Wednesday, January 24, 2007

 

O morcego da discórdia

Nas próximas horas, este blog publicará novos desenvolvimentos sobre a polémica "Batman". Afinal, quem desenhou este senhor ali ao lado? Quem tinha razão? O Papa Júlio ou a facção infanto-juvenil dos heróis em cuecas, o mais poderoso lobby do mundo quizzistico?

Revelações surpreendentes, num trabalho de investigação que está a ser ultimado.

Comments:
esse senhor ali ao lado não é o Batman.

Estava a deixar esfriar as ideias por uma semana, para não ser muito contundente nas críticas ao quiz do Papa, mas vamos então antecipar a polémica por um dia.

O Papa Júlio errou por três vezes, nas três perguntas sobre BD que fez. Pela amostragem, pode dar ideia de como o quiz poderá ter sido...

Avançamos então, com algum método:

A) Quantos álbuns do Tintin?, pergunta o Papa. 23, respondem os Mineteiros-SHIELD, e ficam com os pontos.
Ooops.
Com qual é que não contaram?
Quem quiser saber um pouco mais, procure uma das mais recentes edições originais e veja a contracapa. Está lá 24, não está?
Bem me parecia.
Ou então podem ir ao insuspeito site oficial (tintin.com), ir à listagem de aventuras e ver as lombadas...
oops? estão numeradas e são 24?


B) Que personagem foi criado por Lee Falk? A resposta Fantasma vale ponto, pois então.
Oops.
Não há página oficial para Lee Falk, mas vale a pena procurar no site da King Features Syndicate (www.kingfeatures.com), que é a agência que tem os direitos do Fantasma. Que é realmente do Lee Falk. Mas que também tem os direitos do Mandrake.
Que - ooops - é do mesmo autor e mais antigo ainda.
Mais exactamente, de 1934.
Então, se alguém respondesse ao Papa Mandrake, ele contava errado, "porque não era essa a resposta que eu tenho no cartão e essa é que vale".


C) Aquela macacada que está ali é um desenho de um cromo que alegava ser o inspirador do Batman.
Frank Foster, que terá desenhado aquilo em 1932 e o tentou vender às agências e revista.
Ninguém lho comprou. E mais tarde veio dizer que até foi plagiado.
A pergunta do Papa era "que personagem foi criada em 1932 por Frank Foster, apesar de só ter sido publicada em 1939?".
Nada daquele senhor foi publicado em 1939, que eu saiba.
A fonte oficial a questionar seria a da editora, DC, mas tem pouca informação histórica - estamos a falar de net, apenas.
A melhor alternativa é o consensual dcuguide.com, onde o u é de unofficial.
confiram a página Batman, sff.
http://www.dcuguide.com/who.php?name=batmanga
oops, está lá Bob Kane e Bill Finger não está?

A+B+C chega para eu ter mais que dúvidas sobre a capacidade do Papa para conferir respostas a perguntas.

Outras dúvidas, que partilho com vários jogadores com quem falei, é se o Júlio sabe mesmo distribuir as perguntas pelos graus de dificuldade.
Penso que não, não sabe.
Só joguei o nível 2, porque cheguei atrasado e depois fomos eliminados, mas deu para ver como na prática, e por aquela ordenação, havia "filhos" e "enteados".
Por exemplo, a equipa da posição 5 teve "abébias" atrás de "abébias". E a equipa da posição 8 foi pura e simplesmente "um cristo".
Qualquer equipa - repito, qualquer - que jogasse na mesa em que os Ursinhos jogaram era inexoravelmente eliminada no nível 2.
Desmotivante, não é?
Pensava que todos nós tínhamos aprendido com os erros de 2006 e que o campeonato ia começar com mais rigor. Mas não. O Papa, arranca a edição de 2007 com um jogo inferior ao que fez no ano passado. Mais trapalhão e mais mal gerido.
E preguiçoso. Com imensos sinais de perguntas recicladas de outros jogos, ou de perguntas tiradas de bases inglesas ou norte-americanas. Mais adequado a jogar-se num bar de Londres que na Ajuda.
E tão, mas tão mal construído... não há fair-play que aguente ver-se uma pergunta dar a volta a sala (para uma das equipas martir), e depois sair da cartola mais um Sousa Veloso (para uma das afortunadas).
É tudo por hoje senhores espectadores, despeço-me com amizade...


