Saturday, December 23, 2006

 

Avaliação pré-Natal: Os Mais e os Menos do Campeonato

Os Mais

Fernandos Mamedes - Porque ganharam, com inteiro merecimento (uma menção para os Indomáveis, que venceram o "campeonato de esperanças). Pela fantástica segunda parte do campeonato que conseguiram, com duas vitórias e dois segundos lugares; porque enfrentaram situações internas difíceis, com a saída de dois elementos valiosos e a ausência de outros - e mesmo que os substitutos não sejam de menor qualidade, a estabilidade dá sempre muito jeito. Porque foram sempre das equipas mais bem dispostas na sala, com bocas giras e cerveja derramada. E a recente polémica sempre serviu para perceber uma coisa: entre quem merece credibilidade, ninguém coloca em causa a justiça da vitória. Ganharam porque fizeram mais pontos, e fizeram mais pontos porque foram os melhores a acertar nas perguntas que lhes fizeram. Parafraseando Kafka, poderão existir outras maneiras de ganhar, mas eu só conheço esta.

Academia da Ajuda - Por, a troco de nada, nos terem cedido um excelente terreno de jogo. Ainda por cima, são extraordinariamente simpáticos. E a D. Paula acumula a simpatia com a capacidade de fazer umas bifanas divinas. Pelos preços tão baratos que até são um bocado constrangedores para quem paga. Acrescente-se o som que quase nunca falhou, o estacionamento que não é assim tão complicado quanto isso (principalmente para quem joga quiz nos bares) e, a partir de certa altura, até já havia tabaco.

Comissão Organizadora - O campeonato chegou até ao fim, foi disputado, animado e muitos já esperam pelo próximo. Só este simples facto, que há um ano ainda mereceria algumas dúvidas, já os coloca aqui. Não esteve perfeita, mas o bom é inimigo do óptimo e sempre receberam todas as críticas sem qualquer acrimónia. Interferiram o menos possível, chegaram a parecer ausentes, mas à terceira sexta-feira de cada mês, cada um de nós tinha uma sala, preparada para o jogo, apinhada de adversários, um organizador dedicado a fazer o melhor, salgadinhos, serviço de mesa e prémios. Sem mexer uma palha.

Filipe Girão e Tita Teixeira - Pelo jogo que organizaram. Coloco-os aqui sob reserva, pelo prosaico motivo de não ter estado presente no jogo. Mas as opiniões que recolhi foram unânimes em colocá-lo entre os melhores - apesar de, provavelmente, existirem avaliações divergentes; eu é que não as conheço (e ouvi bastantes). Curiosamente, é possível que eu enfileirasse nestas: o único semi-reparo que ouvi foi a de que o jogo foi mais fácil que a média, e não sou grande adepto de jogos fáceis. Mas já joguei jogos feitos por eles e sei que são sempre imaginativos, bem conseguidos, com temas variados e isentos de erros. Por isso, é, com elevado grau de certeza, uma escolha justa. Pessoalmente, gostei muito dos jogos do Luís Tirapicos Nunes e da Sofia Santos.

Blog - Desconte-se o juízo em causa própria. Uma fantástica ideia do Luís Tirapicos Nunes. Converteu-se num sítio de consulta diária para todos os quizzers (e não só). Houve classificações, entrevistas, polémicas, jogos psicológicos, mas teve também o mérito de não se limitar ao simples acompanhamento do campeonato. Publicou artigos sobre o Stephen Fry e o River Quiz Cafe, peças acerca da etimologia das palavras, excelentes entrevistas, debates sobre a epistemologia da ciência e o relativismo pós-moderno, reflexões sobre o trivial pursuit, óptimas e fidelíssimas crónicas (algumas com pseudo-eruditas referências), bem conseguidas análises jurídicas, propostas de alterações a práticas, comunicados e cartas abertas, momentos altos e hilariantes de concursos televisivos, crónicas sociais, notícias sobre participações televisivas, propostas para a criação de uma federação nacional de quiz, piadas com o Frank Zappa, notícias sobre transferências ou o surgimento de novos quizzes em bares, sondagens e votações. Foi, essencialmente, bem-humorado. Às vezes com tanta subtileza que houve quem não o percebesse. E houve discussões acessas, umas mais elevadas que outras, nas caixas de comentários. Num país que sofre de um doentio horror ao confronto, são todas um bálsamo. Sendo especificamente dirigido a um público de 60 leitores, ter visitas diárias superiores a esse número. Há dois dias chegou às 169. Mais de 700 pageviews. É hoje a grande casa do Quiz da Nação.

