Monday, May 29, 2006

 

Carta Aberta à Comissão Organizadora

Caros membros da Comissão Organizadora,

Decorridas 5 jornadas do campeonato, qualquer observador atento não deixará de notar um par de factos:

- o bom andamento das jornadas tem sido vítima de algumas entorses, que ,progressivamente, se parecem vir a agravar.

- o sucessivo apagamento da Comissão Organizadora (C.O.) que se tem visto muito pouco – ou nada – a interferir nestas matérias, no exercício da sua missão regulatória.

Fique claro que a dívida de gratidão para com os membros da C.O. por tudo o que fizeram até ao momento – e particularmente o espírito de iniciativa que conduziu ao arranque deste campeonato – jamais será obliterável. Malgré ça, não nos deveremos remeter a uma posição acrítica quanto ao comportamento da dita. A C.O. tem-se apresentado sedada, anestesiada, cedendo à democraticidade radical e ao processo de decisão ad-hoc por aclamação popular.

Em princípio, até nos parece ser este o espírito correcto. Afinal são só quizes, há países que se governam, e bem, sem constituições escritas, e de excesso de legislação e regulação já ando eu farto, dada a minha condição de residente na pátria. No entanto, na prática, esta auto-gestão tem apresentado resultados deficientes. Assim, julgo que seria positivo a C.O. estar mais presente e assumir o seu papel dirigente, sem peias nem complexos.

Ou seja, somos, por formação e inclinação, ferozes adversários de dirigismos e da necessidade de “made orders” – ainda para mais numa actividade como os jogos de quiz – mas vemo-nos compelidos a aceitar que será necessária uma maior regulação – como os outros, “mugged by reality”.

Vimos então sugerir à C.O. a adopção de algumas medidas, expostas de seguida:

Ponto prévio: para as coisas correrem melhor, imprescindível é a capacidade de auto-regulação dos jogadores. Citando o FB “Vamos todos fazer menos merda dessa vez, ok?”. O que se segue são sugestões de medidas facilitadoras, mas nem por sombras suficientes.

Ponto 1 – Horários. Neste domínio, tem sido o caos. Na última jornada, a primeira pergunta foi feita para lá das 23:30. Os jogos têm terminado depois das 3:00 da manhã. É uma das áreas em que julgo justificar-se uma posição de força por parte da C.O. Até porque grande parte do atraso se deve a pura inércia: tem-se visto que antes das 22:30 já a esmagadora maioria dos jogadores está presente na Academia. Assim, proponho que doravante, o organizador seja obrigado a distribuir os enunciados da parte escrita impreterivelmente às 22:30, podendo adiar esse momento, por seu livre arbítrio, até às 22:40. Caso alguma equipa não tenha ninguém na sala nesse momento, o enunciado ficará colocado em cima da mesa e iniciarão o preenchimento quando chegarem (e se chegarem dentro do tempo para o fazer).

a) Os organizadores deverão estar conscientes que quaisquer instruções para a parte escrita deverão estar expressas no enunciado para, nos casos das equipas atrasadas, não serem necessárias indicações pelo microfone que perturbem as restantes.

b) Para facilitar a “montagem” da sala, a C.O. deverá proceder ao sorteio dos lugares e enviá-los para publicação no blog para conhecimento das equipas.

c) A duração dos intervalos deve ser minimalista e não deverá ser prolongada por motivo de ausência de uma equipa da sala.

2 – O excesso de granel na sala. É um dos aspectos em que mais nos custa ceder à óbvia necessidade de intervenção e que menos gostariamos de ver “legislado”. No entanto – vide a duração dos últimos dois jogos – parece improvável que a capacidade de auto-correcção dos participantes funcione. Assim, propomos o estabelecimento de um mecanismo simples de penalizações: No final de cada jogo, o organizador entregará à C.O. uma lista de 3 equipas (no máximo, pode não ser nenhuma) que considere terem tido um “mau comportamento”. À terceira citação cada equipa perderá 1 ponto na classificação final e depois mais 1 ponto por cada citação adicional. O organizador poderá recorrer ao ajudante das contas - que terá mais disponibilidade – para efectuar a avaliação. È claro que se poderia recorrer a um incentivo positivo - um prémio fair-play a atribuir no final, usando um mecanismo semelhante, mas tenho menos fé no funcionamento deste.

