Monday, February 12, 2007

 

Parecer do Leal Conselheiro n.º 1/2007

Data: 12 de Fevereiro de 2007

Do Pedido

Deu entrada em 8 de Fevereiro de 2007 um pedido de parecer por parte da equipa Cavaleiros do Apocalipse solicitando parecer do Leal Conselheiro, sobre a seguinte questão:Considerando que:

a) O jogo de Fevereiro será organizado pelo João Silva , ou seja, será o mês em que a organização compete aos Cavaleiros;

b) Que de acordo com o ponto 5 do art.º 15 do regulamento "Quando uma equipa organiza um jogo, os membros dessa mesma equipa podem jogar, mas não pontuam para o campeonato, nesse jogo.";

c) Que no art.º 14, é postulado que as pontuações a atribuir seguem este critério: " g) Sétimo e seguintes: Um ponto."

as equipas do organizador estão afastadas dos pontos abaixo do sétimo?

Da Decisão

Efectivamente o ponto 5 do artigo 15º do Regulamento aprovado em 19 de Janeiro de 2007 estatui claramente que perante a organização da própria equipa a mesma não poderá pontuar para o campeonato. Esta regra não fazia parte da proposta original, tendo sido proposta em fase posterior pela Comissão Organizadora.

Qual é pois o fundamento desta regra? Teremos forçosamente de concluir que o espírito desta regra é o de proteger a organização das suspeitas, muitas vezes infundadas, que se levantam sobre os jogos. Sobretudo quando a equipa em causa consegue uma boa prestação. Desse modo foi decidido que a equipa não pontuaria para o campeonato, o que jamais poderá suceder.

A natureza do ponto atribuído do sétimo lugar em diante tem uma natureza totalmente diferente. É um ponto distribuído equitativamente com um critério objectivo, isto, é, a presença da equipa. Não havendo qualquer motivo para suspeição na atribuição do ponto de presença não há qualquer motivo para retirar à equipa do organizador tal ponto, o qual é atribuído com mérito redobrado, já que a motivação dos outros pontos não está ao alcance.

A regra do n.º 5 do artigo 15º cede por exemplo também perante a vitória da equipa que participa no jogo, ou seja, a equipa, nos termos do regulamento, pode jogar e portanto ganhar. Pode receber o prémio do jogo nessa jornada. Pode ser considerada vencedora nessa noite. Simplesmente não pode é receber os 10 pontos inerente a esse lugar, os quais serão atribuídos ao segundo classificado e assim por diante.

Deve assim fazer-se uma interpretação restritiva do fraseado do artigo 15º, considerando que para efeitos desta disposição se entendem como pontos para o campeonato os pontos atribuídos entre o primeiro e sexto lugar da classificação geral. Aliás nos termos do preâmbulo ao Regulamento se diz que este serve o bem do jogo e não o contrário. Ora é de todo desejável que as equipas, clássicas ou não, se apresentem, a bem da competição. Recusar o ponto de participação que, repetimos, é um ponto objectivo, não estimularia em nada a participação no torneio.

Neste termos decide-se que deve ser atribuído um ponto de participação à equipa que organiza em cada jornada, caso esta se apresente para jogar. Decide-se ainda atribuir um ponto de participação à equipa Laranja Mecânica no presente campeonato, em virtude da presença desta no último jogo de Janeiro.

O Leal Conselheiro
Luís Nunes

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Comments:
Bem, lá teremos que arranjar maneira de um de nós ir jogar. Parece solidamente fundamentado.
 
Eu gosto de gajas

Manel
 
Não me parece correcto por dois motivos:
1º A equipa pode ter participado na sua totalidade na elaboração do jogo e saber as respostas o que desvirtua a competição.
2º Os elementos que organizam o jogo estão presentes, não a jogar, mas noutras funções pelo que merecem o pontinho uma vez que sem eles não há quiz para ninguem!
A opção de jogar deverá ser opcional e não pode penalizar a equipa que elabora o quiz que, repito, se encontra presente nas pessoas dos organizadores do mesmo. Seria o mesmo que considerar que o cozinheiro não esteve presente no jantar porque passou a noite na cozinha!
Enfim espero ter levantado o véu sobre o sexo deste anjo...
 
Outra forma de ver a situação:
1 ponto = presença no jogo.
0 pontos = falta de comparência.
Considerar que a equipa que fez o jogo faltou ao mesmo, estando lá a ler as perguntas, é absurdo.
 