Os Menos

Cavaleiros do Apocalipse e Fósseis Paleocêntricos - Porque acabaram a liderar o pelotão dos últimos, depois de terem sido as únicas equipas a liderarem durante o campeonato. Eram assumidamente candidatos ao título e não o souberam conquistar. No caso dos Cavaleiros, que obviamente conheço melhor, apesar de alguns precalços de origem externa, essencialmente por culpas próprias. Uma única desculpa para ambos: o mérito dos Mamedes. Mas é curto para justificar tudo, principalmente algumas debacles. Os Lagartixas também poderiam aqui estar, mas as responsabilidades e as expectativas eram menores.

Atrasos - Principalmente os dos organizadores (a começar pelo escriba). Foi estranhíssima a incapacidade de começar um jogo a horas, ou lá perto. E como alguns se arrastaram até quase de madrugada. Uma das tradições mais simpáticas do quiz de cascata, a das equipas eliminadas que ficavam na sala a comer uns scones, a beber uns moscatéis e a seguir as incidências do jogo, acabou, naturalmente, por se perder. E algumas equipas fizeram da prática um hábito, com particular destaque para os Mamedes. Uma nota de esperança: a maioria dos quizzers continuaram a ser pontuais e nunca deixaram de criticar os constantes atrasos dos outros. (a isto chama-se censura social e é muito mais eficaz que qualquer regulamento).

Equipas faltosas - Destaque para os EVA, que tinham perfeitas condições para lutar pelo título mas desapareceram. Os Patolino desintegraram-se. Outras optaram pela intermitência. Ao que sabemos, muitas nem se davam ao trabalho de avisar atempadamente. Uma chatice para os organizadores, os dos jogos e os da Comissão, perfeitamente evitável. E uma boa forma de deixar de fora possíveis interessados em participar nos jogos.

Temas esquecidos - Muito se falou sobre a ciência; com gritantes desequilíbrios entre jogos, com quase todo o enfâse em factóides tecnológicos ou biográficos, lá foi aparecendo. As belas-artes clássicas também apareceram menos do que seria suposto. Quem ficou por aparecer e quase nem se falou? Economia (recordo-me de duas perguntas, a minha sobre a escola austríaca e a do Filipe Bravo sobre as balanças), Filosofia (praticamente ausente, um absurdo), Gestão, Teologia. Podendo sofrer esta avaliação de algum bias, já que são os meus temas favoritos, parece-me que estas áreas merecem uma atenção infinitamente maior do que a que lhes foi dedicada.

Clima - O Quiz de Cascata é um desporto de inverno que se joga durante todo o ano.

HO

Comments:
Concordo na generalidade !
 
Uma crónica anual muito interessante, Hugo! E noto com divertimento a segunda reciclagem do mail que me enviaste sobre os méritos intelectuais deste quiz (na altura comparando-o com o 24 horas). Fazes bem, reduzir reciclar reutilizar!

Bom Natal a todos! Para os menos crentes no menino das palhinhas, aproveitem a comida e as prendas (e esse sim é o Natal que a malta gosta!). Mas em Janeiro venha a dieta, que os homens não se querem gordos (digo eu).
 
Já agora façam corresponder a época do quiz à das outras modalidades (Setembro a Junho). Proponho que o 2º campeonato seja mais curto para corrigir o calendário (8 sessões com 1 mês duplo)
 
Sofia, deve ser da má consciência de um não-crente na religião ecologista. ;)
 
A tua crítica não faz muito sentido nesses exactos termos, Filipe. Perguntas sobre touradas houve 3 no meu jogo (contra cerca de 15 sobre química, coisa que não me interessa nada), 5 ou 6 no do Tirapicos, 2 no da Sofia e, eventualmente, mais uma ou outra. À volta de 12 em todo o campeonato. Tendo em conta que foram feitas cerca de 1800 perguntas, dá cerca de 0,6%. Isto é algo que se aproxime do infinito? Houve mais perguntas sobre filmes do Hitchcock, políticos americanos do sec. xx ou comics da Marvel que sobre touradas.

O 25 de Abril e o 28 de Maio (como as letras das canções ou a poesia química) foram temas, e houve UMA pergunta por equipa. Não me parece nada excessivo.

Discordo de impedir a equipa do organizador de jogar; é demasiado violento e não serve de nada quanto a suspeições.
 
Aliás, quanto a mim o problema não está nos organizadores fazerem perguntas sobre o que gostam(o que é bom porque, conhecendo-os, conseguem fazer perguntas mais interessantes e, como dizia o Pascoalinho, também têm o direito de se divertirem), mas em não fazerem sobre temas que não gostam, salvo aqueles que são "obrigatórios".
 