3 – Reclamações. Outro aspecto que faz quebrar o ritmo do jogo. O que se passou com a pergunta do início da volta a França, com o jogo parado durante minutos quando o Luis afinal tinha razão foi caricato. Aqui propomos que se deixe ao critério de cada organizador a escolha de um de dois métodos:

a) o do Filipe Bravo, em que, existindo reclamação de uma equipa, os pontos são entregues à condição à que deu a resposta pretendida pelo organizador (ou a nenhuma). No intervalo, recorrendo à Internet ou a fontes que os organizadores levem, a pontuação será corrigida. Adicionalmente, para que não se multipliquem os pedidos de verificação, e como o Filipe Bravo propôs, será atribuída uma penalização de um ponto a cada equipa que apresentar uma reclamação que se apure infundada. (na altura não gostamos da ideia, mas agora parece-nos boa).

b) o método trivial pursuit – a resposta é a que está no cartão. O organizador só considerará certa a resposta que tiver como boa, mesmo que estejam a totalidade das equipas a reclamar. Obviamente que, por ser quase impossível um jogo sem erros técnicos (como a realidade tem demonstrado), existirão sempre equipas a serem prejudicadas, mas tal como os erros das equipas, os dos organizadores também fazem parte do jogo. E todos saberão à partida que é completamente inútil qualquer reclamação – excepto para satisfação pessoal, mas essas podem ser feitas depois do jogo.

O método a) é o nosso preferido mas o que me parece importante é que antes do início de cada jogo o organizador informe a sala que método adoptou. A CO deveria legislar apenas isto: escolhe um dos dois métodos, informa a sala e depois segue-o escrupulosamente até ao fim.

4 – Lapsos do organizador. Aconteceu já em vários jogos o organizador divulgar a resposta antes de terminar a cascata. Foram adoptados dois critérios diferentes. Depois do Pascoalinho decidir recomeçar a cascata na primeira equipa que não respondeu errado, o Luis no último jogo voltou à forma de repetir a pergunta para a primeira equipa. Como sempre disse, os dois processos parecem-nos legítimos. No entanto, conviria saber com o que se conta. Assim, propomos que se deixe ao poder discricionário do organizador a adopção de um ou de outro, tendo este o dever de informar, no início de cada jogo qual irá adoptar (e adoptar sempre o mesmo durante o jogo).

Estas 4 sugestões aumentarão o poder arbitral do organizador, mas julgo que, sendo este poder enquadrado “constitucionalmente” por decisões da C.O., contribuirão para uma clarificação destes aspectos e impedirão o constante surgimento de polémicas durante o jogo que têm provocado o prolongamento das sessões para lá do aceitável.

5 – A C.O. tem comunicado pouco ou nada. Neste blog, até ao momento, não houve uma expressão da C.O. enquanto tal. Nem de crítica, nem de regojizo, um conselho, uma novidade, nada. Há equipas que se desagregam, outras que aparecem, mudanças de datas, mas da C.O., nem uma prova de vida. É salutar o despreendimento do protagonismo, mas isto é excessivo. É um suicídio social a raiar a psicopatia. Neste âmbito, três sugestões finais:

a) este blog tem organizado um concurso entre cada prova, que já vai na segunda edição. Até agora os prémios têm sido obtidos à custa das edições repetidas do espólio pessoal do organizador. Assente que está, a breve prazo, o esgotamento dessas reservas, sugiro que seja atribuído um subsídio de 15 euros (pagos contra entrega das facturas) para a compra de prémios até ao final do campeonato (4 livros, os outros 2 estão garantidos). Isto representa, nos 6 jogos que faltam, 2,5 euros por jogo – ou seja, 20 centimos por equipa, ou seja, cerca de 5 centimos por jogador. Podem ser retirados dos prémios do jogo ou do bolo final – não me parece grande rombo. É claro que não deixará de haver concurso e prémios por isso, mas seria uma forma simpática de “oficializar” o concurso QdC.

b) O trabalho do Luís Tirapicos a colocar os jogos on-line mereceria um reconhecimento oficial, até pelo acervo para memória futura que está a ser construído. Proponho que se vá buscar aos fundos algo para promover uma singela homenagem ao Luís no jantar final por este magnífico trabalho. (a feitura do blog também tem mérito, mas daí já ele obterá as recompensas do reconhecimento público e do prazer pessoal)

c) A qualidade e simpatia do serviço de bar na Academia (para lá da cedência do espaço, aparelhagem e da generosidade e simpatia com que somos recebidos) tem-se pautado, a meu ver, por índices próximos da excelência. Proponho que a C.O. providencie no sentido de ser reconhecida, no final do campeonato, esta situação.

