Friday, March 30, 2007

 

Jonas Salk

Apesar do que tenta passar a TVI os nerds já não são bem o que eram. Ou, por outra, são exactamente a mesma coisa, mas agora sabem promover a sua imagem. Já não vão só a festivais de cinema de ficção científica, vêem a bola com propriedade, chegam a fazer desporto, frequentam bares da moda, tocam em bandas. Isto é tudo muito evidente mas o nerd, o verdadeiro geek de outros tempos, já é demasiado raro. Um pouco como hippies ou rockabillies. Nada há de triste nisto, sobretudo no caso do desaparecimento dos rockabillies, mas é um fenómeno que merece ser acompanhado.

O aprimoramento da imagem do totó, no entanto, não é coisa de agora. Houve pioneiros com anos de avanço, que no caso português foram sessenta. Os músicos de jazz são os nerds da música. Cada vez que tocam não estão a fazer um conjunto, estão a competir, a entalar-se e sobretudo a provar que são muito mais rebuscados que o tipo que vai tocar a seguir. Desprezam violentamente a música do resto do mundo. São totós da mais fina estirpe. Imaginem o Hot Clube nos anos 40. Ainda sem concertos e com uma dúzia de sócios, a beber um copo na cave e a ouvir discos. Era o jazz a nascer em Lisboa, e é bonito. Mas que faz esta gente, dado que não estão a tocar? Inventam o mais exibicionista dos quizzes e chamam-lhe blindfold test. Adivinhar cada um dos músicos de um tema e o ano de gravação. Existe mesmo a lenda que havia quem adivinhasse o estúdio pelo som do piano. Os músicos de jazz são isto. Nerds tão disfarçados que inventaram o cool.

A grande artimanha foi dar a entender que existe uma utilidade para centenas de escalas e milhares de músicas na cabeça. A jam session é o expoente maior da totozice desta malta. Tenham alguma paciência e espreitem aqui toda a verdade sobre as jams. Ou pelo menos o ponto 2.The Musicians*. Depois tentem uma terça-feira no Hot Clube e só me poderão dar razão.

Estou pronto a combater o rótulo de inutilidade do nosso conhecimento de quiz. Servirá, para já, para provar que somos melhores uns que os outros e fazê-los morder o pó da derrota, e servirá para impressionar miúdas mais desprevenidas (para ganhar concursos de televisão não serve, aparentemente). Mas pretendo ser mais ambicioso e inventar-lhe (ao conhecimento inútil) uma utilidade ainda mais inútil que ele próprio. Tal qual o jazz.

* Como facilmente comprovam, a descrição do baixista não tem nenhuma ligação a pessoas que são baixistas.

Sérgio Gouveia

Comments:
isto ainda dá um livro...
 
o link das jam sessions é bestial.

««I.H.: Although your food and drink dollars are the lifeblood of the jazz economy, remember that to the musicians, you're irrelevant. Don't make requests. Don't start dancing. And don't try to sing along. The last thing the session needs is another ego. Things are complicated enough already»» -> se jogarem na equipa do jorge e do alex, sigam este conselho.
 
Nem todos os quizzers são tótós. Há quem, saudavelmente, raramente entre nos pontos e não tenha grandes ambições nisso. Basicamente, são como o público das jams, só estão lá para se divertir com os nerds. O que me deixa preocupada é outra coisa: não percebi este título. Geek code? Dos do quiz, dos do jazz?
 
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