Thursday, March 15, 2007

 

Jorge Azevedo Correia: "Padecemos do terrível mal de jogar pelo prazer de estarmos juntos, sem a pressão de ganhar"

Como tínhamos prometido, fomos tentar saber mais sobre a crise de resultados que tem afectados os Ursinho Bóbó, bem expressa na última crónica do Luís Nunes, onde era aventada a possibilidade de o colectivo dos Ursinho vir a sofrer, a breve prazo, uma alteração no cinco inicial. O Jorge opta por uma estratégia de controlo de danos, tentando tirar pressão à equipa e apontando alguns motivos exógenos como causa da má perfomance, desde o preço do whisky na Academia à tipologia das perguntas. Veremos se amanhã esta táctica dá resultados. Certo é que os Ursinho estarão, mais que nunca, sob a pressão de terem de apresentar resultados - e que é expectável que não continuem a ser vítimas do azar, como parece ser consensual que tem acontecido. Saliente-se que, depois do Jorge Páramos e de um anónimo que anda aí pelas caixas de comentários, temos mais um quizzer a criticar a pós-modernidade, coisa que parece preocupar as fileiras quizzisticas.

Jorge, os Ursinho têm tido um início de época conturbado, falhando por duas vezes a final. O que têm faltado à equipa?
Na primeira etapa do campeonato deste ano tivemos no nível médio QUATRO perguntas que deram a volta à sala, enquanto que nenhuma das outras equipas teve sequer uma que tenha dado a volta à sala. Eram as socas do índio e mais não sei o quê! É terrivelmente desmotivador quando isto acontece... Assim começamos a jogar frequentemente com quatro elementos (os mais indefectíveis) e o desempenho ressente-se.

Mas estas perfomances mais fracas já se arrastam desde a segunda metade da época anterior. Na crónica do último jogo o Luís Tirapicos Nunes fala numa belenensização dos Ursinho, que têm uma boa equipa mas são incapazes de apresentar resultados. Esta comparação faz sentido? Os Ursinho entraram num processo de decadência inexorável?
Nós padecemos do terrível mal de jogarmos pelo prazer de estarmos juntos. Não temos pressão de ganhar, até porque somos das equipas mais jovens. Apresentamos também o problema de possuirmos uma formação bastante semelhante. Somos todos de Humanidades. Três juristas, um politólogo e uma jornalista têm bastante dificuldade em diferenciar glândulas renais e glândulas supra-renais. Este tipo de preciosismos facilitam a vida a equipas que possuam especialistas em todas as áreas... Equipas construídas para ganhar. Não me passa pela cabeça deixar um amigo de fora de uma noite de Quiz para incluir uma estrela da “cóltura geral” ou alguém com uma formação diferente da nossa.
Em relação ao Belenenses apenas a devoção à Cruz de Cristo nos une.

O LTN também refere que poderão existir mexidas na equipa. Confirmas que assim acontecerá, já para o próximo jogo? Quais vão ser as entradas e as saídas?
Isso só poderá acontecer no caso de alguém não poder ou não querer ir na sexta-feira. Nesse caso temos uma vedeta a apresentar... Alguém que já deu excelente conta de si na anterior edição.

Uma "chicotada psicológica" é aquilo que vos faz falta para regressarem aos tops?
O que precisamos para chegar ao pódio é apenas de alguma sorte nas perguntas. Lembro-me de que há dois anos ficámos em segundo lugar a um ponto dos Fósseis com a actual formação. O problema é que as perguntas parecem afastar-se cada vez mais dos temas que apreciamos. Paciência...

Confirmas que têm existido elementos de quem esperavam algo mais, mas que não se têm apresentado a um nível condizente com as aspirações e o estatuto da equipa?
Penso que tais dificuldades podiam ser superadas com um aumento do preço do whisky na Academia da Ajuda...
Falando a sério, o prolongamento das sessões de Quiz até às tantas da manhã não ajuda nada. A malta está cansada e a meio já está com pouca paciência para pensar. Há alturas em que já não discutimos as respostas. Para não falar das proverbiais sonecas da Rita Costa...