Os membros da C.O., que temos por amigos, saberão que esta carta em nada atinge o sincero e enorme apreço, quer pessoal, quer enquanto organizadores, que temos por eles e perdoar-nos-ão as injustiças, que, inadvertidamente, teremos acabado de cometer.

Abraços,
Os signatários

Hugo Oliveira
Rogério Costa
Frederico Bastos

Wednesday, May 24, 2006

 

DIVULGAÇÃO

QUIZ DE CASCATA
Iniciação para Novos aderentes a esta espectacular Modalidade
Centro Cultural e Recreativo dos Coruchéus
Sexta-Feira 26 de Maio de 2006
Rua Florbela Espanca, 2 - R/C Esqº 1700-193 (Metro Roma)
21:30
Inscrições: 96 982 80 46 (Comparência obrigatória às 21h00)
12 equipas
6 convidadas
4 elementos por equipa
4 € por equipa
Imperial 1€
TROFÉUS INDIVIDUAIS PARA A EQUIPA VENCEDORA

Tuesday, May 23, 2006

 

Classificação


 

Crónica

Far-me-ão a justiça de em todas as crónicas que escrevi até hoje nunca ter criticado ou atacado duramente um organizador exactamente por compreender a dificuldade que reveste a feitura de um Quiz de Cascata. É por isso que embora agradecendo as palavras de incentivo e conforto de pessoas de equipas tão diversas como o Hugo Oliveira, o Filipe Bravo, o Marco Vazas, o António Seabra, o Júlio ou o Rogério devo dizer que me sinto injustiçado com as críticas que recebi das pessoas que toda gente consegue identificar e que nunca experimentaram a dificuldade. Não a de fazer um Quiz, isso é fácil (embora trabalhoso), mas de o tornar atractivo e interessante para todo o auditório. Nesse ponto falhei.

Não sei que alguém pensa que me posso ter divertido ao ver as equipas a desligar a atenção do jogo. Não sei se alguém acha que me sinto bem ao ver a minha equipa não chegar à fase final. Mas também quem não compreende isto não compreende nada...

Reconheço que o jogo fugia em muito ao registo normal de perguntas do Quiz a que toda a gente está habituada. Mas não é minha culpa se poucos gostam de tauromaquia. Não é minha culpa se as pessoas que se queixavam de nunca saírem perguntas mais terra a terra, como novelas e música pimba, tivessem falhado redondamente. Não é minha culpa se ficou tudo de boca aberta por saírem perguntas do 28 de Maio e sobre Carlos Manuel... Escarrapachei os temas no blogue antes para toda a gente ver e saber.

Mas vamos por partes e caso a caso e polémica a polémica.

1º Pergunta a dar a volta à sala no nível fácil: O gordo odioso noivo da TVI que todas as noites aparece na televisão. Não era fácil? Qualquer velha de Alfama sabe.

2º Arquitecto de Serralves. Foi a única pergunta que por simpatia pedi a alguém muito amigo para me dar sobre arquitectura de nível fácil. Alguém que não tem nada que ver com stresses quizzisticos e que não tem nada que ser metida ao barulho. Culpa minha que não confirmei. É óbvio que estava errado. Não é menos verdade que só se armaram em defensores da verdade quando confirmaram na internet. As minhas desculpas à equipa 1 altamente prejudicada. Dêem-me um desconto. Todos os quizzes tiveram erros.

3º “Defenders of the Earth” (2º a dar a volta a sala no nível fácil) ? Com Mandrake, Fantasma e Flash Gordon??? Uma séria emitida anos a fio na RTP 1 antes de haver privadas ou tv cabo? Depois de se perguntarem os chefes de redacção do Homem Aranha e do Super Homem? Enfim...

