Wednesday, October 17, 2007

 

Crónica da Jornada: outra vez a três.

Antes de mais, o ponto de maior interesse da última jornada do Quiz de Cascata foi, claramente, o que se enuncia: após meses de exílio belga, regressou à competição oficial um dos pioneiros do Quiz em Portugal – Zé Vicente “Santas Noites”. A caminho de novo exílio, desta feita menos intolerável e com mais salero, a importância desta singela presença escapará aos não-iniciados, mas confiem em nós: o campeonato ganhou uma outra dimensão.

Cerca de um ano depois de terem feito a sua estreia na Ajuda, eis que os já muito típicos, e sempre mediáticos, Zbroing 747 tratam da organização de uma jornada. Depois dos recentes jogos - tempestuosos e polémicos - uma opção acertada por um jogo seguro, sem grandes riscos. E, parece-nos, muito bem conseguido. Temas variados, perguntas divertidas, um jogo na linha daqueles que, como os apresentados pelos Fósseis e pelos Médicos, costumam recolher os favores do público. Evitando sempre a monotonia e o desinteresse, pensamos que a melhor crítica que pode ser feita à perfomance dos organizadores é que há muito, muito, muito tempo, que não se via o salão da Academia da Ajuda tão repleto de espectadores nas fases mais adiantadas do jogo. O que até acabou por colocar problemas de outra ordem. Apresentação segura do João, aqui ou ali excessivamente áspera para uma sala que não primou pelo silêncio, igualmente bem o Gonçalo na contagem (este blog não pode deixar de registar a qualidade e a diligência com que nos chegaram as pontuações – um exemplo para futuros organizadores) e no dirimir de dúvidas. Em suma: um jogo de excelente nível, marcado apenas pela discordância quanto a um possível exagero na dificuldade. Já lá iremos. Numa análise temática, prevalência, dentro da pluralidade já destacada, para perguntas geek e cinéfilas – a retratarem as preferências de cada um dos autores do jogo, conferindo a este um tom intimista sem descair no sempre aborrecido umbiguismo e, menos explicável, uma arreigada presença de japonesices.

Pela negativa, destaque para a ausência dos Médicos e, comme d’habittude, dos Biondi Team e Moscatel & Scones. Golfinhos, Santas Noites, Leporinos e Laranja Mecânica ficaram logo pelo primeiro nível. Desagradável para todos, mas mais inesperado no caso das duas últimas equipas, duas habitués na luta pelos pontos. Mais agradável terá sido a noite de dois elementos dos Santas Noites que, no final do jogo, foram confrontados com uma conta conjunta de 37 imperiais. Este não é um blog moralista, mas como é possível querer sobreviver num ambiente de alta-competição com actuações deste jaez? Com comportamentos destes, não são de estranhar os 7 pontos ao cabo de 7 jornadas. Todos de presença, claro está.

Muito comentado foi o grau de dificuldade do nível 1, tido como demasiado elevado pela maioria dos participantes. Sem negar a evidência de uma boa dose de perguntas estarem, claramente, fora do seu sítio – há quanto tempo não havia um jogo com tantas perguntas a “darem a volta” no nível 1? -, somos do parecer que o caso não é de ampla gravidade. De facto, a esmagadora maioria das perguntas era mesmo de nível fácil e, no mínimo, cada equipa acertou 3 perguntas e 2 perguntas directas. Bem diferente do nível 2, onde já existiram 4 equipas que não acertaram qualquer pergunta directa e do terceiro, onde metade das equipas não acertou perguntas directas. Em termos de dificuldade o jogo foi dotado de uma coerência endógena. Eventualmente, terá sido um pouco mais exigente que a média (em particular no nível I) – mas sendo o grau certo dessa exigência assunto dado à discordância, parece-nos que o essencial é conseguir aquilo que os Zbroing fizeram: cada nível foi substancialmente, coerentemente e sensivelmente mais díficil que o anterior.

Vitória, sem discussão, mas dramática, dos Fósseis. Dramática porque era imprescindível para, a 3 jornadas do final, os voltar a colocar na luta pelo título. Sem discussão porque foram sempre a equipa mais regular e nem a excelente ponta final mamedina lhes roubou uma vitória que pareceu sempre segura a partir da segunda metade do jogo.