Têm tido algum azar nas perguntas que vos têm calhado em sorte. Achas que poderão estar a ser penalizados por serem a equipa de reaccionários?
A vitimização é algo que não fica bem a pessoas de direita. Contudo parece-me bastante evidente que as perguntas do Quiz se têm vindo a “tecnicalizar”, o que é ilustrativo de uma mundividência pós-moderna e residual-marxista que é bastante bem dissecada por Kuenhelt Leddin, Alasdair Macintyre e Roger Scruton.
Em suma, acho que tem sido azar puro...

Tem sido bastante criticada a existência de poucas perguntas de ciência; mas é certo que outras áreas, como a filosofia, têm uma presença muito mais diminuta e poucos se preocupam com isso. A que achas que se deve este fenómeno?
A inexistência de perguntas de filosofia é apenas um sintoma do que disse anteriormente, que, apesar de não estar relacionado com o nosso azar nas perguntas (acho que as pessoas do Quiz se estão um bocado nas tintas para o nosso pensamento filosófico-político, e fazem muito bem!) demonstra que o conhecimento é confundido com a memória e com a posse de dados. O desprezo pela estruturação desses dados na formação de uma compreensão é reflexo dessa sociedade. Quem não conhece pessoas que têm uma memória prodigiosa e que são autênticos “primatas”, por serem incapazes de conduzir a informação para uma acção válida?

Para o jogo de sexta-feira, que esperam da organização do António Pascoalinho e do Humberto Silva?
Boas perguntas, firmeza no dirimir das habituais disputas, equilíbrio em cada nível de perguntas. Parece-me que esse é o segredo de um bom Quiz... Isso e a existência de perguntas inteligentes (onde a resposta não é óbvia, mas possui vários caminhos), que me parecem ser as mais divertidas. E que o sistema de som funcione, como é evidente.

Finalmente, uma pergunta clássica nas entrevistas à vossa equipa: o que acontecerá primeiro - uma vitória dos Ursinho no Campeonato de QdC ou a Restauração da Monarquia Nacional?
Uma vitória dos Ursinho. Num país onde o herdeiro do Trono defende posições republicanas...

Ao contrário do que acontece no país, neste blog não prescindimos dos princípios constituintes que nos alcandoraram ao sucesso. Como afirmamos no post anterior, é também por isso que, num gigantesco esforço financeiro, asseguramos que poderemos apresentar, a partir da próxima jornada, colunistas convidados, os quais, com liberdade editorial, abordarão assuntos relacionados com este jogo e com o campeonato. É com muita honra que apresentamos um dos Seis Magníficos: precisamente o Jorge "Abba" Azevedo Correia, de quem somos leitores atentos noutras paragens. (não, não vão ser os seis de direita...)

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Comments:
Este Jorge, apesar das neandertálicas melenas que por vezes ostenta, não é nenhum António Borges e, por conseguinte, não é pós-modernista. Parece ser um indivíduo de pensamento esclarecido que sabe de onde vem e para onde vai. Um verdadeiro Vasco da Gama!

No plano oposto, como exemplo paradigmático do fenómeno pós-moderno, encontra-se um tal de Prof. Neca, outrora capacho de Artur Jorge e actualmente a orientar o Desportivo das Aves. De onde vem? Só ele poderá responder a essa questão de forma precisa. Para onde vai? Ele não o sabe, mas podemos afiançar que é para a Liga Vitalis.