4º Mendes Cabeçadas, Telé Santana e Arnie. OK foi um estupidez. Mas também tenho direito de brincar.

5º A frase de S. Tomás de Aquino não era emblemática. OK outro disparate.

6º Dia de fundação deste Blogue. Acreditem que ninguém se sentiu pior do que eu quando estupidamente impedi 3 equipas de responder. Ainda por cima porque estavam quase a acertar. Tenho a certeza que uma das três diria dia 24 que era o único que faltava.

7ª Dias que Salazar esteve no gabinete a seguir ao 28 de Maio. Pare além de ser uma pergunta temática, sobre as quais já versei, pensei que entre os 15 e os 10 dias mesmo que não se soubesse fossem dar ao 13. Infelizmente começaram a atirar 500 e 90 dias o que inviabilizou o meu projecto.

8º O Bordel do Adamastor em Pedra sobre Pedra. Já falei sobre novelas

Contas feitas o nível fácil era assim tão complicado? Em 78 perguntas 6 deram a volta, dessas 2 eram temas anunciados, 1 não deixei responder várias equipas, 1 era uma brincadeira que ninguém percebeu e não que fosse difícil...

Relembremos algumas perguntas? Final do Estoril Open, Quem apresenta a Bancada Central, capital do Wyoming, Onde se passava os Homens da Segurança, Bugsy, Ursinhos da Guerra das Estrelas?? Por favor. Confesso uma coisa ao reler o nível fácil parece-me que existiram muitas polémicas que empolaram as coisas e que afinal não era assim tão complicado como o pintaram.

O pior quanto a mim terá sido o nível Médio. Houve um grande salto. Sobretudo na 5ª e 4ª cascata onde muitas deram a volta a sala. Criou-se uma sensação de dificuldade extrema nesse momento o jogo estava perdido. Toda a gente ficou de cabeça perdida.

Devo ainda um pedido de desculpas ao Indomáveis. De facto o nome do outro Brian líder do ATP de pares é mesmo Mike. Ao amigo jornalista que sabia, as minhas sinceras desculpas. Nem foi erro do site mas da minha consulta do site que é bem traiçoeiro. Foi o meu segundo e último erro da noite...

O facto de ninguém mais se ter ligado ao jogo foi responsável pela falta de esforço daí em diante o que justifica as baixas pontuações.

Dou um exemplo. Antes de começar a fazer estatísticas aqui no blogue pensava que a minha equipa era prejudicada nisto e naquilo. Por exemplo que apanhava poucas cascatas. Mas não é verdade. Era mesmo impressão. Apanhamos as mesmas que os outros. Temos é tendência a maximizar os erros e aquelas duas ou três perguntas em particular.

Pelo menos esta é a minha leitura do jogo. Mais uma vez não peçam para pedir desculpa por ter perguntado as coisas que gosto. Peço-vos desculpa é por não vos ter divertido, como era minha intenção.

Mais uma vez, ninguém sabe o que é eliminar a própria equipa. Espero que ninguém passe nunca por isso...

Analisando agora o jogo mais uma vitória do Cavaleiros que galopam para o título. Os EVA assumem-se claramente como perseguidores lado a lado com os Fósseis. Os Indomáveis continuam no bom registo e os Mamedes voltaram aos pontos. Lagartixas é que não há maneira de falharem uma final!

Boa sorte ao Júlio, que embora mais rodado, bem precisará dela.

Meus amigos quizzers agradeço a presença de todos no meu jogo e desculpem qualquer coisinha.
Ansioso por vê-los a todos dentro de um mês.

Thursday, May 18, 2006

 

5 perguntas rápidas

Luís Nunes, figura maior do panoramama quizisitico nacional, insigne director deste blog e elemento dos Ursinho, será o organizador da importante jornada de Maio. Como é da praxe, fomos saber o que nos espera na próxima sexta-feira. Cinco pergunta

Luís, este é, salvo erro, o primeiro quiz de cascata que organizas. Como tem sido esta fase preparatória de feitura e organização das perguntas? Está a ser mais complicado do que pensavas? E o jogo já está au point ou ainda te faltam afinar uns últimos detalhes?Bem, de facto organizar este jogo é mais difícil do que se pensa. Começamos cheios de força a inventar perguntas, sobre os temas que mais te são caros. O problema é que depois tens a sensação de andar sempre à volta do mesmo assunto. Mas penso que o jogo está au point.
.
Muita tauromaquia, história e política; nenhuma ciência e nem cheiro “daquelas coisas que só o Miguel Maia sabe”. Poderá vir a ser isto uma sinopse do teu jogo?Diria que sim. Como já disse faz falta entrar por outros temas, outra linha de jogo. Sendo obviamente sempre abrangente.

