Sunday, April 22, 2007

 

A minha opinião (Parte I - Onde os organizadores falharam)

Ante-Scriptum: O jogo dos Mamedes foi o menos convencional dos realizados até hoje na história desta modalidade. Foi, essencialmente, um jogo de risco. Na minha opinião, houve riscos que valeram a pena correr (independentemente de a coisa ter funcionado) e outros que se revelaram, como eu previa, uma aposta desastrosa. Ou seja: eu gostei muito de algumas coisas, não gostei nada de outras. Hoje, irei falar-vos das segundas.

Memória pessoal: estive, há uns dias, numa conferência profissional. No palco, um ministro (político) e o administrador de uma grande empresa do sector dos transportes (gestor; brasileiro, o gestor, pública, a empresa). A dada altura, o primeiro refere, com o típico entusiasmo da classe (leia-se: inconsciência), um prometedor mercado, sugerindo, com a típica generosidade da classe (leia-se: é o dinheiro dos outros), que a empresa o deveria começar a explorar de imediato, nestes termos: “É o grande mercado do futuro, não podemos perder tempo”. O gestor levou as mãos à cabeça, e respondeu prontamente, inundando o auditório de gargalhadas (ler com sotaque brasileiro): “Tem toda a razão, sr. ministro. É mesmo o mercado do futuro. E, lhe garanto: quando o futuro chegar, nós estaremos voando para lá. Mas enquanto não chega, a gente aguarda”. Naturalmente, não é grande ideia vender hoje se os clientes só existirem na próxima década.

A tendência para apostar no futuro, para arriscar e inovar, é parte da natureza humana, e daí tanto vem o bem como o mal. Em algumas áreas, como, ‘zamente, a Ciência, é essencial; nos negócios, é, tautologicamente, arriscado – e, como sabe o gestor citado, há riscos que se devem correr e há outros incomportáveis; na Política, conduz quase sempre a resultados catastróficos (por muito estimáveis que os objectivos pareçam ser) – como, melhor que todos, entendeu e ensinou este senhor há mais de 200 anos. Por alguma coisa recomendava Popper que a utilização do método tentativa-erro nos assuntos públicos fosse sempre efectuada de forma módica, restritiva e limitadíssima. Isto é tão certo que deu origem a uma lei com maiúsculas: the Law of Unintended Consequences.

Onde quero chegar com esta apologia do conservadorismo? A isto: do ponto de vista do organizador, o Quiz é muito mais Política do que Técnica. Foi a Law of Unintended Consequences Law que o Jorge e o Alex ignoraram quando optaram por aquilo que neste blog se classificou como cenas geeks e choque tecnológico.

Vá lá que, ao contrário da política, no quiz as pessoas não morrem nem empobrecem. Mas chateiam-se e agitam-se. E esse foi o problema. Claríssimo: ter de estar sentado a fazer as perguntas, impossibilita qualquer condução eficaz de um Quiz de Cascata (pelo menos em Portugal, na Alemanha é capaz de dar). Por isso é que a qualidade do jogomelhorou drasticamente no Nível III, quando já só havia 6 equipas, todas nas 2 primeiras filas. A grelha, o policromático, tudo muito giro; mas e depois, o tempo que se demora a fazer as perguntas? Estar em pé para ouvir as respostas das equipas, depois voltar para a cadeira para pôr os olhos no monitor, depois assentar os pontos, depois procurar a nova pergunta. Naturalmente, as fileiras irritam-se. Para mais quando as coisas já começaram a destempo, precisamente devido ao inqualificável atraso dos organizadores (shame on you; eu bem fiz a proposta para que os regulamentos previssem uma penalização a organizadores atrasados), e a uma prova escrita que, apesar de estar interessantíssima, divertida e com muita qualidade, sofria do pecado que temos abordado, resumido num aforismo: o óptimo é inimigo do bom. Até poderia funcionar, se as equipas estivessem habituadas aquele formato (e não perdessem tempo e energias à procura de respostas a perguntas onde já tinham acertado metade e dificilmente chegariam à totalidade) e se os organizadores tivessem 10 ajudantes para corrigir as 40 alíneas de cada uma, mas, não sendo assim (lá tá!), resultou num tremendo desgaste e na chatice da primeira pergunta ter sido feita depois da meia-noite!

