Monday, May 07, 2007

 

Quiz e Savoir faire – yes please ou rien ne va plus?

Depois de uma ausência de duas semanas, com férias pelo meio, em que suponho que a minha falta foi tão sentida como a de mais um talhante no departamento médico do Benfica, eis-me de volta às lides para mais uma crónica de 6a feira. Desta vez não há desculpas, porque já se viu que ganhei um certo gosto em escrever em todos os dias menos aquele que é suposto, por isso a coisa já derivou para o foro patológico.
O tema desta semana, para além de servir de comprovativo que os cursos no WallStreet Institute e na Alliance Française se calhar foram dinheiro deitado à rua, tem a ver com a utilidade do savoir faire durante um quiz de cascata. Se é um facto que no tradicional quiz de bar, a vertente social está mais presente, na cascata os instintos e animais competitivos (o “e” é mesmo propositado) muitas vezes acabam por vir ao de cima, liquidando por completo a vertente social do jogo, se é que ela existe é claro.
Não se pense aqui que isto é um conjunto de regras mariquinhas, ou uma abordagem da modalidade a la Paula Bobone. Deixo isso para os amantes da legislação, para os formalistas e para quem efectivamente perceba disto. Estas notas são mais do género “Dica da Semana”, mas sem desperdício de papel, apenas do vosso tempo.
Vou apenas deixar-vos algumas dicas de como o savoir faire quizzístico, pode melhorar imenso a vossa imagem nos principais palcos da modalidade (ou melhor, no único palco existente de momento). Não esperem no entanto que isso sirva para melhorar a vossa prestação nos jogos, já que tal tem a ver com factores que eu desconheço em absoluto.

Situação nº1 – O organizador do jogo parece ter aproveitado a ocasião para lixar a tua equipa, atribuindo-lhe inúmeras perguntas~carrossel e estando obviamente (nem que seja só para ti) a gozar o prato. Como vais reagir? Protestando vivamente e fazendo uma berraria sempre que possível? Abandonando a sala em protesto, fazendo juras de retaliação?

As hipóteses descritas são perfeitamente viáveis e aceitáveis, mas serão dignificantes? Não o creio. O toque de savoir faire passa por suportar o jogo com um sorriso, aceitar a coisa como um facto da vida, fazer questão de ser visto a cumprimentar e elogiar o organizador no fim do jogo (sem no entanto cair no sarcasmo ou no exagero). Depois é ir para o carro e atropelar o sacana quando ele sair do recinto. Neste caso, se atropelar elementos da equipa do mesmo, são danos colaterais perfeitamente aceitáveis. A sua imagem sai ilesa do assunto, não podendo o organizador dizer o mesmo.



Situação nº2 – Há um tipo numa equipa adversária que te trata como um amigo de longa data, que partilha histórias e factos que, no seu entender, vos tornam mais próximos, que gosta de discutir contigo todos os pequenos assuntos da cascata que possam surgir e que, uma vez mais no seu entender, tornam mais rica a vossa relação e este mundo que partilham. O que ele não sabe é que tu gostas mais de beber óleo de fígado de bacalhau aos litros do que privar com semelhante indígena, tal é a maneira como ele te revolta o estômago.
A tua reacção é: Foges dele como o demo da cruz, chegando a fingir-te muito interessado no placard do torneio de ping pong da Academia só para não o aturar? Tentas agredi-lo com um pacote de mostarda, enquanto aguardas por uma bifana num dos intervalos? Tentas trancá-lo no WC esperando que o aroma trate do resto?

Uma vez mais, todas estas soluções são viáveis, mas não só não resolvem o problema como têm uma notória falta de savoir faire. O caminho indicado é seres tu, num dado jogo, a ir ter com ele a fazer conversa, passar cada intervalo confraternizando com ele, pagando-lhe até uma cerveja ou uma bebida com gás, no caso de ele não se dar bem com o álcool e no final do jogo ir dar-lhe os parabéns pela sua prestação, mesmo que ele tenha respondido que a mulher do Eusébio é a Fauna. Depois, é ir para o carro, esperar que ele saia e atropelá-lo certificando-te, através do uso da marcha atrás, que ele não tem tempo de elogiar a tua condução.

Situação nº3 – És atropelado ao sair de um quiz de cascata por algum doido que se pôs em fuga. Tens uma vaga suspeita de que foi alguém que também joga, mas não tens a certeza de quem foi, mesmo depois de teres ligado do hospital para o gajo que te elogiou pela organização do jogo e para aquele teu grande amigo com quem estiveste à conversa naquela noite, sendo que nenhum deles quer arriscar uma hipótese.
A tua reacção é: Alugar um camião quando recuperares e varrer toda a gente que apareça na rua da Academia em noite de quiz? Contratar uns jovens gitanos para efectuarem uma remodelação facial num autor de uma dada crónica sobre quiz e atropelamentos?

Em qualquer destas hipóteses, a falta de savoir faire é evidente, já que a génese do problema se mantém. Nesse caso, há que perceber quem são os verdadeiros culpados e vais ver que não é o tipo que te atropelou, nem o tipo que disse para te atropelarem que são a resposta certa. Se não queres perder esta cascata para outros, tenta acertar no derradeiro culpado. Eu cá não acuso ninguém, pelo menos sem pagamento à vista.

Para outras questões sobre savoir faire e atropelamentos, utilize a caixa de comentários ou um consultório de quiz a disponibilizar brevemente.

Comments:
O verdadeiro culpado é o galifão da mesa do lado, que ouviu a minha equipa discutir as respostas certas e respondeu acertadamente, aproveitando o facto de a cascata vir desse lado.

Sim, porque nós até sabíamos as respostas todas... as que falhámos foi só para dar emoção ao jogo.

Savoir faire é oferecer uma rodada de jolas a toda a malta e baptizá-las com laxante de cavalo, logo no início da sessão.

O Comandante
 
perguntas~carrossel

Esta é nova!
 
Queremos IMEDIATAMENTE um consultório do Quiz. Alguém se voluntaria para ser o Dr. Quiz?
Quizeiro-anónimo desesperado
 
quando é o próximo quiz?

anónimo desesperado
 
sexta-feira dia 18 de Maio.
 
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