Poesia química, nomes das equipas, letras de canções. A neutralidade social das “perguntas temáticas” foi brutalmente rompida no último mês, quando tivemos o 25 de Abril. Irás repor o equilíbrio das coisas do mundo com 13 perguntas sobre o 28 de Maio ou o tema será outro?
Eu não sei se estamos em sintonia, mas isso é verdade. Haverão perguntas sobre o 28 de Maio e o 13 de Maio. Lembrei-me de fazer isso no último jogo, de Abril...Para além disso vai ainda haver um outro tema que me é muito caro. A mim e a todos os jogadores do Quiz de cascata.

Na tua última crónica, criticavas o Filipe Bravo e a Paula Lagarto, bem como as equipas, pela excessiva duração do jogo e pelo ruidoso “granel” que houve na sala. Vais preparado para impedir que estas situações se repitam? E já agora, quem te irá coadjuvar na contagem dos pontos?Vou inovar e pela primeira vez vamos ter uma dupla masculina na organização. Para provar que os homens também sabem fazer contas. Em relação à disciplina, já discuti com o João e penso levar cartões amarelos e vermelhos para controlar o granel. Cada cartão amarelo menos um ponto, cada vermelho menos dois. Infelizmente tem que ser posto à votação, no início...

Numa entrevista anterior, afirmaste que irias facultar 60% das respostas a elementos da tua equipa antes do jogo. Ora, tendo em conta vossa perfomance até ao momento, isso irá chegar para atingirem o pódio uma vez mais, ou acreditas mesmo que 60% é suficiente para ganharem? Mais a sério, sabendo os perfis das equipas de topo, apontas alguma como favorita à vitória no teu jogo?
Acho que todas as equipas têm boas hipóteses de fazer boa figura. Vai haver perguntas nunca vistas e quem sabe não haverá surpresas.

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Wednesday, May 17, 2006

 

Friday, May 05, 2006

 

O novo Borges Coutinho!


Jorge "Abba" Correia do Ursinho Bobó, descontente coma falta de contratações futuras para o seu Benfica, resolveu recentemente instituir uma novidade no defeso que está prestes a iniciar. Especular sobre contratações no passado. Jorge anunciou com toda a certeza que Zat Knight foi jogador do Benfica. Jorge escusou-se contudo a confimar os valores da transferência, os anos do contrato e as vezes que actuou pelo Benfica. "Questões de pormenor" referiu o mais que certo futuro canditato à presidência do Sport Lisboa e Benfica (para gáudio de muitos adeptos leoninos e portistas). Na sua carteira de contratações do passado Jorge deverá ainda contar com uma espinha dorsal constituida por jogadores que fizeram as delícias do estádio da Luz como Washington Rodriguez (2 treinos e um almoço), Marcos Alemão (um treino), Lúcio Wagner (10 minutos contra os Sandinenses para a aTaça), Sigurd Rushfeld (uma fotografia com Vale e Azevedo), Paulo Alves (uma conferência de imprensa) e Zack Thorton (o único deste lote a ter figurado ao menos nos Cadernos de A Bola).
Mas a estrela da companhia será mesmo Zat Knight e o seu "1 week trial period" com as águias.

