publicada? Deverão os amantes de Quiz ficar igualmente alarmados? A primeira tentação é responder que sim. Conjugam-se, para isso, dois factores: a crescente popularidade desta modalidade, com equipas novas a aparecerem como cogumelos, o que tem provocado violenta polémica sobre a instituição de sistemas de acesso (com o embate entre antiguidade e mérito desportivo), e, com isso, o facto de o Quiz ser, por excelência, o jogo do conhecimento.

Ora, consideremos esta hipótese: e se surge no QdC uma equipa made in São Bento? Afinal, elas nascem como cogumelos, e aquilo até é terreno pantanoso. Ora, o acesso a esta vasta rede de informação poderá trazer vantagens enormes a essa potencial equipa. Não só enormes, como absolutamente injustas, visto que está instituído um monopólio. Assiter-se-ia a uma luta com armas desiguais, prevertendo a verdade desportiva que nos é tão cara.

Mas uma análise mais ponderada obriga-nos a uma reflexão importante: os jogos de QdC servem para testar quanto abarcamos desse maravilhoso produto da civilização humana que é o conhecimento inútil. Mas com um particular: por tradição e regra consuetudinária, aquilo que é testado é o interminável conjunto de factos que, em maior ou menor grau, estão acessíveis ao conhecimento público. Conhecimento à distância de um clique no google ou um braço lançado para a enciclopédia (mesmo quando o Pascoalinho faz perguntas sobre o significado de palavras que só aparecem em dicionários ingleses de termos excêntricos do século XVIII). A chamada cultura geral - geral porque partilhada por uma grande massa de indíviduos e acessível a todos os outros. Ora, no caso vertente, está em causa outro tipo de conhecimento inútil: estamos a falar de dados pessoais e privados. Ou seja, enquanto os organizadores não começarem a perguntar coisas como "Que equipa tem dois elementos em tratamento por doenças infecto-contagiosas?" ou "Nesta sala, quem é que tem os impostos em atraso?", não se vê que a nova organização policial do estado português represente algum perigo, venham as equipas que vierem. A igualdade à partida estará, assim, garantida. Aliás, esta operação até poderá fazer desenvolver o gosto pelos jogos de perguntas e respostas. Imaginemos alguns burocratas numa repartição da função pública: "Epá, adivinhem lá que director-geral and a dizer mal do ministro à mulher?", "Sabes que deputado de oposição andou num programa de metadona há uns anos?" - desenvolvendo assim um salutar e entusiástico gosto por este magnífico desporto. É então nosso parecer que o alarmismo corrente é francamente despropositado e que esta legislação pode representar um forte incentivo a esta modalidade.

Foto: Auto-intitulado Animal Feroz que quer saber mais que nós, Lusa

Labels: , ,


This page is powered by Blogger. Isn't yours?