FB, um dos do lóbi das cuecas
 
E este, também é o Batman?
http://batcomics.com/images/Wolverine%20mini%20bust.jpg
as orelhinhas são iguais...

FB
 
"Só joguei o nível 2, porque cheguei atrasado e depois fomos eliminados, mas deu para ver como na prática, e por aquela ordenação, havia "filhos" e "enteados".
Por exemplo, a equipa da posição 5 teve "abébias" atrás de "abébias". E a equipa da posição 8 foi pura e simplesmente "um cristo"."

Deixa-me esclarecer-te algo, a ti e aos demais visitantes deste blog: estar a alegar que o Júlio nos favoreceu, mais do que ser uma afirmação injusta para com o Júlio, porque acredito na sua imparcialidade (já perdi mais do que um quiz no extinto Quiz Bar devido a questões técnicas para ter essa opinião sobre ele, para além de ter sido presenteado, juntamente com os meus colegas de equipa, por uma série de perguntas "do arco da velha" no quiz por ele organizado no campeonato de 2006), é estar a tirar mérito à prestação da minha equipa, os Mineteiros (que foram S.H.I.E.L.D durante escassos 6 minutos...). Nós terminámos em 3º lugar, com toda a justiça; fizemos um jogo muito bom, bastante acima da nossa média.Não vou permitir que se atire areia para os olhos de quem assistiu à nossa prestação, ou a quem apenas soube dela através deste blog informativo.

Parece-me um pouco "forçada" a ideia de que o Júlio saberia de antemão que a minha equipa se ia sentar na mesa 5, e que desse modo alteraria a ordem das perguntas para deliberadamente nos favorecer.
Até sexta-feira ao meio-dia, não se tinha a certeza quanto ao nº de participantes que o jogo que iria decorrer essa noite iria ter.Como poderia o Júlio antecipar em que mesa estaríamos, e de que forma seria ele capaz de coordenar as perguntas mais "acessíveis", se não fazia ideia do nº de particiapntes que o jogo teria? Bastaria a entrada de uma equipa de última hora, para o seu esquema de favorecimento da minha equipa, como parece que estás a alegar (e eu quero acreditar que não) desabar como um castelo de cartas.
Tal como também me parece forçada a ideia de que os Ursinho, que jogaram na mesa 8, foram premoditadamente prejudicados. Sim, concordo que é altamente frustrante participar na 2ª ronda e receber como "prenda" perguntas aparentemente impossíveis de se responder; no entanto, no decorrer do campeonato de 2006, penso que todas as equipas foram "prendadas" com 3 a 4 perguntas que eram claramente desadequadas para o nível em questão. A minha equipa por mais do que uma vez no ano passado viu-se confrontada com questões a que não soube responder e que "deram a volta ao Mundo"...e nunca viemos a público fazer queixas.
Eu concordo que cada organizador deva ter em conta o grau de dificuldade das perguntas quando as decide separar pelos três níveis de dificuldade, e que deva ter a sensatez de verificar por várias fontes as respostas das perguntas que decide colocar. O que não devemos é fazer do Júlio bode expiatório disto: se ele errou (como o provaste recorrendo apenas às questões envolvendo a 9ª arte), outros o fizeram antes dele. Não sei se alguém que alguma vez tenha organizado um quiz de cascata possa vir a público e afirmar que tinha a certeza absoluta que, em cada uma das mais de 170 questões que colocou em jogo naquela noite, podia colocar as mãos no fogo pela segurança que tinha nas suas respostas.

