Sunday, April 01, 2007

 

O lado forte do elo mais fraco

Antes de mais, que se explique porque é que um cronista dito de 6ª feira, aparece a fazer crónicas domingueiras. É fácil, porque sendo hoje dia 1 de Abril assim posso sinceramente dizer que qualidade neste texto é mentira, sem ter qualquer problema de consciência (se é que tenho uma).

Queria hoje, abordar um tema que seria muito querido a um tal de Charles Darwin, que não faço a mínima se seria adepto de quiz, quiçá com os macaquitos ou até na sua jornada no Beagle. Mas, é de selecção natural que vos falo e da sua ligação ao quiz.
No entanto, que se desenganem aqueles que pensam que isto é uma ode aos génios ou um elogio aos que se destacam pelo seu brilhantismo. Não, isso seria fácil, além disso desconfio da vossa paciência para lerem mais um texto sobre mim. Sem querer fomentar descontentamento, é outro o ângulo que pretendo explorar: o do elo mais fraco.
Se não são esse mesmo elo, dentro das vossas equipas/grupo, certamente estarão a pensar: “Nahhh, a nossa equipa não tem elos mais fracos”. Caso seja esse o caso, então tenho novidades para vocês: se não há um elemento que se destaque como mais fraco, então é porque provavelmente a vossa equipa é, em si, um elo mais fraco ou, na pior das hipóteses, incrivelmente chata.
Vá pensem um bocadinho, quem é ele? A amiga da amiga que o melhor input que dá é: “Ah, não tinham dito que era não sei quê de cascata? Trouxe o facto de banho para nada...” ou o colega do líder da equipa que fundamenta sempre a sua opinião com “Epá, eu já vi um programa de televisão sobre isto” (quer se fale da cultura do repolho ou da armadura da Joana D’Arc). Não custa nada, é fácil de dar por ele, porque ou passa o jogo calado ou passam os colegas o jogo a pensar que ele devia estar calado.
O elo mais fraco, que se porventura está a ler isto, já sua em bica a pensar que não vai ser convidado para o próximo jogo, que se acalme. Não vim aqui promover o seu enforcamento público, nem advogar que o “Puzzle Bubble” é capaz de ser um desafio melhor que o quiz. Vim aqui defender que o elo mais fraco é algo essencial a todas as equipas, é um bocado como o sal na comida. A sua presença, em dose moderada, dá outro gosto ao jogo e torna-o menos insosso. Como é óbvio, dar-lhe muita importância é tornar o jogo intragável e, figuradamente, pode levar à morte da equipa no mesmo.
É que, apesar de todas e mais algumas debilidades que um elo mais fraco pode ter numa equipa, ele é o responsável por uma abordagem irracional (muitas vezes vantajosa) de certas perguntas e do aliviar da tensão com uma hipotética resposta plausível apenas na sua cabeça (milagrosamente coincidente com a do organizador do jogo de quando em vez). Por isso, tenham isso em conta quando estão a pensar em quem convidar para mais um quiz. Não é por terem os cinco cromos mais difíceis que acabam a caderneta primeiro...
Seja porque é alguém que pensa que tem queda para a música, ou que faz do cabedal a sua pièce de résistance, escolham e estimem bem o vosso elo mais fraco. Não é por ele que vão ganhar o jogo, mas pode ajudar a que ganhem a noite.


PS1 – Sim, o título alternativo era "Não me chutem da equipa" e isto tudo é porque sou o elo mais fraco da minha equipa e estou à rasca, a ver se não encosto nas próximas jornadas.


PS2 – Porque se fala de “Elo mais fraco” e de dia 1 de Abril, fiquem com esta edição do dito cujo no dito dia, com uma Anne Robinson
simpática, algo que, para quem conhece a personagem, é tão comum como servirem caviar na Academia.


Comments:
Nahhh, a nossa equipa não tem elos mais fracos.

A menos que seja o Padilha, que ainda não contribuiu em nenhum jogo. Se bem que, em rigor, ainda não tenha ido a nenhum, também.
 
