Thursday, February 01, 2007

 

Sérgio dos Zbroing 747 em entrevista: "Prezamos muito o insulto e queremos recuperar a obsessão autista de vencer a qualquer preço"

Já muito foi dito acerca deles. Apresentados como uma das equipas de nova geração que, a par de outras potências emergentes, prometem revolucionar os topos dos rankings quizzisticos, conseguirão os Zbroing 747, no próximo dia 17 de Fevereiro, live up to people's expectations? Dentro de duas semanas, quando estiverem entalados entre os Cavaleiros e os Fósseis, começaremos a ter a resposta. Para já, e como prometemos, fica uma entrevista com o Sérgio Gouveira, o Adam Sandler figueirense.

Como é que começaram a jogar quiz? Ao que apuramos só começaram a praticar esta modalidade na Barraca, não foi? (se não foi, reformulamos isto) Como é que se formou a vossa equipa?

Em Maio de 2006, um grupo de quatro encalhados da geração de 70 procurava avidamente um sentido para as suas vidas solitárias, e um escape para a poderosa vertigem competitiva que os consumia. Nem o poker nem o ténis, nem o insulto gratuito ou concursos de cerveja pareciam resolver qualquer um dos problemas. A salvação veio em forma de quiz, pelo mão do messias Alves na Barraca. Como há quem não possa ver uma camisa a um pobre, cedo se juntaram a nós vários amigos desencalhados, todas as quartas, de onde após selecção apurada saiu o Zbroing 747 do QdC, ainda e orgulhosamente com uma quota de 50% de encalhados. Miúdas nos Zbroing da cascata é que nem vê-las, o que não deixa de ser sintomático.

Antes disso, já gostavam destes jogos do maravilhoso conhecimento inútil?
Até por empatia pessoal, o inútil sempre nos fascinou. Na verdade o que procuramos exclusivamente é um modo de possuir trunfos para brilhar em reuniões sociais, atirando para o ar pequenos brilharetes inconsequentes que possam vir a impressionar e manipular mentes menos preparadas. Um pouco como cavaleiros Jedi, no fundo.

Sabemos que nas quartas da Barraca, têm apresentado resultados bastantes positivos. Ficaram surpreendidos com a vossa própria valia?
(risos) Hugo, Hugo, Hugo… Nada surpreendidos, antes pelo contrário, um nadinha desiludidos (no primeiro quiz fomos roubados com algum escândalo e ficámos em segundo). Do segundo ao quinto quiz conseguimos o tetra e a partir daí a história é sobejamente conhecida. A entrada no quiz da Barraca foi a todos os níveis espectacular, não é demais dizê-lo, mas teve custos elevados. Criámos inimigos, as nossas famílias sofreram ameaças, furaram-nos os pneus várias vezes. A certa altura, reconheço, a equipa perdeu fulgor. Começámos a ter espírito de equipa, desportivismo, boa onda, o que destruiu tudo o que esta equipa tinha de bom: vontade de vencer a qualquer preço, anti-socialidade, e aquela obsessão autista e bela de saber qual de nós mais tinha contribuído para a vitória.


Já na modalidade de Cascata, não têm estado nada mal para estreantes, mas mesmo assim longe dos mesmos resultados. Como aconteceu o processo da vossa entrada? Que balanço fazem até ao momento?
O nosso processo de entrada deu-se literalmente pela porta errada, dado que, chegados ao local (mais ou menos), atirámo-nos logo para o Académico da Ajuda, ligeiramente mais abaixo. Por um acaso ainda conseguimos chegar a horas.
O balanço é bom e assim. Este ano já passámos em 300% a magnífica prestação do ano passado, e, enfim, chegámos à conclusão que curtimos é fases finais, até para não acabarmos amizades uns com os outros. O João Velhote é uma pessoa que se aborrece, vá. Portanto ou nos livramos dele ou teremos que ir sempre à final.

