Tuesday, March 13, 2007

 

Ajuda, a Casa do Quiz: outras visitas

Há praticamente um mês, este blog anunciou o patrocínio da Junta de Freguesia da Ajuda ao Campeonato de Quiz de Cascata. Na altura, recordamos «a ligação umbilical do Quiz, e em particular, do QdC, ao Bairro da Ajuda - não só é local de origem de alguns históricos jogadores, como a Academia Recreativa da Ajuda, colectividade de grande prestígio, se tem constituído como o terreno de jogo e de convívio dos quizzers - já vem de longe e aprofundou-se durante o último ano, com dezenas de quizzers a visitarem, mensalmente, a freguesia da Ajuda».

Conforme prometemos daremos início a uma série de posts sobre a freguesia da Ajuda. A maioria dos quizzers só se deslocará à Ajuda uma vez por mês (embora, nessa singular excepção, o faça religiosamente). Há motivos para uma maior assiduidade? Não hesitamos em responder que sim. E para o comprovar, comecemos o nosso trajecto por um dos ex-libris da Ajuda, de Lisboa e de Portugal.

O Palácio Nacional da Ajuda (na foto), local onde as Cortes Legítimas aclamaram o Senhor Dom Miguel, Rei de Portugal. Quando, em 1755, o saudoso terramoto de Lisboa destruíu o Palácio Real, o Rei D. José, na altura em Belém, resolve-se pela construção de um Palácio em Madeira no Alto da Ajuda - a pícaresca Real Barraca. Rezam as crónicas que o bom homem, de tão amedrontado pelo abalo telúrico, jurou que jamais voltaria a fechar olho em casa edificada com adobe. Já não estava por lá, quando a madeira demonstrou não ser também ela imune aos elementos naturais: em 1795 ardeu. E foi assim o timorato D. João VI que ordenou a construção do edíficio que actualmente conhecemos - ou deveríamos conhecer. Residência real de D. Luís I, o palácio seria nacionalizado e transformado em Museu, que ainda é hoje. Assim, a troco de uns insignificantes 4 euros, podem visitar este magnífico momumento nacional.

Com uma estética neo-clássica, inspiração dos arquitectos Francisco Xavier Fabri e José da Costa e Silva, bem expressa no belíssimo átrio, são os luxuosos interiores que impressionam: o papel de parede, as porcelanas de Sèvres e os candelabros de cristal. Realçamos a extraordinária Sala Saxe, um presente do rei da Saxónia a Maria Pia, decorada com porcelanas de messien; e o Salão de Banquetes, com um fantástico fresco no tecto. Imperdíveis são igualmente as colecções de tapeçarias e de ourivesaria (a de pintura é fraquinha). E, especialmente, o mobiliário, que reúne o que de melhor a civilização produziu durante o século XIX. Para saberem mais, podem clicar aqui. Mas o ideal é mesmo ir lá.

Mas como há outros prazeres para lá da contemplação, a nossa segunda recomendação do mês é uma descoberta mais ou menos recente. Depois do fecho do Bambino d'Oro, é na Ajuda que se pode encontrar o único restaurante açoriano de Lisboa (disclosure: a gastronomia açoriana é do melhor). Chama-se, prosaicamente e de forma esclarecedora, Espaço Açores, e fica mesmo no Mercado da Ajuda (no novo). Ou seja, a partir da Academia é descer uns 100 metros e virar à esquerda. E vale bem a pena lá ir. Encontra-se uma sala forrada a criptoméria, comme il faut, e uma larga janela envidraça (que deve proporcionar uma óptima vista, mas só lá fomos de noite). Decoração com elementos alusivos às ilhas atlânticas, mas depurada. Um ambiente bonito, de classicismo moderno, mas sem fazer concessões ao trendy. Amesendação impecável, que se ilustra com um couvert onde se inclui um delicioso queijo fresco com a genuína "pimenta da terra".

Mas são as iguarias que transformam este local num sítio de visita obrigatória: uma ementa relativamente vasta (onde, pelo que podemos perceber, as propostas vão variando conforme a sazonilidade e a disponibilidade de matérias primas), onde se encontram os preciosos tesouros da cozinha açoriana. Até ao momento, estão provados e aprovados e incondicionalmente recomendados o Polvo Guisado (que nos fez relembrar o melhor do mundo, servido na sede da Associação Desportiva de Lajes do Pico), a Alcatra, sempre sapiente, um Arroz de Lapas apuradíssimo e um Bife de Atum, acompanhado de batata doce que nos fez chorar - com tantos pecados na vida, não merecíamos aquela graça. Nas sobremesas, a mousse de maracujá e a Barriga de Freira estiveram soberbas. Ah, também já comemos Ovos Pardos, divinos. E, do repertório, também afiançamos a morcela com ananás e lapas grelhadas (estas, enquanto não forem subsidiadas, são um pitéu para ocasiões mesmo muito especiais).

Carta de vinhos suficiente, com poucos preços exagerados. Serviço impecável e profissional. O preço médio por pessoa é de uns 20 euros, com meia garrafa de vinho da casa. A marcação é quase sempre obrigatória (especialmente nos fins-de-semana) - 21 364 08 81. Aos domingos há cozido das furnas e às quintas há um buffet que o João Silva recomenda e que em breve contará com a nossa presença.

Ficam então duas boas razões para ir mais vezes à Ajuda. O Quiz não é o único prazer da vida, apenas o principal.

Adenda: entretanto, indicaram-nos que o Espaço Açores tem um site - http://www.espacoacores.com/

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