Atentemos no plantel do Desportivo das Aves:

Guarda-Redes:

Mota
Rui Faria
Nuno

Defesas:

Bruno Fernandes
Anilton
Sergio Carvalho
Sérgio Nunes
Rui Figueiredo
Leandro
Jorge Ribeiro
Bruno Alves
Pedro Geraldo
William

Médios:

Mércio
Vítor Manuel
Marcelo
Ricardo Nascimento
Jocivalter
Nené
Diego Martins
Filipe Anunciação

Avançados:

João Moreira
Freddy
Almani Moreira
Xano
Paulo Sérgio
Diego Gama
Artur Futre
Hernâni
Octávio

Não é necessária uma análise muito alongada para nos depararmos com uma das mais pós-modernas squadras da Liga Bwin. Se Jorge Jesus disputa o escalão-maior com um plantel construído a pensar na Liga Vitalis, o prof. Neca orienta este Desportivo das Aves com um plantel a pensar nos Distritais. O que causou este fenómeno? Que ânsia é esta de cair, jornada após jornada, num abismo sem fundo? Porque é que ele julga que aquele bigode o faz parecer mais respeitável? Será small-man complex? E que dizer da irredutibilidade que manifesta em acordar para a realidade? As semanas passam e o prof. Neca continua a acreditar ser possível a manutenção. Quando se verificar matematicamente impossível essa manutenção, Neca continuará a acreditar. É o mais ridículo de todos os allenatores, agora que Hélio Sousa deixou de estar presente.

Neca, não duvido, é um bem-intencionado, alguém que quer apenas fazer o seu trabalho e melhorar na prática da sua arte. Mas é também alguém que está em negação. Nenhum pessoa com os dois pés bem assentes no chão teria num plantel da primeira liga jogadores como Filipe Anunciação ou o metrossexual de pendor gay Paulo Sérgio. E o que dizer dos reforços de Inverno oriundos da gélida Moscovo, Nuno Espírito Santo, Jorge Ribeiro e Almani Moreira?

Nuno chegou um dia a ser o próximo Vítor Báía do futebol português. Isto tem tanta graça por si só que me abstenho de comentar mais este jogador. Almani Moreira, esse, conseguiu não ser campeão pelo Boavista tendo estado integrado na plantilla no ano em que Jaime e os seus apaniguados trauliteiros ergueram o caneco. Resta Jorge Ribeiro e, neste momento, sinto um aperto nostálgico no peito enquanto dito estas linhas à minha secretária Goretti. Jorge Ribeiro, algumas vezes internacional português com algumas aptidões para a lateral-esquerda. Jorge Ribeiro, irmão de Nuno Ribeiro, o Maniche do Lamborghini, mas também o Maniche dos golos à Ulanda. Onde é que se perdeu este jogador? Terá sido ainda na cantera da luz ao lado de cepos como Rui Baião ou Diogo Luís? Ou terá sido nas casas de putas de Moscovo? Terá havido aqui um complexo de inferioridade relativamente ao irmão mais velho?
Julgo que o Jorge nunca deveria ter ido atrás do Maniche para o Dínamo. Um escapou-se para o Atlético de Madrid, ao outro toca-lhe o Aves!

Mas atentemos nalguns outros nomes que compõem este plantel. Temos presente muito refugo do Boavista. Há Jocivalter e há Filipe Anunciação? Há, mas também há Sérgio Carvalho e as suas madeixas acobreadas, também há Ricardo Nascimento e também há Nené. Do Belenenses encontram-se alguns repatriados também. Há Vítor Manuel e há Fernandes.
Vítor Manuel foi um jogador com técnica até à época 99/00. A partir daí, dobrando-se a casa dos 30, passou a ser um trinco (a melhor expressão de sempre) à moda antiga. Uma espécia de Dr. Jekyll e Mr. Hyde, mas quase sempre Mr. Hyde. Sarrafeiro e carregador de piano durante 33 jornadas, alguém capaz de fazer uma assistência para golo numa qualquer jornada. E que dizer de Bruno Fernandes, formado nos escalões jovens dos pastelitos? Eclipsou-se, tal como Franklin, Malá, Neto e Carrasqueira. Dessa fornada apenas subsistem Neca (também ridículo mas não tão ridículo como o professor seu homónimo) e Fajardo. Nos tempos em que Bruno Fernandes integrou o plantel sénior do Belém, sempre que Wilson e Filgueira não podiam dar o seu contributo, era frequente ver Marinho Peres passar Tuck para central, enquanto o Bruno se sentava ao lado de Luís Ferreira ou Pedro Alves, dois dos guarda-redes com menos presenças de sempre na primeira divisão. Tal falta de confiança nas suas capacidades fez com que o Bruno aceitasse o convite do FC Beroe da Bulgária, onde o professor o descobriu, alternando a prática do futebol com a prática de servente da construção civil.