Quais as principais diferenças que encontram entre uma modalidade e outra? Acham que na cascata o nível das equipas é mais elevado ou são vocês que se adaptam pior ao estilo de jogo?
O maior problema que encontrámos foi a eficácia das pessoas da Academia a substituir as cervejas. Dado que em nenhum momento estivemos de garrafa vazia na mão, a coisa descamba sempre mais cedo do que pensamos. A estratégia a adoptar terá de passar por responder bem a muito mais perguntas na primeira meia-hora.

E o ambiente tenso e competitivo da Academia, agrada-vos ou funciona como inibidor?
A competição é um lugar estranho. Desinibidos por natureza e livres de toda a tensão, fruimos, lá está!, a vida e todos os seus ambientes e não temos inimigos. Excepto, talvez, no caso particular do Tiago Serras Rodrigues (três nomes, por favor…) e da batalha que vem travando com os seus próprios dentes do siso, os quais, de tão malvados e tortos à nascença, desalinharam a restante dentição e empurraram os caninos para a frente. Por isso, enquanto mastiga, morde incauto e com frequência os próprios lábios. Dói-lhe muito e pragueja alto quando tal acontece. De resto, também é um gajo bastante calmo.


O nome da vossa equipa é bastante peculiar. Uma pergunta à jornalista musical: o que inspirou o baptismo? Que significa o nome?
Infelizmente a resposta completa a essa pergunta apenas se poderá exprimir numa língua morta, ou pelo menos numa quase em coma. Em Português poderemos apenas apresentar um curto resumo. Em meados dos anos 90, um pequeno grupo de iluminados encontrou-se por acaso num telhado de uma casa algures perto de Sintra e criaram uma religião. Modestos e muito humildes resolveram não adoptar a poligamia nem a devoção a um profeta, mas apenas aguardar pelo messias que caminhará sobre papel higiénico cor-de-rosa entre a Capela de Santo Amaro e a Cúpula do Palácio Burnay. Os devotos identificam-se facilmente devido ao hábito de insultar os satélites americanos que não desistem de os vigiar.

E quais são os pontos mais fortes e mais fracos da vossa equipa (por áreas de conhecimento)?
À excepção de um elemento, temos todos formação fascista, pelo que questões relativas às colónias portuguesas são triviais, mas qualquer tema relacionado com música hippie é imediatamente posto de lado.

Consultam o blog QdC? Qual a vossa opinião?
Consultamos, consultamos e concordamos entre nós que são todos loucos. O nosso maior objectivo ao chegar aqui não é nem o quiz, nem a cerveja barata, nem sequer o pódio glorioso. É entrar por essas caixas de comentários adentro. Prezamos muito o insulto, praticamos sempre que podemos e lamentamos frequentemente a arte que se perde. Daí o nosso grande aplauso. Se até já o Camilo Castelo Branco disparava belos epítetos ao critico Silva Pinto, tais como "pífio e latrinário jornaleiro" e "mariolas", não vejo o que nos possa impedir. Assim de cabeça (mentira, foi de consulta, foi de consulta) e entre a verborreia de epítetos utilizados por Camilo polémico, encontram-se também estes, que esperamos possam vir a ser de grande utilidade para todos: bonifrate, branco, lapúrdio, (...) [NDR: segue-se uma lista de duas dúzias de insultos camilianos, censurada para evitar que caia nas mãos do Rogério] macho de más manhas. Keep up the good work (estrangeiro).

Entretanto, na nossa redacção fervilhante ultimam-se projectos para o futuro. Brevemente iniciaremos a publicação de uma ronda de curtas entrevistas por todas as equipas, que permitirão conhecer a forma como esta época está perspectivada nos vários quarteis-generais. De momento só faltam as respostas dos Laranja Mecânica, Leporinos, Mineteiros, Fósseis e Cavaleiros (!!!). (Aviso: Despachem-se ou perdem o comboio da promoção. Nós somos severos e desumanos, como o Ministério das Finanças. Já começamos com a exposição dos faltosos à chacota pública.)

Comments:
Também sou uma grande adepta do insulto mas há um pelo qual tenho um especial apreço - "calça-púcaros"
 
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