Os Mamedes viram uma ampla recuperação – verificada precisamente quando o terreno temático se “inclinou” em seu favor, com maior representatividade de perguntas “científicas” e “geeks” -, ser recompensada com um saboroso 2º lugar, que os deixa a apenas um ponto da liderança. Impressionante (pelo menos assim nos pareceu) a prestação na terceira parte, com algumas respostas claramente gebreselassieanas.

Já os Cavaleiros, depois de, ao contrário do habitual, terem começado de forma excelente, terminando o nível 1 com uma vantagem de 5 pontos sobre os mais directos perseguidores (muito ajudados por este nível ter tido uma dificuldade maior do que costuma ser habitual), claudicaram decisivamente nos seguintes: o jogo arrastou-se para terrenos temáticos menos propícios, e foram vítimas de enorme azar nas perguntas directas – depois de não falharem qualquer uma das 6 no nível 1, nunca mais voltaram a acertar numa directa até ao fim do jogo - e a esmagadora maioria delas deu a volta à sala. Nas de cascata, a perfomance não desceu assim tanto: 4 em cascata no nível médio (a segunda melhor prestação de toda a sala) e 3 em cascata no nível díficil (a terceira melhor prestação na sala). O problema foram mesmo os rotundos zeros nas directas. Para lá de, sendo este eventualmente o aspecto mais relevante, grande parte dos neurónios da equipa se terem arrastado num caldo etílico a partir do primeiro intervalo, uma prática que os Cavaleiros já pagaram bem caro em eventos passados.

Em excelente forma, e a caminharem a passos largos para reclamarem, uma vez mais, o estatuto de 4º grande – ou, quiçá, um pouco mais que isso -, estiveram os Lagartixas. À parte as da Santíssima Trindade, foram a única equipa a chegar à casa dos 30 pontos. Depois de uma fase mais alterosa, Filipe Bravo parece ter conseguido estabilizar a nau.

Também nos pontos, Ursinho Bóbó, os quais, depois de um péssimo início de campeonato, que levou a precoces conversas sobre “belenensesizações”, têm vindo a realizar uma prova ao seu nível, mantendo as ambições de chegar ao 4º lugar; e uma excelente supresa: apenas na sua segunda apresentação, os Ambité, de Hélder Clemente e Miguel Fialho, conseguem entrar directamente nos pontos. Uma estreia prometedora, como há muito não se via no Quiz de Cascata. Estará aqui um futuro grande desta modalidade? A colocação poderá ter ajudado, mas chegar aos pontos no segundo jogo e logo numa jornada tão competitiva como esta, em que nenhum dos favoritos encalhou prematuramente, não é para todos. A seguir com atenção.

Prestações intermédias para Min. do Apocalipse, BMV e Indomáveis, uma vez mais fora dos pontos, com os primeiros a serem ultrapassados pelos Ursinho na luta pelo sexto lugar, os segundos a, ainda assim, fazerem uma prestação melhor do que tem sido habitual esta época, isto numa sessão em que prescindiram de Marco Vaza e os BMV a revelarem os habituais problemas de consistência no nível médio que têm revelado esta época. Em 10º lugar, uns desfalcados e prazenteiros Zbroing 747.

A luta pelo título fica assim ao rubro após esta jornada. Uma vez mais, iremos ter uma corrida a 3 até ao fim. As coisas poderão começar-se já a definir na próxima sexta-feira, com a organização dos Min. do Apocalipse.

Uma palavra para o serviço: privados da presença tutelar da D. Paula, em merecido gozo de férias, as esforçadas gentes da Academia da Ajuda tudo fizeram para suprir, com sucesso, esse enorme obstáculo. E com todo o sucesso, diga-se.

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Comments:
Caríssimo hugo, antes de mais, um grande bem-haja pelo seu regresso.
Sabe q folgo mto ouvi-lo e, já q vai tão lançado no teclado, talvez consiga responder finalmente a esta questão: pq é q nesta ultima jornada os ursinhos puderam rodar os elementos da equipa e, há umas jornadas atrás, o mesmo não foi permitido a outra equipa (zbroing)?

Os meus cumprimentos
 
Uma pertinente questão, caro Filipe.
 
Cara Filipa, queria eu dizer.
 
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