Com as dificuldades que criaram a eles próprios, os organizadores raramente conseguiram controlar as operações. Em conversa com o Fred ainda durante o jogo, chegamos a esta analogia: foi como aqueles jogos de futebol em que o árbitro começa a inventar umas coisas no princípio (mesmo inocentes, do tipo repita o livre que a bola estava 10 cms à frente), enerva os jogadores e o público, e, a partir daí, até pode fazer uma arbitragem perfeita que lhe cai sempre tudo em cima a qualquer apitadela.

Esta é a parte negativa do saldo do jogo de sexta; de qualquer maneira, parabéns pela coragem: tiveram o mérito de tentar e a homenagem à D. Paula foi muito bonita. Mas há inovações que não interessam. Há tecnologia que ainda é demasiado incipiente para ser útil. Há, retomando o início, mercados com tanto futuro que são ruinosos no presente – que é onde estamos. O princípio de que se deve desconfiar de ministros ou governos voluntaristas e inovadores aplica-se a Quiz-Masters. O progresso que venha, mas devagarinho e com cuidado. Brevemente, escreverei sobre o que gostei.

HO

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Comments:
concordo. foi uma confusão por causa dakilo.
 
A ideia do jogo era boa mas a execução foi péssima.
Volta Tirapicos. Estás perdoado!!
 
"A ideia do jogo era boa mas a execução foi péssima."

Epá, acho que deverias reler o post. Já na política, a desculpa é sempre essa: era uma boa ideia mas não funcionou porque foi mal executada.
 
Realmente, a execução nao foi a melhor, admito-o; além da tal lei das consequências, julgo que a maior presunção foi a que a audiência seria mais indulgente perante as novidades, o que não sucedeu.

Já o meu levanta-senta não se deveu ao método utilizado (a ideia era ter o computador na beira do palco e conduzir sempre o jogo de pé), mas a não conseguir estar muito tempo levantado derivado à lesão.
 
"Já o meu levanta-senta não se deveu ao método utilizado (a ideia era ter o computador na beira do palco e conduzir sempre o jogo de pé)"

Irrelevante. Não seria na mesma possível manter um ritmo apropriado. Com as perguntas em papel, sem grelhas, podias ter conduzido o jogo sentado no palco ou na mesa e as coisas decorriam normalmente.

"julgo que a maior presunção foi a que a audiência seria mais indulgente perante as novidades, o que não sucedeu."

Idem. Não poderias pensar que a audiência fosse indulgente perante o atraso e depois o arrastar do jogo devido ao método de fazer as perguntas.
 
de qualquer modo eles corrigiram a parte escrita muito depressa, e estava bem interessante e original - a melhor de todas as deste ano
 
Realmente, arriscámos; os precalços sucedidos servirão para corrigir o método futuro. Entre estes, tornou-se óbvia a necessidade de acompanhar o sorteio das perguntas com um ordenamento das mesmas, isto é, o programa que escolhe aleatoriamente as questões deve depois apresentar as perguntas por ordem. Se algum dos futuros organizadores estiver interessado em seguir este método, posso melhorá-lo e disponibilizá-lo à comunidade quizística que, claro, pode pronunciar-se sobre melhorias, conforme o interesse individual.
 
não há que ter medo das inovações - o que talvez fosse melhor era que a parte escrita fosse menos comprida
 
"de qualquer modo eles corrigiram a parte escrita muito depressa, e estava bem interessante e original - a melhor de todas as deste ano"

Sim, provavelmente a melhor de sempre. Corrigiram depressa? Para o tamanho daquilo, talvez. Mas não há milagres: quando foi feita a primeira pergunta havia pessoas que já estavam na Academia há 2 horas.
 
"derivado à lesão."?!?!?!

"precalços"!?!?!?

Engenheiros!!!!!!!

Se os professores da instrução primária fossem um pouco mais rigorosos....

Se calhar também são engenheiros...
 
caro anonymous, se estiver com atenção saberá que nenhum deles é engenheiro. se duvidar, confirme na próxima jornada
 
Segundo está ali ~em baixo na entrevista, um deles é engenheiro.

Jorge, como é que funciona exactamente o algoritmo? Pelo que percebi, estando as questões indexadas a temas, ele ordena-as aleotariamente optimizando a não-repetição de temas para cada equipa. É isto?
 
Venho exigir a publicação dos certificados dos futuros e passados organizadores!!

Não sei se é uma descrição assim totalmente fiel da realidade (não durei muito..sniff..), mas o post está fantástico. Estes pararelismos que vocês fazem entre o quiz e outras coisas são mesmo giros! E axo que vou passar a ser conservadora, sério. Não há nada de jeito pra conservar, mas escrevem bem!
 