Comunicado dos Cavaleiros do Apocalipse:

1 - Competindo à nossa equipa a organização do jogo de Fevereiro, resolvemo-nos pela participação da totalidade na elaboração do jogo - solução que não só nos permitiria apresentar um jogo potencialmente de melhor qualidade, como abriria espaço à participação efectiva de mais uma equipa inscrita, sabendo-se que neste momento as inscrições superam os lugares disponíveis para a competição;

2 - Face a algumas dúvidas surgidas quanto à interpretação dos regulamentos, nomeadamente quanto à atribuição de um ponto a uma equipa que simultaneamente organiza e joga, resolvemos solicitar ao Leal Conselheiro um parecer preventivo quanto a esta matéria;

3 - Agradecemos ao Leal Conselheiro a presteza e clareza com que respondeu à nossa solicitação;

4 - Registamos, uma vez mais, e como parece ser regra consuetudinária e não escrita, que todas as decisões tomadas pelos poderes instituídos do QdC, sejam organizativos ou fiscalizadores, vão contra os interesses e legítimas expectativas da nossa equipa;

5 - Aceitamos o parecer do Leal Conselheiro e as consequências que dele advêm. No entanto, julgamos que é susceptível de crítica e emana de uma equivocada apreciação do direito. Aduzam-se:

a) A letra do ponto 5 do artigo 15º do regulamento é claríssima: a equipa do organizador não pontua (dixit). Este parecer opta por uma solução jurídica em que não se encontra qualquer coincidência entre o espírito da lei e a letra da lei.

b) Contorna o Leal Conselheiro a letra da lei atribuíndo a esta um fundamento, a que chega através de uma conclusão (para mais forçada) da qual, pasme-se, não se apresentam as premissas.

c) Mesmo admitindo-se uma interpretação do espírito de uma norma cuja letra é tão inapelavelmente clara, não nos parece que esta seja a correcta: é nosso dever recordar que a presidir a essa norma esteve, ou, no mínimo, foi concorrente, a possibilidade de permitir a cada equipa que organizasse a jornada que lhe competia colectivamente.

d) E não, ou não apenas, a questão de a proteger de suspeitas, que o próprio Leal Conselheiro reconhece serem "infundadas".

e) Ou seja, ao mesmo tempo que se invoca servir o regulamento para proteger o jogo e não o contrário, opta-se por uma interpretação que se funda na existência de suspeitas infundadas. No nosso juízo, a cedência perante suspeitas infundadas não serve os interesses do jogo.

f) Para mais entrando-se em conflito, insolúvel e definitivo, com o direito de uma equipa organizar o jogo colectivamente, que fica ferido de morte - obrigando, para ser exercido, a equipa a prescindir de pontos. Entre uma legítima expectativa que poderia contribuir para melhorar a qualidade dos jogos e o receio de suspeitas infundadas, opta-se por proteger o segundo e desvalorar a primeira.

g) Caso a nossa tese fosse atendida, a regra do ponto 5 do artigo 15º não cederia, - e ao contrário do que afirma o Leal Conselheiro, certamente por distracção -, em caso de vitória da equipa. Pelo contrário, cede a regra do artigo 14º que atribui 10 pontos ao vencedor. E cede, única e exclusivamente, perante o articulado do artigo 15.

h) Para o campeonato não contam apenas os pontos obtidos pelos classificados até ao 6º lugar. Os outros são tão bons e tão acumuláveis como estes.

i) Finalmente, e no que consideramos um dos aspectos mais relevantes, adicione-se que a atribuição de pontos a partir do 7º lugar teve como fundamento, não premiar qualquer mérito desportivo, mas a de valorar a presença das equipas. O bem que se pretendeu proteger com essa norma foi, tão só e apenas, a assiduidade das equipas à competição. Ora, parece-nos um absurdo jurídico considerar que este bem fica ferido perante uma equipa que se presta a organizar o jogo. Se a equipa está presente, deve ser penalizada como se estivesse ausente?

5 - Ficam assim bem claras as razões da nossa discordância. No entanto, acatamos o parecer, e como foi, é e será sempre nosso apanágio nas inúmeras situações em que fomos, somos e, previsivelmente, seremos prejudicados na prática desta modalidade, sem qualquer tipo de acrimónia ou reserva. Sexta-feira lá estaremos a jogar, nem que reduzidos a um só elemento.

6 - Agradecemos, uma vez mais, ao Leal Conselheiro a emissão deste parecer que nos possibilita tomar, em tempo útil, as decisões que nos permitirão evitar a perda inglória de pontos.

Comunicado aprovado com 2 votos contra e 3 abstenções.
 