«A amiga da amiga que o melhor input que dá é: “Ah, não tinham dito que era não sei quê de cascata? Trouxe o facto de banho para nada...” ou o colega do líder da equipa que fundamenta sempre a sua opinião com “Epá, eu já vi um programa de televisão sobre isto” (quer se fale da cultura do repolho ou da armadura da Joana D’Arc).»

Quando reagem às sugestões da restante equipa, aí é que se revelam em todo o esplendor. Este diálogo é exemplificativo:

EMf - perem, perem, acho que sei...eu tenho isto no pc...
Q1 - (sem ligar ao anterior)digo Bartok?
EMf- (batento com a mão na mesa) É isso, bartok, acho que é isso..
Q2 - (como se não o tivesse ouvido) umm, deve ser mais tardio, vou pelo karajan meu...
EMf - (de olhos esbugalhados, agitando o indicador freneticamente na cara do porta-voz) Pois, pois, é esse, quase de certeza que é esse, diz esse, diz esse..

Entretanto, outra equipa responde, acertadamente, Bernstein, e a cascata não chega...

EMf - (levando as mãos à cabeça, com um esgar à jogador da bola) Ah, claro, eu sabia pá... ALBERT Bernstein, pois.. ainda há dias saquei cenas dele... esta era nossa...

Este episódio é verídico.
 
Espero que o EMf supracitado não tenha hábitos bloguistas...
 
Para lá da defesa do bem-estar psicológico do colectivo, os elos mais fracos têm, em regra, outra função não menos nobre e de grande utilidade prática: a marcação de pontos. Se isto fosse estudado, aposto que se verificaria uma correlação altíssima entre o elo mais fraco e o elemento que aponta as pontuações.

Não se infira daqui que o Fred é o elo mais fraco dos Cavaleiros. Pelo contrário, deve ser o único que está livre do apodo. No nosso caso, creio que essa identidade não é estável, mas variável. Vai sendo sucessivamente ocupada por aquele que a partir do primeiro terço do nível médio tem como maior contributo balbuciar uns disparates ébrios. Verdade seja dita que, ultimamente, o João tem demonstrado muito afinco na tentativa de ocupar perpetuamente o lugar.
 
Ó Joana, quem és tu? Com histórias dessas, já davas uma entrevista aqui à casa. mail to: hugogiloliveira@gmail.com
 
Pois é, a marcação de pontos: por isso é que o Alex lá está!
 
Oh Hugo, pergunta lá ao arruaceiro conspirador do Comboio quem é que toma conta das pontuações nos Zbroing. E ele que aproveite quando for aos arquivos de pontuações e que diga a toda a gente quantos pontos fizemos antes e depois de eu assumir brilhante e algo despoticamente, reconheço, o cargo de porta-voz.

Se esta gente soubesse o que custa mandar... enfim não me façam falar.
 
Obviamente que sou eu que tomo conta da pontuação. É uma tarefa delicada que não pode, de maneira alguma, ser deixada à mercê de qualquer cavalgadura. Aliás, se me permitem discordar, penso que é o cargo de porta-voz o perfeito para o EmF: Assim, fica caladinho enquanto as pessoas que interessam na equipa fazem o seu exercício mental, à espera que se chegue a um acordo, e depois tem apenas de repetir o que lhe foi dito. Desta forma, sente-se útil (coisa que não é). Nada que um animal bem treinado não pudesse fazer, no fundo. Um papagaio ou um chimpanzé.

Claro, há sempre o risco de a besta se enganar e passar a resposta errada: dizer 43 centímetros em vez de 42, por exemplo - e isto é apenas um "supônhamos", não quer dizer que se tenha passado na realidade.
 
Sérgio, eu já fiz perguntas ao Sr. Comboio, a quem, por tua conta e risco, e sem qualquer aprovação minha, chamas "arruaceiro". E já li as respostas, que acabei de publicar. Mandar é bom, ter o pescoço inteiro ainda é melhor.

Muito bem, Sr. Comboio, muito bem visto. Concordo entusiasticamente, é o porta-voz.
 
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