Quanto aos erros por ti apontados: no 1º, em relação aos albuns do Tintin, eu estava algo reticente em dar a resposta, por uma razão simples: são cerca de 23 as aventuras "oficiais" de Tintin: Tintin no país dos Soviéticos; Tintin no Congo; Tintin na América; os charutos do faraó; o lótus azul; a orelha partida; a ilha negra; o ceptro de Ottokar; o caranguejo com as pinças de ouro; a estrela misteriosa; o segredo do unicórnio; o tesouro de Rackhan o vermelho; as sete bolas de cristal; o templo do Sol; Tintin no país do ouro negro; Objectivo:Lua; Aterragem na Lua (ou exploradores da Lua); o assunto Tournesol (L´Affaire Tournessol); os tubarões do Mar Vermelho (Coke en Stock); Tintin no Tibete; as jóias de Castafiore ( o único album "anti-aventura" da série, tratando-se isso sim de uma comédia de erros); Vôo 714 para Sidney; e Tintin e os Pícaros. São cerca de 23 os livros oficiais da série Tintin. O livro "Tintin e a arte Alfa" ... não chegou a ser terminado por Hergé, e como este deixou por escrito que ninguém deveria concluir este último trabalho, não se pode considerar como sendo um álbum de Tintin completo. A crítica assim o diz, e tanto o site oficial (www.tintin.com), como um dos (senão "o") mais credíveis sites "não oficiais" do personagem (http://www.publispain.com/tintin)o confirmam. Esta pequena particularidade passou-me na cabeça quando estávamos a debater qual a resposta adequada a dar, mas decidimos ir pela contagem oficial. Se o quiz de cascata fosse um jogo no qual pudéssemos exprimir dúvidas claras em relação a questões nas quais sabemos serem passíveis de serem consideradas dúbias ou alvo de discussão algumas respostas, teríamos alertado o organizador ou a comissão organizadora disto;mas como nestes jogos aquilo que interessa às outras equipas é que o jogo prossiga o mais rápido possível (e nisso os Fosseis Paleocêntricos, os BMV e os Cavaleiros são particularmente incisivos), considerarmos dar a resposta que nos parecia ser a mais acertada e acatar eventuais críticas ou vozes discordantes da decisão do Júlio. Ora, como nem tu, Filipe (presumo que sejas tu) nem o Rogério, nem nenhum outro jogador se manifestou pensei "bem,ou sou o único a saber desta nuance, ou então os outros também sabem disto e consideram a resposta como certa".

Quanto à questão da resposta dada à questão "Que personagem foi criada por Lee Falk?". Aqui, considero que o Júlio formulou mal a pergunta.De facto, é indismentível que Leon Harrison Gross (aka Lee Falk) criou mais personagens para além do Fantasma, como por exemplo o Mandrake, como tu bem mencionaste, mas também o devil (o lobo do fantasma), o Guran (o chefe da tribo Bandar,amigo do Fantasma), Diana (a mulher do Fantasma) e muitos mais. Logo, tinhas razão em aludir ao facto da pergunta estar mal formulada. Eu concordei contigo, e disse-o em voz alta, protestando com a forma como o Júlio colocou a questão; no entanto, o Fantasma é (de longe) a personagem mais famosa e que maior impacto teve na indústria, primeiro como comic strip, depois em formato de BD. O Mandrake nunca teve um impacto tão significativo como duradouro quando comparado ao Fantasma.
Eu considero o Lee Falk como o grande percussor da indústria dos comics; ele esteve presente ao nascimento de uma nova era: a dos super-heróis, juntamente como o recentemente falecido Will Eisner. A forma como ele desenhou o Fantasma, num uniforme de lycra (inspirado, por sua vez, na personagem de Robin Hood, que usava collans) esteve na génese da criação dos uniformes dos super-herois que pouco depois povoavam a DC Comics e a Marvel Comics (na altura, Timely Comics); o facto de os olhos do Fantasma estarem ocultos por baixo da sua máscara (e de nos desenhos não se vislumbrarem as suas pupilas), dando-lhe um olhar inumano, veio a ser largamente copiado nos anos seguintes (o próprio Batman, criado em 1939, já era desenhado com essa mesma característica, assim como o Homem-Aranha,nos anos sessenta, e o Volverine, nos anos 70, para mencionar alguns.).Logo, aqui o que se passou, a meu ver, foi de uma pergunta que foi mal formulada.

Em relação ao Frank Foster ser o criador do Batman...bem, aqui não há nada a dizer: Bob Kane criou o aspecto da personagem, Bill Finger o argumento (e depois ajudou o Bob Kane a definir o aspecto inicial com o qual o Batman seria lançado, na revista Detective Comics nº27). Ou seja, ao invés daquilo que aconteceu a Bob Kane, que viu o seu nome ser consagrado, o homem que realmente deu o formato pelo qual o personagem seria consagrado (Bill Finger) caiu no anonimato. O Júlio, provavelmente, retirou algumas referências da net que atestam Frank Foster como o homem que concebeu os traços gerais do personagem. A própria wikipédia (cuja credebilidade tem aumentado dia após dia, muito graças à nova política revisionista que resolveram implementar) diz que "Apesar de oficialmente creditado a Bob Kane, os desenhos de Frank Foster II, artista ligado à indústria de publicações de Nova Iorque na década de 1930, foram considerados autênticos pela DC Comics". Penso que terá sido por aqui que Júlio terá sido induzido me erro.