Muito me congratulo por ver que, finalmente, os meus colegas estão a trilhar o bom caminho: Os poderes instituídos sâo, de facto, um imenso cemitério onde se enterram todas as aspirações dos indivíduos sejam eles cavaleiros ou simples peões como eu.
 
À apreciação do leal conselheiro:
É possível jogar só com um elemento?
 
Rocaforte, vê lá se aprendes qualquer coisa:

««To describe an obligation as transcendent in my sense is not to endow it with some kind of oppressive force. On the contrary, it is to recognize the spontaneous disposition of people to acknowledge obligations that they never contracted. There are other words that might be used in this context: gratitude, piety, obedience -- all of them virtues, and all of them naturally offered to the thing we love.

What I try to make clear in my writings is that, while the left-liberal view of politics is founded in antagonism towards existing things and resentment at power in the hands of others, conservatism is founded in the love of existing things, imperfections included, and a willing acceptance of authority, provided it is not blatantly illegitimate. Hence there is nothing oppressive in the conservative attitude to authority.

It is part of the blindness of the left-wing worldview that it cannot perceive authority but only power. People who think of conservatism as oppressive and dictatorial have some deviant example in mind, such as fascism, or Tsarist autocracy. I would offer in the place of such examples the ordinary life of European and American communities as described by 19th century novelists. In those communities all kinds of people had authority -- teachers, pastors, judges, heads of local societies, and so on. But only some of them had power, and almost none of them were either able or willing to oppress their fellows.»»

««The refusal of people on the left to make this acknowledgement stems from their inability to accept external authority in any form, and from their deep down belief that all power is usurpation, unless wielded by themselves.»»
 
Anonymous said...

À apreciação do leal conselheiro:
É possível jogar só com um elemento?

Sim. Pelo menos se não fores dos Cavaleiros.
 
oh Hugo! Sabes muito bem que o autoritarismo não é uma coisa específica da direita nem da esquerda. Encontras esquerdas muito mais castradoras que algumas direitas (e vice-versa). O problema do autoritarismo está na castração de tudo o que vive. Tu só consegues por um toiro a puxar uma carroça se o castrares. Caso contrário ele vai atrás da primeira vaca jeitosa que encontrar! Assim é com os seres humanos. Para serem animais produtivos começas a domesticá-los com o medo, logo em crianças, até perderem todas as ilusões e terem como única aspiração sobreviver. E depois morrem tendo cumprido a sua função. Se leres Pessoa e Goethe eles falam disto. O mito de Fausto não é mais do que uma metáfora aos golden boys que venderam a juventude por 30 dinheiros e só reparam nisso quando já não há nada a fazer. Pessoa falou no cadáver adiado que procria.
O problema da autoridade está na nossa demissão que permite que pessoas doentes, que deviam estar a tratar-se, comandem os destinos do Mundo que é de nós todos. Jesus disse que um cego que guia outros cegos há-de conduzi-los para o primeiro barranco que encontrar. E eu concordo!
Como vês até aceito a autoridade das pessoas sábias. Só tenho pena é que esses normalmente são humildes e ninguém repara neles porque se estão nas tintas para a vã glória de mandar interferindo pouco na vida das sociedades que muitas vezes os condenam à miséria. Depois de mortos, quando já não chateiam, erguem-lhes estátuas e até lhes dedicam dias.
E assim vai o Mundo...
 
O Pedidos ao Leal Conselheiro devem ser assinados.

Podem enviá-los ainda para o email luistirapicosnunes@gmail.com

Obrigado.
 
Rocaforte, como avisava o Scruton (que eu citei e, desatento, me esqueci de referir) tu sofres dessa tendência pouco curável de confundir autoridade com autoritarismo. E o autoritarismo não é exclusivo da esquerda - infelizmente, como recentemente foi verificável, o que não falta são más direitas, nesse ou outros domínios.

Quanto ao mito de Fausto, não percebo o que te incomoda assim tanto. Eu sou a favor que um homem comerceie o que bem entender, desde que lhe pertença, inclusive os rins ou a alma. De qualquer maneira, agrada-me que aceites a bondade de algumas autoridades. E logo Dessa - dificilmente se encontrará melhor.
De resto, sem autoridade e ordem teríamos a anomia - e, fatalmente, as castrações.

Curioso que fales em Pessoa. No jogo que fiz para o Páteo Saloio, havia uma pergunta que consistia em identificar um texto dele:

"O anarquismo e o socialismo e o democratismo - todo esse lixo de teorias simpáticas que se esquecem que teorizam para a humanidade de carne-e-osso - foram divinizações da mentira, e da pior espécie da mentira - a mentira que se julga verdade."
 