Os quizes são feitos por pessoas e não por equipas. Dois quizes feitos por elementos da mesma equipa podem ser radicalmente diferentes, e ainda bem que há diferenças, é isso que torna as pessoas interessantes. Se me rodear de tipos que pensam como eu e sabem o que eu sei ninguem aprende nada (é assim nas igrejas e nos partidos políticos)e a tendência é a estagnação.
Quanto à equipa de quem faz o quiz não jogar penso que ,se a idéia é evitar os mandrongos, pura e simplesmente não os evita! É possivel fazer perguntas que favoreçam equipas pior classificadas em detrimento de outras. Basta escolher os temas. Além disso há maior número de equipas que quizes a realizar.O novo regulamento deve é ter em conta que os últimos três ou quatro não devem ser feitos por pessoas das equipas envolvidas nos primeiros lugares.
Se querem uma coisa profissional paguem a alguem que faça todos os quizes. Um euro a mais na inscrição não é grave. Até lá temos de partir do pressuposto que o pessoal é honesto. Eu prefiro pensar que é, de outro modo deixo de jogar, até porque os meus amigos do bridge jogam à sexta e estão sempre a protestar com o quiz!
 
É Pedro Rocaforte. Escrever sem óculos é o que dá!
 
Calma, não percebeste o sentido da adjectivação; violento é as equipas não jogarem por causa das suspeitas, a tua sugestão, per si, é construtiva, claro.

Até poderiam ser mesmo todas, todas, todas as pessoas. Uma ideia não é melhor ou pior por ter mais ou menos adeptos. Por essa lógica, o nazismo foi uma ideia brilhante.

Continuo sem perceber como é que a exclusão das equipas dos organizadores elimina as suspeitas, concordo completamente com o rocaforte. Se é para levar a sério a questão das suspeitas, então prefiro, de longe, a sugestão do Tirapicos e esta do Fernando, de limitar o acesso nos últimos 3 a organizadores de equipas que não estejam classificadas na frente.

Concordo que a feitura dos quizzes deveria dar a volta, entre equipas e organizadores. Os elementos da C.O. não devem ter o privilégio especial de fazerem quizzes todos os anos.
 
E duvido muito que a qualidade de um quiz aumente proporcionalmente ao número de pessoas que o elaboram.
 
Gostei do seu texto, todo ele recheado de lugares comuns. Enfim, espremido não dá nada.

Suponho que nem por um momento se inquieta com o facto de o penúltimo quiz, feito pelos mamedes, ter sido viciado. Ou não percebeu isso? E se percebeu, achou tudo aquilo normal? Dê-lhes os parabéns, faça o que entender, mas não diga que houve merecimento na vitória de gente que recorre à batota.

Quanto ao achar piada aos elementos dos mamedes, bem...eu por acaso (e não sou único) acho que eles são é parvos, mas enfim...
 
Obrigado, há lugares piores, não esprema, pouco me inquieto, não percebi, faço, digo, também os acho um bocado parvos, mas isso também eu sou.
 
Parvos? Parvos o tanas! Eu sou atrasado, o Paulo deficiente, o Pedro mongolóide, a Sofia idiota e o Alex retardado. Mas parvos? Mais um cambalacho para o povo ver, é o que é!

Feliz Natal a todos!
 
Senhor Furão: acabou de magoar os meus sentimentos. Ui!
 
A Sofia pode ser idiota mas no Porto chamavam-lhe um helicópetro. E vocês só ganharam porque ela voltou!
 
Quanto aos elementos masculinos dos Mamedes tambem me parece que comem gelados com a testa !
 
Claro, a boca está reservada para a alpista!
 
E é verdade: a Sofia também zela pelo sentido exibicionista macho dos restantes, ficamos mais empertigadotes, upa upa!
 
Ora então muito obrigado! Pedro, des-magoaste os meus sentimentos!
 
Pela parte que me toca muito agradeço a prosa que diagnostica o estado mental dos Mamedes, mas só como gelados no verão.
E voltando ao post que era suposto comentar, apenas acrescento que se notou a falta generalizada de perguntas de música clássica, de cultura portuguesa (excepto a tauromaquia) e de semiótica.
Bom Natal a todos!
 
Por falar em semiótica eu tambem gosto muito de Camões.
 
E do capitão gancho?
 
A semiótica é tipo a Multiópticas com o desconto igual à idade?
 
O capitão Gancho conheço mal. Na minha juventude era mais o Pirata da Perna de Pau. Já a Multiópticas conheço bem mas ainda não aproveitei o desconto.
 
Perna de Pau... gelados. Lá voltamos ao mesmo.
 
Se tu o dizes estamos numa tautologuia nietzcheana do tipo eterno retorno. Deve ter sido assim que nasceu o lugar comum.
 
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