Tuesday, May 02, 2006

 

GRANDE CONCURSO BLOG QdC

Iniciamos com este post uma nova secção, com o objectivo de saciar os apetites quizzisticos no penoso mês de intervalo entre jornadas. Lançamos um desafio aos nossos leitores: para esta primeira edição, deixamos aqui publicado um texto, uma crónica, escrita em meados do século passado (embora, como verão, se mantenha muito actual). O tema - e título - desta crónica é “Quiz”. Terá sido a primeira vez que num jornal de grande divulgação foi publicado um ensaio sobre os jogos de quiz. Para mais, foi escrita por um dos grandes escritores e pensadores da civilização. E prova que o pessimismo cultural não foi inventado pelo Steiner. O desafio é precisamente é este: quem é o autor deste delicioso naco de prosa? Deixem as vossas respostas na caixa de comentários, o primeiro a acertar receberá, na próxima jornada, um prémio: naturalmente um produto cultural, uma obra-prima da literatura europeia em luxuosa edição. Uma pista: este cronista e escritor, para lá de europeu, nasceu no século XIX, assinava sempre com pseudónimo. Infelizmente, hoje é pouco lido, mas foi dos romancistas mais populares do seu tempo. Boa sorte! E, se querem mesmo acertar, leiam o texto com atenção até ao fim!