Por estranho que te pareça concordo inteiramente com a frase. As ideologias são todas lixo jacobino saído da revolução francesa mas, as piores, são as que consideram ideológico aquilo que não lhes convem e natural aquilo que lhes é favorável. Essa é a maior das perversões: argumentar com a Natureza Humana, como se todos os Homens fossem um só!Que eu saiba há 6 mil milhões delas. Tambem é disso que fala Pessoa. Contra aqueles que, desde Platão até Hegel, querem meter ordem no Mundo(pensar é estar doente dos olhos!)Ele sabia bem o que era a Natureza Humana porque era muitos num só. O que quer dizer que não sabia! Um dia era Monárquico mas no outro dizia que se houvesse um referendo votava republicano porque os monárquicos portugueses eram miguelistas. E, se calhar, alguns ainda são o que prova que o homem, mesmo nos anos 20, estava 300 anos avançado em relação a nós.
Como vês Pessoa não te favorece. Escolhe outro. Não sei se sabes, mas em 30 e tal um anarquista apanhou o elétrico 28 em Campo de Ourique. Levava no colo uma bombinha para por no carro do Salazar! Esse atentado falhou. Não sei porquê. Se calhar o Salazar ficou em casa e não saiu nesse dia!. Como apanho muitas vezes o 28 dou comigo a pensar o que é que leva um gajo a por bombas. Não adianta nada e só dá força ao outro lado. As ideias numca vingam pela força. Pela sedução sim (que o diga Hollywood). De todos os modos só em Portugal é que um tipo com uma bomba apanha um elétrico para atentar contra o 1º Ministro (ou Presidente do Conselho como se dizia na altura). Parece um filme do Vasco Santana. Eram estes os anarquistas do tempo de Pessoa.
Resumindo: a autoridade é uma coisa artificial porque se fosse natural nâo precisava de se legitimar. E as formas de legitimação estão sempre a mudar: Deus, os desígnios do Príncepe ou, mais modernamente, o Povo (a velha cena do é preciso mudar alguma coisa!). O que é natural é óbvio e não se discute. Não se discute as estações do ano, o aparecimento de cometas,a sucessão dos dias e das noites, o movimento dos planetas. As coisas são assim porque são!É uma Ordem fatal imposta ao Homem que não pode fazer nada contra ela. Com a autoridade começou por ser assim só que os descobrimentos lixaram tudo porque mostraram que afinal havia várias ordens sociais sendo estas fruto da vontade Humana e ,portanto, podiam ser mudadas. O resto é História que já conheces. Um poeta zarolho escreveu no sec 16 "se todo o Mundo é composto de mudança troquemos-lhe as voltas que ainda o dia é uma criança". E é assim porque o Homem é livre. E esta liberdade é o bem mais precioso que se encontra à face da terra. Não a liberdade de comprar e de vender. Mas a Liberdade de Ser.

PS: um dia, quando fores famoso, autorizo-te a publicar estes nossos jogos de ping-pong.
 
Só mais um ponto. Considero que a autoridade dos mais velhos, tal como existia nas sociedades muito antigas, é uma coisa natural porque todos lá vão chegar (em princípio). Nessas sociedades imperava o valor de uso e os mais velhos sabiam fazer as coisas. Daí terem o nome de Mestres ou Artistas. Os agrupamentos humanos eram pequenos e as decisões importantes eram tomadas pelo conselho de anciãos. Não havia políticos profissionais. As decisões "políticas" eram tomadas por tipos que sabiam fazer coisas. As mãos eram mais importantes do que a língua! Os tipos bem-falantes eram o cinema da altura: contavam histórias mas não tinham nenhum previlégio especial a não ser o de dar alegria a todos! Os jovens eram aprendizes e sabiam que, um dia, tambem teriam de tomar essas decisôes.
Sabes o que é que destruiu isto?. Aquilo que tu gostas! A abertura de mercados. Ao tornar-se mercantil a sociedade passou a valorizar o valor de troca em detrimento do valor de uso.E todo o esquema ruiu. Os velhos foram afastados em favor dos jovens porque estes dominam a inovação e como o valor principal passou a ser o lucro o que interessa agora é acelerar a tecnologia. E foi aqui que apareceram os parasitas da palavra, vendedores da banha da cobra, cuja função é convencer o pessoal que há orgulho na condição de escravo! E são muito bem pagos por esse trabalho!

ELES VIVEM. NÓS DORMIMOS!
De quem é esta frase oh Hugo?
 
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