Que giros, tantas opiniões!

Em primeiro lugar, o "derivado à lesão": Hugo, não percebo como podes ter criticado esse aspecto do jogo; eu própria encontrei-lhe algumas falhas que logo apontei ao Jorge, previ alguns dos problemas, mas o facto de ele ter de estar sentado parece-me auto-evidente. É óbvio que não ajudou ao jogo, mas auto-evidente nonetheless. E o erro gramatical apontado pelo anónimo com olho de falcão foi naturalmente propositado, o sentido de humor e ironia é que aparentemente não abundam...

Em segundo lugar, uma questão levantada pelo Hugo e que também ouvi na Academia após o jogo,
"Irrelevante. Não seria na mesma possível manter um ritmo apropriado. Com as perguntas em papel, sem grelhas, podias ter conduzido o jogo sentado no palco ou na mesa e as coisas decorriam normalmente."

Com as perguntas em papel fiz eu, e acusaram-me de estar a escolher. Sem grelha, implica ordenar à mão mais de 200 perguntas. Mas não acham que organizar um quiz deste tamanho já exige uma grande disponibilidade e boa-vontade do organizador...? Não podemos também pedir aos jogadores alguma boa-vontade própria e moderação/compreensão nos protestos?

Bottom line, não se fazem ovos sem partir omeletes. Se querem um jogo com perguntas de diferentes tópicos e igualmente distribuídas (e tantas queixas surgem quando não é assim...) têm de ser mais compreensivos e perceber que as coisas não acontecem derivado a magia.
 
"[...] se estiver com atenção saberá que nenhum deles é engenheiro. se duvidar, confirme na próxima jornada [...]":

Realmentes, o Alex não é engenheiro, é licenciado em matemática - o engano foi derivado a mim. Eu sou licenciado em Engenharia, não Engenheiro (pelo menos com letra grande), já que nunca me dei ao trabalho de me inscrever na ordem, fazer estágio e etc.

**********************************

"Jorge, como é que funciona exactamente o algoritmo? Pelo que percebi, estando as questões indexadas a temas, ele ordena-as aleotariamente optimizando a não-repetição de temas para cada equipa. É isto?"

Isso seria o ideal, mas implicava repetir o ordenamento no final de cada nível, já que não se sabe quem vai passar para seguinte, condição necessária para fazer a priori a respectiva correccao estatistica. Por isso, o que fiz foi garantir que qualquer equipa em qualquer nível recebe uma pergunta aleatória dentro de cada tema (quatro no total), e depois duas perguntas de qualquer nível. Depois de escolhidas, baralhei as perguntas de cada equipa.

Trabalho a fazer:

- garantir que as duas últimas perguntas escolhidas não são do mesmo tema;

- melhor, enquadrar as perguntas em seis temas;

- unificar o programa de escolha de perguntas com a lista de perguntas (provavelmente, transformando a última numa base de dados e reescrevendo o programa como macro desta)

- unificar o programa daí resultante com o programa de pontuações (em que se coloca o número da equipa que acertou cada pergunta, e gera automaticamente a pontuação) - não o utilizei porque, no actual estado, implicava manipulação por uma segunda pessoa.

Idealmente, satisfeitas estas condições seria muito mais rápido fazer um quiz: duas pessoas poderiam dedicar-se alternadamente à apresentação das perguntas e operação da máquina, e uma só poderia ser rápida qb.

De resto, subscrevo o que a Sofia disse: o tempo extra gasto a procurar as perguntas na lista não reflecte o formato digital utilizado, mas apenas a escolha da ordenação aleatória. Daí que a alteração de maior importância passe pelo ordenamento do enunciado das ditas.

O meu objectivo primário foi informatizar a organização do quiz (muito por paixão de cenas geek, admito-o), falta automatizar efectivamente a sua apresentação. Dar-se-á (ou, na minha condição de engenheiro, darásse), julgo, a primazia ao elemento humano - que ficará encarregue da tarefa em que é insubstituível: comunicar.
 
E, já agora, "precalços" foi derivado a gralha.
 
Fazendo uso de uma coisa que já está algo fora de moda e que acho que se chama sinceridade, deixo aqui a minha opinião sobre o jogo, que vale aquilo que vale (cerca de zero).

A parte escrita foi sem dúvida a melhor deste ano, no entanto, embora o custo da inovação a deveria ter tornado um pouco mais curta (já q sendo longa e começando atrasada equivale a começar a regar a sala com gasolina segurando um fósforo nos dentes).