Os monossílabos têm sucesso: gag, test, sketch, girl, vamp. Imediatos como picadas de insecto, maciços na acção como compressas medicinais, entram na memória, mexem com a imaginação e fazem rapidamente a volta ao mundo. Aos supracitados juntou-se um: quiz, que, em inglês – ou melhor: em americano – significa pergunta, quesito. O quiz é um exame divertido a que as grandes revistas americanas submetem os leitores, e ao qual os leitores se sujeitam espontaneamente. É uma espécie de tomada de temperatura e de pressão. Debaixo de uma fotografia de formato selo, há uma pergunta: “A personagem fotografada acima é Fleming, Einstein, Laughton, Hemingway, Einaudi?” Outra pergunta: “Os etruscos habitaram a Sicília, a Toscana, a Sardenha, a Calábria, a Ligúria?” Ainda outro quiz: “Kadija é uma cidade, uma mulher, uma doença, uma flor, um instrumento musical?”
À semelhança das palavras cruzadas, o quis aumentou as vendas das enciclopédias de pequeno formato; e o rio (três letras) que banha Berna, ou a mulher (quatro letras) que foi amada por Júpiter se tornaram familiares aos que antes não tinham muita familiaridade com os mapas e a mitologia.
Em 1910, o comediógrafo Henri Lavedan, escreveu, em tom de bonomia, esta página alarmante: “Quantas vezes o meu amigo Lenôtre, quando eu tinha o prazer de elaborar com ele a nossa comédia Varennes, me disse e repetiu: “Você é incorrigível. Está convencido de que se saiba que Luís XVI foi guilhotinado. Pois bem: não é assim. Raras pessoas ousam afirmá-lo; alguns só o presumem…Dois em mil! E ainda!... Não se sabe nada…nada!” Então – prossegue Lavedan – eu considerava isso uma pilhéria do meu amigo. Reconheço hoje que ele tinha razão. E, fazendo esta declaração, não pretendo atirar a pedra ao meu próximo, porque ela me recairia no nariz. Mais ignorante do que outrem, eu verifico simplesmente a imensidade, a imensidade insuspeitável da ignorância, sobretudo em História e Geografia. Apesar do que estudamos, ninguém sabe nada e é possível deixar cair desassombradamente os erros mais crassos, porque ninguém se curvará a juntá-los. Experimentem. Digam num salão que Luís XV era pai de Luís XIV e que o duque de Bordeaux foi filho do conde de Chambord; que os Países Baixos é o nome antigo da Espanha; que Oudenarde é uma ave de galinheiro; que Marborough há de ficar sendo um dos melhores contos de Perrault; que o quadro das bodas de Canaã é reputado justamente a obra prima de Pergolesi…e esperem para ver.”
Era a época em que, recebendo a visita dum embaixador búlgaro, Giovanni Giolitti lhe disse: “A Itália e a Bulgária têm interesse em serem boas amigas, já que são banhadas pelo mesmo mar.”
A ignorância tem o seu lado pitoresco; seríamos ingratos se dela maldisséssemos demais. A ela devemos as respostas mais divertidas. Um cortesão de Luís XV blasonava entender de pintura. O rei, para o pôr à prova, apresentou-lhe um quadro com a Crucifixação e perguntou-lhe de quem era essa obra. O cortesão relanceou um olhar à tela e respondeu com importância: “No caso, nem se trata de adivinhar, porque está bem clara a rubrica do autor. Este quadro é do famoso pintor Inri.”
Mademoiselle Champmeslé, célebre actriz que foi amiga de Racine, perguntou a este donde extraíra o argumento da tragédia “Atalie”. “Do velho testamento” – respondeu Racine. “Ora essa! – tornou ela, com ingénua surpresa – “Por que do testamento velho, se há um novo?”
A actriz Rachel, cônscia da sua ignorância e já protegida pela celebridade, comprazia-se em a ilustrar com anedotas. Certo dia, apresentaram-lhe um pintor ou escultor chamado Millot. Naquele tempo, a Vénus de Milo era o assunto do dia; e Rachel, para se mostrar amável, vibrante e informada, disse com entusiasmo: “Vi a sua famosa Vénus, a Vénus de Millot. O senhor é um grande artista!”
O exercício quotidiano das palavras cruzadas e alguns quizes as imunizariam por certo contra essas gaffes. Mas esta nossa época requintada, que preza a anedota, os gráficos, as histórias curtas, o artigo condensado, a vida romanceada, a curiosidade científica, foi pervertida pela comodidade; já agora, a cultura é um bar automático, um distribuidor com moeda e manivela, de todo o saber. Afrontar directamente o livro, para assimilar num metabolismo calmo as suas belezas, ou o pensamento de que é tecido, tornou-se numa fadiga para os pobres estômagos modernos, estragados pelas sínteses, pelos abstractos, pelas pílulas, pelas drogas. A Editora da Universidade de Colúmbia realizou um inquérito entre editores, escritores, críticos, livreiros e bibliotecários, para averiguar quais são, segundo o gosto hodierno, “os livros mais enfadonhos da literatura universal”. O inquérito deu resultados desconcertantes: os livros mais aborrecidos seria, pois: o Faust de Goethe; o Dom Quixote de Cervantes; o Paraíso Perdido de Milton; Moby Dick de Melville; e Ivanhoe de Walter Scott. “Bastante enfadonhos”, no dizer dos interrogados, são também dezassete obras de Shakespeare.
Assistimos a uma crise de decomposição da cultura e da literatura. A química insinuou-se no próprio domínio das ideias, com as suas desagregações, as suas recomposições, as suas transformações, as suas sínteses. O romance de Balzac ou de Stendhal reduz-se a uma série de quadradinhos, com as palavras saindo da boca das personagens principais, como o ectoplasma, dos lábios do médium, nos truques fotográficos dos mistificadores; os aforismos cínicos de Rastignac, de Vautrin, os filosofemas de Julien Sorel são enumerados noutro ponto do jornal, um por cima do outro, como comprimidos de aspirinas. A necessidade de uma paisagem satisfaz-se com fotografias de manequins, desfilando num estabelecimento de “haute couture”, ou de mulheres de maillot nas praias da Califórnia. Tendo à mão o alimento espiritual tão comodamente subdividido e servido, quem terá ainda ânimo de afrontar a obra-prima desta ou daquela literatura que emprega três páginas para descrever a entrada dum trem numa estação, ou dedica um capítulo inteiro a uma batalha?
Os estratos concentrados de cultura farão nascer de novo o gosto pela elaboração sossegada. Não tardaremos a perceber que nada de sério poderá ficar, se não for mastigado e digerido pacientemente. As palavras gregas, que nos ajudam a entender a etimologia de certos termos do nosso idioma, são trinta, ou cinquenta, no máximo uma centena. Todavia, não basta aprender essas poucas dezenas de vocábulos gregos, que poderíamos decorar numa manhã. É preciso estudar grego cinco anos, para que eles nos entrem no sangue.
Conta-se em Paris uma velha anedota, actualizada como tantas outras: um inspector de ensino pergunta a um colegial: “Quem quebrou o vaso de Soissons?” “Não fui eu” – respondeu o aluno. O inspector narra o episódio à esposa, e ela exclama: “ Se foi outro, porque o pequeno havia de dizer que foi ele?” Afinal a história chega ao gabinete do ministro que determina energicamente: “Mandem consertar o vaso e não me falem mais disso!”
Isto é simplesmente a nostalgia da cultura, a saudade da ignorância olímpicos dos áureos tempos em que o quiz não provocava apetite mental.

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