E é este o plantel do Aves! Onde ainda singram nomes como o sobrinho de Paulo Futre ou o Xano, ex-Académica. Tive um xano outrora. A minha avó gostava muito dele mas eu preferia furar-lhe as orelhas com uma pressão de ar. Já era muito velhinho quando teve de ser abatido. Mas caçava que se fartava. Este Xano, ao invés, apenas veste o colete, mas caçar nem por isso.

Sempre vosso,

Bernardoto Pedrino

com a inestimável contribuição estenográfica de Goretti Fonseca
 
??????????
A loucura chegou ao Quiz???
 
Sem a locura o que é o homem
mais que a besta sadia,
Cadáver adiado que procria?

Ès sempre bem vindo Bernardoto Soares Pedrino (ou será Augusto Justo?)
 
a loucura não sei, mas fachos, pelos vistos há para dar e vender.
 
Só se é facho a partir dos 44. Antes disso anda-se à procura. Já agora um pequeno reparo ao ilustre comentador do bigodinho do prof Neca: tendo em conta o perfil do entrevistado era mais apropriado um comentário sobre o másculo bigode do Carlão e a mítica cavalgada heroica de Estugarda. Espero que, numa próxima oportunidade, nos ofereça uma das suas prosas sublimes sobre esse enorme feito da gesta Lusitana. Atrevo-me até a sugerir a ponte entre bigodes, comunidade gay e fachismo. Fico aguardando ansiosamente.
 
Meu caro Pedro Rocaforte,

Sempre fui homem de atender às diversas solicitações que me são endereçadas neste mundo pós-moderno. A temática que pretende ver por mim aflorada é, no mínimo, interessante. No entanto, não deixarão de faltar oportunidades para nos debruçarmos sobre o pontapé do Carlos Manuel Correia dos Santos em Estugarda ou sobre o fascismo e a homossexualidade. A temática que desejo abordar hoje tem muito que ver com a sua carreira enquanto xadrezista, que me foi confidenciada e explicitada recentemente por um amigo comum. Fui, como sempre faço, averiguar. E o que descobri é ambíguo.

O meu caro amigo, se me permite a cerimonial intimidade, foi outrora um dos grandes expoentes desta modalidade, mas, dizem os cânones, pelo que sei não mais logrou alcançar o ultimate challenge, isto é, o título de campeão, que tantas vezes alcançou no tempo das calças à boca-de-sino.
O que se passa consigo, Nando?
Qual foi o momento, e as circunstâncias são sempre as coisas que mais me interessam, em que deixou que o pós-modernismo irrompesse pela sua carreira transformando-o numa Norma Desmond dos tabuleiros?

Se foi vítima de um sentimento de desprazer, quiçá até de monotonia, o mal du siécle dos impressionistas parisienses, ou o spleen dos vitorianos (os da maternidade do ludopédio, não os apaniguados do choco frrito ou de vímara peres), o meu amigo deveria retirar-se de vez e não continuar a jogar. Lembre-se que tem um nome a defender, Fernandito. Faça como os Harlem Globetrotters e aceite apenas participar em joguitos de exibição contra não sei quantos camafeus ao mesmo tempo. Sempre faz um brilharete. Agora o futebol, caro amigo. Vou dar-lhe dois exemplos no âmbito do futebolês, linguagem que domino.