O resto do jogo, teve as suas questões (e refiro-me apenas as duas primeiras partes, já que não vi a 3a por indisposição geral da minha equipa a.k.a. falta de pontos).

- Algum excesso de respostas abertas, especialmente nas ciências. Que o jogo teria mais algum pendor nesta área já se sabia, mas num jogo prolongado pretender respostas extensas em matérias mt específicas acaba por ser penalizador (se bem q houve quem se degladiasse para enumerar pequenas teses como resposta).

- As questões de ritmo de jogo / execução, que já foram mencionadas.

- Um certo arredondamento de temas, compreensível porque é natural que alguém que tem o trabalho e dedicação para fazer um quiz deste tamanho acaba por se calhar abordar temas q lhe são mais gratos. Mas, depois o problema põe-se na dificuldade, já que nos temas que gostamos mais temos por norma mais dificuldade em estabelecer graus de dificuldade.

No dia em que fizer um quiz (se isso chegar) também já sei que posso levar bordoada de meia noite e é merecida de certeza, nem escrevo isto como ressabiadismo, até porque as minhas aspirações nesta modalidade são apenas as do fumo na sala ou das bifanas na cozinha...
 
Jorge, dentro do espírito do peer-review e opensource, posso ter acesso ao código dos programas que utilizaste na sexta-feira? O meu email é joaop at co.sapo.pt . Obrigado!
 
Cada cabeça sua sentença…

Já muita gente falou e 'bateu' em alguns aspectos do jogo de sexta. Independentemente das opiniões, este jogo organizado pelos Mamedes parece 'encaixar-se' num adágio que eu tenho vindo a sugerir acerca dos mais variados aspectos da vida portuguesa:

- "Em Portugal, castiga-se mais o erro do que se premeia a iniciativa."

Infelizmente, parece-me que esta frase é válida para a nossa indústria (se é que ela realmente existe), para a nossa economia, para a nossa investigação, etc.
Quanto à política, a 'Law of Unintended Consequences' parece-me sensata, no entanto a sua aplicação é por vezes errada, impeditiva de mudanças urgentes.

No que diz respeito à polémica em torno das perguntas de Ciências, e embora admita que a introdução de perguntas de desenvolvimento do tipo "porque que razão…" levou a problemas, houve um desabafo de alguém na sala que me deixou a pensar.

No meio de uma cascata de uma pergunta de Ciências (não sei se foi a dos polímeros), alguém desabafou: "O que é que isso interessa?!"
Fiquei chocado. Nunca vi ninguém por em causa o facto de em todos os jogos existir uma dose considerável de perguntas de BD, algumas delas bastante específicas. Eu próprio que não percebo nada de BD não me importo, é uma maneira de aprender.
Será que a pessoa que mandou esse desabafo não teve curiosidade em saber porque é que o céu é azul? Porque é que uma panela com água ferve? Porque é que se forma uma bola de sabão? Porque é que as fraldas absorvem tanta água sem que o rabinho dos bebés fique molhado?
Pois bem, a resposta a esta última pergunta tem a ver com polímeros e géis.

Talvez sejam mesmo necessários mais professores primários formados em engenharia ou tecnologia…

Eu como licenciado em engenharia já me fustiguei pelo percalço associado à palavra 'precalço'. Sim, já tenho as costas em sangue de tanta chibatada, porque os licenciados em engenharia são tão corporativistas como os advogados, os médicos, os jornalistas, os juízes, os pedreiros e as prostitutas.
 
Dito pelo Sérgio Kostov,

"Algum excesso de respostas abertas, especialmente nas ciências"

tem graça, porque eu disse exactamente as mesmas palavras ao Jorge (eu, crítica??). Mas a bem da verdade desportiva, a culpa não é bem dele (pelo menos metade). Eu vi as respostas e ele só queria o mais básico, o que cai na cultura geral. O problema é que quem sabe muito de um assunto não consegue simplificar; e quem gosta e sabe muito de um asssunto, tende a fazer dissertações doutorais, com o inconveniente de as restantes equipas julgarem que era essa a resposta pretendida.

Já agora, ao escrever isto tive uma auto-epifania: as minhas respostas às perguntas de ciências são sempre muito sintéticas e básicas (até em excesso, como no caso do velhinho ciclo de Krebs e do João ex-Bigodes). Ou não gosto daquilo ou sei mesmo muito pouco.
 