Eu raramente me pronuncio neste blog, pois primo sempre por tentar ser discreto e não incendiar os ânimos.Apenas o fiz porque estava em causa o mérito da nossa prestação, um muy honroso 3º lugar, que poderia muito bem ter sido um 2º, havendo-o perdido na última cascata. Nós liderámos o jogo até meio da 3ª cascata; isso não se deveu a nenhuma cabala contra a "verdade desportiva". Foi um jogo muito disputado, com os Cavaleiros a fazerem uma parte final muito forte e a merecerem a vitória, mesmo estando reduzidos a 4 (alguém deu pela falta do João Silva nas últimas 6 perguntas?).
Ao contrário do que muita gente (provavelmente) terá pensado, não acusámos a saída dos 2 elementos que maior impacte têm no mundo do quiz lisboeta : Júlio Alves e Nuno Vitoriano
. Soubemos fazer das fraquezas forças e conseguimo-nos "reagrupar" e redefinir a nossa estratégia e traçar os objectivos da equipa, isto num intervalo de 48 horas, desde o momento em que nos foi dado a conhecer (no quiz da Barraca) que estes 2 elementos haviam recusado prosseguir na nossa direcção e optado por mudar de ares, constituindo a sua própria equipa (mas disso falarei numa outra altura) até ao momento que o quiz de cascata começou. Penso que não nos saímos nada mal. O jogo foi atípico...mas não tanto como algumas equipas gostariam que tivesse sido, para poderem explicar resultados menos conseguidos.
Nenhum quiz de cascata no qual tenha participado foi isento de polémica; este último foi apenas mais um.Interessa sim tirar ilações disto, propôr alterações ao regulamento (por exemplo, a equipa à qual é colocada uma questão, se souber na altura que a dita questão é dotada de alguma particularidade ou especificidade não referida pelo organizador do jogo, deve, de uma forma rápida, dar a conhecer ao organizador ou à comissão organizadora da existência da supracitada especificidade), e esperar que quem organize o jogo pesquise e procure assegurar-se da certeza das respostas que coloca em jogo.

Por fim, um apelo que lanço a todos: mais "fair play", e tentem adoptar um comportamento mais...cívico, e menos infantil. Pelo menos, durante o decorrer do quiz de cascata.Por mim, podem continuar a ser infantis fora das instalações onde decorre o jogo.

Cumprimentos de um companheiro do "lobi das cuecas", como tão bem o referiste.

Pedro, dos Mineteiros
 
faço questão de explicar uma coisa, que pelos vistos terá ficado mal explicada:

Não há a mais pequena insinuação de que uma equipa concreta foi beneficiada ou que outra foi prejudicada.
O que eu disse, e agora tento explicar melhor, é que o Júlio distribuiu mal o a dificuldade das perguntas, e quem se sentasse numa mesa, ou noutra, seria claramente beneficiado, ou prejudicado. QUALQUER que fosse a equipa.
Ou seja, os Bobós não foram prejudicados por serem os Bobós, mas porque tiveram o azar de se sentar na mesa 8...
Isso não faz do Júlio um batoteiro. O jogo é que foi muito, muito mal distribuído, mal "fabricado".

Claro que os Mineteiros fizeram um belíssimo jogo. Beneficiaram de algumas perguntas absurdamente fáceis, mas tiveram também mérito em várias outras. Espero que mantenham o nível e se intrometam mais vezes no top-6. (tal como os Zbroing).

E para acabar:
O Lee Falk não desenhou o Fantasma, só o escreveu. Quem o desenhou (de início) foi o Ray Moore. Quanto ao Mandrake, foi desenhado pelo Phil Davis.
Sinceramente, os dois são muito famosos e é difícil escolher entre um ou outro.
Faz-me lembrar uma pergunta do Papa Julio, no bar:
"qual a obra mais conhecida de Robert Louis Stevenson?". Ele tinha A Ilha do Tesouro. Mas é mais conhecida que o DrJekyll e MrHyde?

FB
 
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