O primeiro exemplo redunda num nome: Gil. Tal como o Eanes, também este Gil se abalançou a ser timoneiro e descobridor no Mundial de sub-20 em 1991 . No entanto, embora tenha tido o agasalho paternal de um Carlos Queirós na fase pré-remoção da verruga, e tendo ainda usufruído das pastas da Diese no tempo de João Santos, o pobre Gil, com o seu penteado soul-glo, a única coisa que descobriu foi que existem poucas coisas mais patéticas que uma eterna promessa adiada. Uma dessas coisas é uma promessa adiada que não é eterna. Foi nisso que o Gil se transformou, ao contrário, por exemplo, de Dani, Porfírio ou Hugo Leal, que eternizaram o estatuto. A outra coisa leva-nos ao segundo nome.

Pietro Vierchowood. Campeão por vários clubes italianos, centenas de jogos na série A e dezenas de internacionalizações pela azurra squadra, desde os tempos de Bearzot e Vicini. Tristemente, jogou até aos quarenta e tal anos, já sem o fulgor de outrora, permitindo que a pós-modernidade e a decrepitude física pautassem as suas últimas aparições nos estádios. Um futebolista que não soube quando desistir.

Atente nisto, Nando, que não duro sempre. Dedique-se a outras coisas. Eu pessoalmente adoro macramé, desde que passei um serão agradabilíssimo com a esposa do Gabri'El Alves, uma senhora com uma grande amplitude toráxica e também uma das maiores sumidades mundiais do macramé. Para além do Quiz e do futebol (pré pós-moderno e pós-moderno), o meu caro amigo há de ter outros interesses. Quais são eles? Envolvem a pós-modernidade?

Fora do âmbito do futebol pós-moderno, do xadrez e de outras coisas, vou ainda referir-lhe dois nomes. Beba destes o sumo que desejar e penso que poderá retirar valiosas conclusões.

O primeiro, penso que conhece.
Trata-se de Ludwig Wittgenstein. Nascido em 1889 e falecido em 1951, só publicou um livro antes de sua morte, o Tractatus Logico-Philosophicus, conclusão de seu período de estudo sob supervisão de Bertrand Russell e que lhe valeu o título de PhD. Depois disso recolheu-se ao campo, deu aulas em escolas rurais e foi jardineiro num mosteiro.

Não é preciso muito tempo para deixarmos a nossa marca.

O segundo nome é mais obscuro mas talvez o conheça. trata-se de Johann Hölderlin (1770-1843). É considerado um dos maiores poetas da língua alemã. A sua produção foi interrompida pela loucura, e nos muitos anos que passou encerrado num sótão ainda escreveu alguns poemas desencontrados, que assinava com pseudónimos como Scardanelli e Killalusimeno. Segundo o próprio: "Às vezes a escrita é abandonada porque a pessoa simplesmente cai em um estado de loucura do qual nunca se recupera."

Pérolas de sabedoria, Rocafuerte. Não deixe a loucura apoderar-se de si. É quase tão má como a pós-modernidade.

E assim me despeço com um abraço respeitoso para um grande nome do xadrez nacional quando a pós-modernidade ainda não o havia infectado, com a certeza que brevemente honrarei a promessa de postar acerca dos heróis de Estugarda, acerca de Alois e da sua semente, Adolfo, e sobre os Village People. É tudo, Goretti, pode mandar para a impressora.

Um abraço,

Antalgo Fidónio

com a inestimável contribuição estenográfica de Goretti Fonseca

PS De onde vem esse pseudónimo de pedro rocaforte?
 