Vítor, que não te choque o desabafo! Vê-se mesmo que és newbie... Quanto aos polímeros, sem desprimor para os bebés, mas a pergunta "como é que os genes fazem quem nós somos?" também tem uma resposta polimérica e não é por isso que há interesse em sabê-lo...

Estamos numa cultura de não-curiosos (agora sem desprimor para os que não se incluém nesta generalização, e conheço alguns no próprio quiz), essa é que é essa!
 
O desabafo "O que é que isso interessa?!" não me choca nada! Quem estiver interessado em saber sobre o assunto pode sempre investigar posteriormente. Estavamos a meio de uma cascata, toda a gente sabia o muito que faltava para jogar e, como é óbvio, o jogo só ia acabar às tantas. As perguntas/respostas de ciência foram demasiado específicas e isso é não ajudou os leigos (eu) a compreender alguma coisa.
 
A prova escrita independentemente da qualidade desta, tem de ser curta e sintética. Principalmente por causa da correção. Nos primórdios do quiz ela serviu para factor primordial de desempate, mas agora serve apenas de aquecimento e para os organizadores porem à prova os seus dotes inventivos. Acho que o principal problema está precisamente, quer na parte escrita quer no jogo em si, na tentativa do organizador seguinte ser diferente do anterior pretendendo inovar na elaboração do jogo. Eu não sou adepto desse sistema. Para mim a graça deste jogo está no seu ritmo de execução e no roubo de perguntas ao adversário, factor gerenciador de adrenalina. Daí que tudo o que o torne mais lento o prejudique. É um jogo simples e era bom que as pessoas não o complicassem, para complicados já temos o anormal do Hugo e este blog.

Abraços à malta e beijinhos a elas.

Joao ex-Bigodes
 
Pode ter perdido o bigode, mas não perdeu postura este Lord. Tirando no campo de basket és grande ;)

@ Sofia - Sim, a questão das perguntas abertas / estruturação da dificuldade das mesmas era algo por aí, se bem que o entusiasmo de alguns na matéria foi contrabalançado pela falta de interesse de outros na mesma, pelo que no final deve ter dado um interesse médio...

Qt a Polimero, sempre achei que era um pinto com uma casca de ovo na cabeça que se queixava do seu azar com "É uma injustiça", por isso imaginem a minha surpresa...
 
Caro João Velhote, aqui vai o link com os programas:

http://fisica.ist.utl.pt/~x_jorge/QdC/

Foram escritos em Mathematica e não estão comentados, as minhas desculpas aos escrutinadores. De qualquer modo, as iniciais variáveis seguem uma nomenclatura com alguma lógica escondida: P para perguntas, R para resto, F, M, D para os níveis, etc.

No link terão também acesso à lista de perguntas, onde poderão verificar que muitas respostas de ciência foram desnecesariamente complicadas, e que aceitei outras que não utilizavam exactamente as mesmas expressões que eu.

Já na proporção, poderão verificar (embora a lista esteja colorida por sub-grupos) que, à excepção do "Diversos" (TV, Personalidades, Actualidade e Desporto), todos os grupos têm o mesmo número de perguntas no primeiro nível (25 de Ciência, Humanidades e Artes), e que a ciência vá perdendo relevância: no médio, foram 15 de Ciência, 16 de Humanidades e de 16 Artes; no difícil, 8 de Ciência, 12 de Humanidades e 9 de Artes.

Assim, nem o pecado capital de equiparar a Ciência aos restantes temas culturais foi completo, tentando precaver (ou será "percaver"?) que nos últimos dois níveis os ânimos se exaltassem com a sua inclusão.

Mas, como também eu ouvi, o que é que isso interessa?
 
"mas o post está fantástico. " - Joana

"Estes pararelismos que vocês fazem entre o quiz e outras coisas são mesmo giros" - Joana

Vocês? Quais vocês? Eu escrevo sempre sozinho.

"E axo que vou passar a ser conservadora, sério. Não há nada de jeito pra conservar"

Sim, sim, muito lúcida. Essa questão: mas como ser conservador em Portugal quando há tão pouco para conservar? obriga-nos a uns exercícios complicados.


