Monday, April 16, 2007
Dos que não jogam (1)
Cultura geral
Quando se fala em cultura geral raramente se fala de ciência. Quando Cavaco Silva se enganou sobre os cantos dos Lusíadas toda a "intelectualidade" fez pouco dele. Essa mesma intelectualidade não tem problema nenhum em não saber os princípios mais básicos de Economia. Pelo contrário, muitas vezes faz disso gala. Soubessem alguns princípios básicos, como a teoria das vantagens comparativas de Ricardo (que data de inícios de 1800), e talvez não dissessem tantas alarvidades, como sempre dizem quando discutem o comércio internacional. (...)
Desses intelectuais que ficam escandalizados quando alguém confunde Mann com Moore quantos sabem o que é o cálculo diferencial? Uma coisa que já vem do tempo de Newton. Dos que gostam de dissertar sobe o paradoxo de Zenão e da Tartaruga, quantos se deram ao trabalho de estudar os limites de funções para encontrarem a resposta ao paradoxo? Quantos perderam umas horas a tentar perceber a famosa fórmula de Einstein?
Será? O Jorge Páramos, por exemplo, tem insistido quese a grelha for a da importância atribuída pelos organizadores de jogos de QdC, teríamos que chegar a uma enganosa afirmativa. Como é óbvio, não há nada de particularmente herético no QdC: é o reflexo do zeitgeist e das inclinações dominantes. E que diria o LA-C se soubesse que em mais de 2000 perguntas já realizadas durante o campeonato, apenas 3 (três) tiveram como tema a Economia?
Bem, num sofismo com algum jesuítismo à mistura, sempre poderíamos dizer que se trata de mera retribuição taliónica: afinal, à excepção dos estudos sobre a discriminação no Elo Mais Fraco, quantos estudos económicos têm o Quiz como tema ou campo de análise (excluindo, também, a aplicação da ciência da medida na definição do efeito sandwich)? Ah, pois. E a física? Papers a tratarem do Quiz, há? Pois é...
Leitura complementar: , Jorge Páramos e a sovietização da cultura, a preocupação de Vítor Magueijo, a regulação governamental do Quiz, Jorge Azevedo Correia e a mundividência pós-moderna e residual marxista que infecta o Quiz, ainda o Páramos e os inconvenientes do positivismo, o Quiz como cultura, a crónica do jogo com mais ciência da história do QdC, a explicação etimológica para a predominância de perguntas "humanísticas", e uma entrevista sobre o assunto à Sofia e à Patrícia, uma discussão nos comentários sobre o assunto.
Labels: Dos que não jogam, economia, kulturkampf
Eu não preciso de um economista para me dizer isto!
Os economistas têm uma estranha tendência para tentarem demonstrar o óbvio. E, muitas vezes, não o conseguem: o óbvio não é assim tão óbvio como parece.
Só que há dois tipos de economistas:
Os que explicam mecanismos simples com uma linguagem complexa e os que com uma linguagem simples explicam mecanismos que até são complexos.
É a diferença entre saber e compreender que pode verificar-se em muitas situações (especialmente no quiz).
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