Tuesday, November 14, 2006
Prepare o pagamento
Iniciou-se a contagem decrescente para o possivelmente decisivo embate de sexta-feira. Oferecemos aqui alguns conselhos úteis aos nossos leitores: cheguem cedo, para não irritarem o Comandante (a meio da tarde dá direito a condecoração). Vistam o fato de treino, isto é um jogo. Previnam-se com dinheiro trocado. Preferencialmente do verdadeiro, aquele com curso legal. E, mais que tudo, não sejam cruéis. Cruéis, interrogam-se vós? Cruéis, respondemos, assertivos. Que a crueldade tanto se alimenta das lágrimas como do riso. E não se riram vós, impenitentes, naquele inesquecível momento da última jornada, em que o tesoureiro do grémio, irrompeu, esbaforido, pelo terreno de jogo?
Irrompeu e interrompeu. E, brilhante e seguro, contou as suas mágoas - vamos resumi-las, que estiveram lá para ouvir: no regresso (pesaroso e antecipado) a casa, detectou a célebre nota falsa. Não era de 500 nem tinha a efígie de Vasco da Gama; somente uma tosca nota de 20 euros, com a peculiaridade de, no verso, estar impressa a publicidade a uma agência de viagens. Afinal, não valia mais que um desconto que permitiria, ao feliz contemplado, poupar o equivalente a 6 maços de tabaco numa daquelas idas aos trópicos em trabalho para a firma. Infâmia, alertou-se o nosso herói: na sua desmedida boa-fé, foi vítima de gente pouco escrupulosa que, para poupar a pesada taxa de 7 euros, lhe coloca nas mãos um papel de pouco valor.
Descanse o auditório: não há entre nós - e até prova em contrário - um larápio. Há sim, como muitos já desconfiavam, um lorpa. Rebobinemos até ao momento em que, nas plácidas ruas da Ajuda, o nosso padecente detecta o indício da fraude. O que faria qualquer ser com uma capacidade cerebral superior, ou pelo menos igual, à da ameba? Antes de mais, contas. Faria contas: verificaria se, de facto, o pecúlio reunido não correspondia ao número de presentes na sala. Só depois partiria para a denúncia pública. É que se as tivesse feito, teria percebido o sujeito desta história que batiam certo, as contas, e que a insidiosa nota falsa era apenas o resquício de uma “practical joke”. Já começaram a entender? Arriscamos que ainda não. Falta um pormenor que é sumamente revelador: o intrépido burlão, que afinal era apenas um bem-disposto brincalhão, entregou, de facto, a nota falsa. Mas, pasmem, avisou! Fez a partida e de imediato se auto-denunciou! E, obviamente, pagou o que lhe competia, em metal sonante. Ou seja, a vítima da partida teve conhecimento, directo, pessoalmente e de viva-voz, dela. Nem foi uma partida, foi mais um simulacro duma. Como é que depois aconteceu o que aconteceu, não conseguimos explicar. Arriscamos mesmo que estará para lá da compreensão humana. O infrene tesoureiro deveria ser sob colocado sob investigação de psicólogos, filósofos e teólogos. A bem da ciência. Mas até lá, que se medique. Seja como for, obrigado pelas gargalhadas.
Adenda: O concurso continua no respectivo post. O Rogério lidera com dois pontos, seguem-se o Filipe, o Alexandre e o Jorge com um. A próxima música é a final, excepto se houver empate. Até ao momento passaram Dixie, Hino da Maria da Fonte, Manolete e Foggy Mountain Breakdown. Agora passa um tema extra-concurso dedicado aos maluquinhos do cinema e da animação. Podem divertir-se a identificar os filmes em que apareceu. Próxima jornada começa esta noite, em que também poderão ler uma entrevista da Sofia, organizadora do jogo de sexta.
Finda a refeição e saciada a fome, o amplo passarão deixa-se abater sobre os restos salivados, vira-se para o lado, estica a asa e acende uma minhoca sem filtro para relaxar. Mas o descanso é curto, pois mal abre as passarudas pestanas vê que a alpista foi reposta em basta quantidade, e lá parte ele para outro vôo, triste pelo restante reino avícola, que apenas enfarda serradura.
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