"Hugo, não percebo como podes ter criticado esse aspecto do jogo; eu própria encontrei-lhe algumas falhas que logo apontei ao Jorge, previ alguns dos problemas, mas o facto de ele ter de estar sentado parece-me auto-evidente. É óbvio que não ajudou ao jogo, mas auto-evidente nonetheless." - Sofia

Bem, já respondi. Eu limitei-me a fazer uma constatação superlativa: é impossível conduzir o jogo abancado. E desde a lesão até ao jogo os organizadores tiveram quase um mês para encontrar uma solução. Mas como já disse, é irrelevante. O problema está na utilização do computador - factor que poderia ser minorado, mas não mais que minorado, com o uso de um palanque (à político), e, essencialmente, na grelha, tudo agravado a partir do momento em que quem pergunta é igualmente responsável pelas pontuações.

"Com as perguntas em papel fiz eu, e acusaram-me de estar a escolher. Sem grelha, implica ordenar à mão mais de 200 perguntas. Mas não acham que organizar um quiz deste tamanho já exige uma grande disponibilidade e boa-vontade do organizador...? Não podemos também pedir aos jogadores alguma boa-vontade própria e moderação/compreensão nos protestos?" - Sofia

Não, claro que não: a política também explica isso. Os jogadores querem é ter um bom jogo, fluido e com boas perguntas; os organizadores devem esperar ser criticados quando não cumprem com alguma destas coisas. Passar o onús da conciliação para os jogadores, querendo que estes se comportem de uma maneira diferente porque há boas razões para utilizar este ou aquele método é uma má ideia que nem sequer funciona. A natureza humana não muda por decreto ou pelo desejo de alguns.

"Bottom line, não se fazem ovos sem partir omeletes. Se querem um jogo com perguntas de diferentes tópicos e igualmente distribuídas (e tantas queixas surgem quando não é assim...) têm de ser mais compreensivos e perceber que as coisas não acontecem derivado a magia." - Sofia

Os problemas surgem quando se partem duas dúzias de ovos para fazer uma omelete para a qual chegariam 3 ou 4. Primeiro: as principais queixas, que me recorde, não têm incidido rigorosamente nessa questão. Só me lembro de uma queixa mais vocal sobre isso. O que é sintoma de que tal tem vindo a ser evitado pelos organizadores - obviamente, derivado a dividirem as perguntas de forma a que não calhem 4 do mesmo tema a cada equipa. E fazem-o à unha.

Mas eu não o fiz. Dividindo as perguntas em seis temas, atribuindo a cada um deles uma letra, e colocando a letre no início de cada pergunta, rapidamente se constrói uma macro do MSWord que organize as perguntas de forma sequencial e de forma a que começando a primeira cascata por uma tema, a segunda comece pelo seguinte. Ou seja, tem exactamente o mesmo efeito (a aleatoriedade é aquela com que as perguntas foram sendo escritas). Isto demora 15 minutos a fazer, num programa que toda a gente tem em casa, e o output é uma lista ordenada de perguntas em que não há temas consecutivos, nem para a mesma equipa, nem no jogo. Por isso a minha crítica incindiu tanto no ponto da utilização desnecessária de tecnologias (em sentido lato). O único óbice é, caso as equipas serem menos que as previstas, teres o cuidado de eliminar perguntas finais em cada cascata.
 
Os jogadores são portanto inimputáveis, e isto é política? Irra que estúpida, e eu que pensava que isto era apenas um jogo entre gente civilizada. Whatever, sacudir a água do capote é um desporto. I'm out!
 
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"Os jogadores são portanto inimputáveis, e isto é política? Irra que estúpida, e eu que pensava que isto era apenas um jogo entre gente civilizada. Whatever, sacudir a água do capote é um desporto. I'm out!"

Inimputáveis? Mas tu queres imputar o quê aos jogadores? O facto de a primeira pergunta ter sido feita às 12:20? Terem de esperar entre 3 e 4 segundos por cada uma delas? Explica lá como é que os jogadores são responsáveis por isso e o blog ficará o resto do mês dedicado à postagem diária da tua tese. Juro. A não ser que aches que os organizadores dos Mamedes devem estar isentos de críticas - a culpa é da populaça que não entende, não alcança e, ainda por cima, tem a lata de não gostar disto ou daquilo.

De resto: primo, não faço ideia do que signifique essa referência a "sacudir a água do capote" (não faço mesmo, sem ironias); doppo, ambos concordaremos que verdadeiramente incivilizado é atribuir o rotúlo a outros por discordância de opinião.
 
Do aspecto temático (e também das questões abertas nas ciências), escreverei mais tarde outro post - o tal sobre os riscos que valeram a pena correr. Não tenho tido muito tempo, a ver se esta tarde escreve.
 
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