Meu caro Antalgo Fidónio,

Fico muito sensibilizado com o seu interesse pela minha actividade escaquística dos idos 60 até ao dealbar deste novo milénio.Fui um simples rachador de lenha no tempo em que as peças do xadrez eram de madeira (embora não tenha nada a ver com José Rachão) que aproveitou esse facto para cumprir o destino da diáspora portuguesa, escapar à guerra colonial e conhecer outras gentes, outros lugares. Desinteressei-me do jogo quando o plástico invadiu os tabuleiros. Já viu Reis, Rainhas, Bispos de silicone. Já não dava para continuar a jogar. Algo se tinha perdido para sempre. O xadrez foi sempre um meio e nunca um fim em si mesmo e nesse aspecto estou sempre pronto para o último plano do Sr. De Mille sem viver obcecado com isso. A conversão ao quiz deve-se ao pós-modernismo deste jogo. dada a sua subjectividade podemos sempre atirar as culpas para alguem quando as coisas correm mal. Basta ver os comentários deste blog. No xadrez é a suprema solidão. Um jogo demasiado solipsista para os tempos que correm.

Queria, no entanto, tocar num ponto que pode ser delicado. O meu amigo parece conhecer este mini universo quizístico e os cromos que o habitam tecendo interessantes cogitações sobre todos eles. No entanto, a si, ninguem o conhece. É assim uma espécie de justiceiro da noite, um super herói com múltiplos heterónimos um Batman Caeiro o que o coloca numa situação de grande vantagem sobre todos nós. Reconheço que o mito é mais forte que a realidade mas talvez fosse interessante ir dando pistas que pudessem levar à sua identificação . Seria um quiz dentro do quiz, um desafio muito mais interessante que as pretensiosas guilhotinas do Hugo. Enfim, fica ao seu critério levantar o véu sobre este mistério.
Quanto ao nome de Pedro Rocaforte resulta dum interesse tambem compartilhado por um amigo comum, Ludwig Wittgenstein: o fordismo sob a forma de Western. Confesso que fiquei um pouco desiludido por não ter chegado lá pois, neste ponto, julgava-o um pouco mais perspicaz.
Um grande abraço deste seu amigo
Pedro Rocaforte.
 
Meu caro Antalgo Fidónio,

Fico muito sensibilizado com o seu interesse pela minha actividade escaquística dos idos 60 até ao dealbar deste novo milénio.Fui um simples rachador de lenha no tempo em que as peças do xadrez eram de madeira (embora não tenha nada a ver com José Rachão) que aproveitou esse facto para cumprir o destino da diáspora portuguesa, escapar à guerra colonial e conhecer outras gentes, outros lugares. Desinteressei-me do jogo quando o plástico invadiu os tabuleiros. Já viu Reis, Rainhas, Bispos de silicone. Já não dava para continuar a jogar. Algo se tinha perdido para sempre. O xadrez foi sempre um meio e nunca um fim em si mesmo e nesse aspecto estou sempre pronto para o último plano do Sr. De Mille sem viver obcecado com isso. A conversão ao quiz deve-se ao pós-modernismo deste jogo. dada a sua subjectividade podemos sempre atirar as culpas para alguem quando as coisas correm mal. Basta ver os comentários deste blog. No xadrez é a suprema solidão. Um jogo demasiado solipsista para os tempos que correm.

Queria, no entanto, tocar num ponto que pode ser delicado. O meu amigo parece conhecer este mini universo quizístico e os cromos que o habitam tecendo interessantes cogitações sobre todos eles. No entanto, a si, ninguem o conhece. É assim uma espécie de justiceiro da noite, um super herói com múltiplos heterónimos um Batman Caeiro o que o coloca numa situação de grande vantagem sobre todos nós. Reconheço que o mito é mais forte que a realidade mas talvez fosse interessante ir dando pistas que pudessem levar à sua identificação . Seria um quiz dentro do quiz, um desafio muito mais interessante que as pretensiosas guilhotinas do Hugo. Enfim, fica ao seu critério levantar o véu sobre este mistério.
Quanto ao nome de Pedro Rocaforte resulta dum interesse tambem compartilhado por um amigo comum, Ludwig Wittgenstein: o fordismo sob a forma de Western. Confesso que fiquei um pouco desiludido por não ter chegado lá pois, neste ponto, julgava-o um pouco mais perspicaz.
Um grande abraço deste seu amigo
Pedro Rocaforte.
 
Cordobes manda me o email outra vez, não o encontro

Nuno
 
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